terça-feira, 22 de novembro de 2016

A sombra de Rogério Ceni está forte demais. Deixa ainda mais inseguro Leco. O presidente não sabe se cumpre a palavra e mantém Ricardo Gomes, apesar dos vexames. Ou busca mais votos na eleição de abril, apostando no imprevisível ídolo...

A sombra de Rogério Ceni está forte demais. Deixa ainda mais inseguro Leco. O presidente não sabe se cumpre a palavra e mantém Ricardo Gomes, apesar dos vexames. Ou busca mais votos na eleição de abril, apostando no imprevisível ídolo...




Carlos Augusto Bastos e Silva é um dirigente inseguro por natureza. Toda a cúpula do São Paulo tem essa plena convicção. Juvenal Juvêncio a tinha. Por isso o deixou para trás várias vezes, quando chegou a vez dele assumir a presidência. As experiências comandando o futebol do clube foram incoerentes, inconsistentes para a importância do cargo. Colecionou inimigos e desvalorizou patrimônios do clube, que o odeiam, como Muricy Ramalho. Só o acaso entregou a presidência são paulina. Se não fossem as denúncias de corrupção, Carlos Miguel Aidar ficaria dois mandatos no cargo. E também não queria Leco como seu sucessor. Os dois mal se falavam. Se suportavam por política. Aos 79 anos, o dirigente sonha com a reeleição. Mas se vê cercado por insatisfação. As suas duas únicas convicções no futebol se mostraram dois fracassos. Ricardo Gomes, o treinador poliglota, que domina inglês, espanhol e francês, não consegue se fazer entender pelo time. A grande alegria nas suas mãos foi fugir do rebaixamento. A equipe está para fazer a pior campanha da sua história no Campeonato Nacional. Fora ter sido eliminada da Copa do Brasil por um time da Terceira Divisão, o Juventude. A segunda aposta pessoal foi em Denis. O presidente bateu no peito e garantiu que era "seu goleiro". E deu no que deu. Ele é um atleta muito esforçado, trabalhador, líder. Mas com futebol fraco para ser titular do São Paulo. Ele colecionou falhas ao longo de 2016. Transmite palpitações ao time, ao torcedor, aos dirigentes. E faz tremer seu padrinho, Leco. Desde 2008, o clube, que era exemplo de gestão, só venceu um mísero título. A desvalorizada Sul-Americana. Em oito anos, as decepções se acumulam. Times são formados e campeonatos terminam de forma deprimente, como esse Brasileiro.

O fracasso de Ricardo Gomes atinge direto Leco. E ele não sabe o que fazer. Após cada partida diz uma coisa para seus companheiros de diretoria. O presidente do São Paulo age como candidato, que é, à reeleição. O pleito está marcado para abril de 2017. E quando é cercado por conselheiros, dá a "versão do dia" do que pensa para o futebol, em 2017. Como um instituto de pesquisa, analisa a reação dos donos dos votos. E ouve, antes de falar. Para saber se querem ouvir a favor ou contra Ricardo Gomes. A situação é constrangedora. Os conselheiros percebem que ele não sabe o que fazer. E ao mesmo tempo, cresce a sombra de Rogério Ceni.

O maior ídolo do São Paulo tem mais neurônios que o Morumbi lotado. Ele sabe que o momento é dele. Tem sido de uma persistência tão silenciosa quanto cruel. Ainda mais depois de ter feito o primeiro módulo do curso da Federação Inglesa de treinador de futebol. Ceni já fez um rápido estágio com José Mourinho e Pep Guardiola, quando esteve contundido, em 2012. Fora a sua longa de 25 anos e 1238 partidas com a camisa do São Paulo. Fora as convocações para a Seleção. Ceni conviveu com os melhores treinadores deste país nas últimas décadas. Desde Telê Santana, Muricy, Felipão, Parreira, Zagallo, Paulo Autuori, Cuca e muitos outros. Fora o colombiano Osório, de quem gosta muito. Rogério Ceni não fala explicitamente. Age como um enxadrista. Não se expõe. Nas raras entrevistas que deu desde que parou de jogar, não diz nem sim e nem não sobre assumir o São Paulo em 2017. Não diz que está preparado. E muito menos afirma não estar. Deixa no ar. Mas suas fotos ao lado de treinadores consagrados, não foram parar nas suas redes sociais à toa. São uma forma de pressão. Mostram que ele se preparou com os melhores. Se julga pronto para comandar o futebol do São Paulo. A mensagem é sutil... Quem o conhece, como Marco Aurélio Cunha, sabe que ele não quer começar na base. Treinando garotos. Não é o seu perfil. Ainda mais sabendo do fraco potencial da maioria dos técnicos deste país. Ceni deseja treinar o time principal do São Paulo. Também não tem personalidade para ser mero auxiliar de Ricardo Gomes, como foi aventado pelo inseguro Leco. Gomes não é bobo. Pelo contrário, é muito inteligente. Tem a consciência de que cada vitória seria influência de Ceni. E as derrotas seriam todas suas. Ou seja, caso aceite Ceni como seu auxiliar seria como um suicídio lento. O melhor para o momento do treinador é ver Leco cumprindo a palavra de deixá-lo montar o time para 2017. E seguir sozinho. Sem ter Rogério a seu lado. É uma questão de também ser estrategista. Diante da insegurança de Leco, Ceni tem defensores muito fortes. O diretor de futebol José Jacobson Neto e o vice-presidente de futebol José Alexandre Médicis o levaram como um troféu para assistir a primeira semifinal da Copa do Brasil sub-20. Há 13 dias, ele estava no Morumbi. "Disfarçado" com um boné. Entre os dois dirigentes conversou muito, observou jogadores, comentou sobre a partida.

A postura de Jacobson e Médicis é aberta dentro do Conselho Deliberativo. Ambos querem Rogério Ceni como novo treinador em 2017. Melhor escudo não há. Na visão da dupla, ele traria frescor, nova energia. Grande esperança. Leco olha para as narigudas estatuetas e retratos de Ceni no Morumbi. Depois conversa com Ricardo Gomes. Fica eufórico com o 4 a 0 contra o Corinthians. Entra em depressão depois da derrota por 2 a 0 para a Chapecoense. Seus sentimentos são como uma montanha russa. E seu pensamento fixo está na eleição de abril. Qual aposta valerá mais votos? Manter a palavra e dar a Ricardo Gomes a oportunidade de montar o seu time? Mesmo com a campanha vergonhosa no Brasileiro, onde o time namorou a sério com o rebaixamento? Ou apostar na inexperiência de Rogério Ceni? Mesmo com medo de sua intransigência? O maior ídolo do São Paulo tem sido de uma crueldade exemplar. Ele conhece profundamente Leco. Sabe de sua insegurança. E também conhece profundamente a sua força. Não é o maior ídolo do São Paulo sendo ingênuo. Leco age como um torturado. Sem saber que rumo tomar. Pior para o time que acaba mais um Brasileiro constrangedor. E já compromete o futuro. O São Paulo perde tempo. Restam 39 dias para o ano começar.

E o clube está travado em uma encruzilhada.

Não sabe que rumo tomar.

Dois caminhos completamente diferentes.

Manter Ricardo Gomes ou apostar em Rogério Ceni?

O inseguro Leco ainda não sabe o que fazer.

Sua preocupação é quem trará mais votos em abril.

Qual será o melhor cabo eleitoral?


   

Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 22 Nov 2016 11:10:39

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