quarta-feira, 16 de novembro de 2016

A Argentina se aproveita da irresponsabilidade de um jornalista. E apela para um velho truque. A greve do silêncio. Covarde recurso que Brasil, Itália e França já usaram quando estavam pressionados, cobrados...

A Argentina se aproveita da irresponsabilidade de um jornalista. E apela para um velho truque. A greve do silêncio. Covarde recurso que Brasil, Itália e França já usaram quando estavam pressionados, cobrados...




"Lavezzi está fora do banco de reservas amanhã. Por causa do cigarro de maconha que fumou ontem na concentração? Pergunto...Só pergunto... Esta acusação gravíssima foi feita pelo jornalista argentino Gabriel Anello. Ele trabalha para a rádio Mitre, a mais importante da Argentina. Anello escreveu o twitter na véspera do jogo contra a Colômbia. O time de Edgardo Bauza venceu por 3 a 0, com excepcional atuação de Messi. O time saiu de campo aplaudido em San Juan. A expectativa generalizada era esperar a confirmação se nos próximos jogos em casa a Argentina iria usar o Bombonera, o alçapão do Boca Juniors, como sua casa até o final das Eliminatórias. Mas nem se tocou no assunto. Lionel Messi entrou na sala de imprensa com todos os jogadores. Lavezzi estava ao seu lado, com uniforme, escudo da AFA no peito. E o melhor jogador do mundo anunciou o rompimento do time com os jornalistas argentinos. "Boa noite, preferimos dar a cara antes de dar um comunicado porque não temos de nos esconder de ninguém. Estamos aqui para comunicar que tomamos da decisão de não falar mais com a imprensa, vocês sabem o porquê. Recebemos muitas acusações, muita falta de respeito, mas o que sobrepõe a tudo é a acusação que fizeram ao Pocho [Lavezzi]. Muita gente acredita em tudo que se diz e preferimos romper com tudo isso de uma vez. Lamentamos que tenha de ser assim, mas não nos sobra outra oportunidade. Muitos de vocês não estão nesse jogo de falta de respeito, mas se meter na vida pessoal dos outros é muito grave. Vão seguir nos matando e vão seguir dizendo um monte de coisas, como vem acontecendo, apesar de que não vamos ser mais tolerar e não mais participar de tudo isso. Sem mais, saudações" Messi falou e abandonou a sala de imprensa. Lavezzi informou no twitter que processará o jornalista. O atacante que atua no Hebei China Fortune foi claro. "Comunico que vou iniciar uma ação legal contra Gabriel Anello por suas falsas declarações contra minha pessoa. Pelos graves danos que geraram a minha família e em meu trabalho." Bauza avisou que continuaria falando com os jornalistas. Mas apoiava a postura dos atletas.

"Falei com os jogadores e foram eles quem decidiram (pela greve de silêncio). Foram duas semanas de agressões (dos jornalistas) fora do âmbito do futebol. Foi além de jogar bem ou mal. Quando as agressões superam o esportivo, algo tem de acontecer. A mim também me cortaram em pedacinhos. Mas tudo bem, estou acostumado a isso. "Os jogadores vinham falando. Não é de agora. Eu apoio a decisão deles. Acertamos que só seria eu quem falaria (daqui por diante) com os jornalistas. "É um grupo extraordinário. Dividem tudo. Para mim é uma tranquilidade. Nunca senti que os jogadores não me apoiavam ou teriam problemas com a minha filosofia. Isso aconteceu desde o primeiro dia." Bauza deixou muito claro que estava magoado com os jornalistas. O time não o rejeitou, como vários veículos de comunicação argentinos garantiam. E, principalmente, que apoiará a greve do silêncio. Ela não tem tempo determinado para acabar. A situação não é tão complexa como parece. A irresponsabilidade de Anello foi apenas a desculpa que Messi e seus companheiros tanto ansiavam. A Argentina faz uma campanha indecente nas Eliminatórias. É apenas a quinta colocada. Em 12 partidas, venceu cinco partidas, empatou quatro e perdeu três jogos. O time segue irregular. Depois da péssima partida contra o Brasil, venceu a Colômbia em casa. A imprensa local não tem perdoado o fraco desempenho. As críticas são tantas que já fizeram Messi afirmar que desistia de jogar pelo país. Ele vinha de três derrotas seguidas em decisões da Copa do Mundo de 2014 e das Copas América de 2015 e 2016. Era o foco de todas as críticas. Mas sobrava munição contra Higuain, Mascherano, Aguero, Dí Maria, Romero. Quanto mais os jornalistas criticavam, a torcida ficava decepcionada, os jogadores se revoltavam.

Tudo o que esperavam era uma desculpa para se calar. Surgiu e logo depois de derrotar os colombianos, decidiram comprar a briga. É mais fácil. Esse truque é velho. E já foi utilizado pela própria Seleção Brasileira, pela Itália e pela França. Em 1973, o Brasil fez uma excursão pela Europa. O time jogava cada vez pior. As críticas cada vez mais pesadas. Até que veio uma derrota derrota para a Suécia. Leão articulou e os jogadores de Zagallo redigiram o que ficou conhecido como Manifesto de Glasgow (nome da cidade escocesa onde o time se encontrava). "Considerando que uma considerável parte da imprensa vem sistematicamente divulgando falsas notícias, deturpando fatos, forjando situações e publicando irreais acusações contra diversos componentes da delegação brasileira, inclusive nós, jogadores, decidimos, até quando se modifique o atual procedimento da imprensa, não mais concedermos entrevistas ou prestarmos informações, coletiva ou individualmente, a qualquer órgão da imprensa escrita, falada ou televisada." O jornal O Estado de São Paulo comprou a briga. E passou a omitir de suas páginas os nomes dos jogadores. A escalação da equipe que enfrentaria a Escócia foi divulgada de maneira origina. "Goleiro do Palmeiras, lateral direito do Corinthians, zagueiro central do Palmeiras..."

A situação foi resolvida em poucos dias, graças à intervenção do comando da então CBD. João Havelange ordenou a Zagallo acabar com aquilo. E todos os jogadores voltaram a falar. Mas a relação com os jornalistas não seria a mesma. E prejudicou demais a equipe em 1974, tornando o ambiente insuportável. Teve o peso, no entanto, de ser algo comum. Uma arma a ser utilizada a cada série de fracassos do Brasil. Em 1985, o Brasil perdeu pela primeira vez para a Colômbia, em um amistoso em Bogotá. Evaristo de Macedo organizou uma greve de silêncio dos jogadores. Foi demitido três dias depois.

A Itália tomou essa atitude em 1982. O time era muito criticado. Jogava mal. Empatou os três primeiros jogos na primeira fase. Com Polônia, Camarões e Peru. Ainda havia a sombra de corrupção. Atletas haviam combinado resultados no Campeonato Italiano. Entre eles, Paolo Rossi. Chegou a ser suspenso por três anos. A pena foi diminuída para dois e pôde disputar o Mundial da Espanha.

Depois da péssima primeira fase, o time engrenou. E venceu a Copa. Fazendo o inesperado. Derrotando Polônia, Argentina, Brasil e Alemanha Ocidental. Neste jogos já imperava o "Silenzio Stampa" (silêncio para a imprensa). Só apenas Dino Zoff, o capitão, dava entrevistas.

Campeões, voltaram a falar.

Caso parecido e exemplar aconteceu na França, em 1988. Cansado do que chamava de perseguição do maior jornal esportivo da França, o L"Equipe, o treinador Aimé Jacquet prometeu e não deu entrevistas para o diário. Nem mesmo depois de conquistar a primeira Copa do Mundo para o seu país. A expressão "Je ne pardonnerai jamais" ("Eu nunca perdoarei") ficou famosa. Ele teve sua vingança. Os editores do jornal foram demitidos após a conquista.

Times e jogadores brasileiros recorrem à greve do silêncio.

Virou um recurso comum.

Edmundo adorava se vingar por críticas pelas confusões que arrumava.



Neymar não está falando na Seleção.

Não gostou de ser cobrado durante a Olimpíada.

A função da imprensa é noticiar, analisar, elogiar e criticar.

Jogadores e técnicos sabem muito bem disso quando escolhem suas profissões.

O que Anello fez foi gravíssimo.

Não foi jornalismo.

Perguntou se a maconha teria afastado Lavezzi da Seleção.

É algo diferente.

Se mentiu, foi um crime.

Merece o processo.

Acuado, ele diz ter provas.

Que as apresente.

Ou seja condenado.

Vale lembrar que Lavezzi não estava sozinho.

Musacchio e Buffarini também foram cortados do banco.

Não estavam no grupo que enfrentou a Colômbia.

Na prática, Anello fez o que Messi e os companheiros queriam.

Foi o exagero que deu a liberdade para se calassem.

Não explicassem vitórias e as derrotas, o fraco futebol.

Escolheram depois de uma vitória, muito comemorada.

Para atirar a opinião pública contra os jornalistas.

Truque velho.

E que precisa ser explicado nos seus detalhes...


   

Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 16 Nov 2016 12:30:57

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