terça-feira, 27 de setembro de 2016

A assustadora decadência do Internacional. Como a incompetência de dirigentes fez o clube mergulhar na sua mais vexatória crise. Ameaças de morte dos vândalos só vão prejudicar ainda mais o péssimo time e Roth, dominados pelo medo...

A assustadora decadência do Internacional. Como a incompetência de dirigentes fez o clube mergulhar na sua mais vexatória crise. Ameaças de morte dos vândalos só vão prejudicar ainda mais o péssimo time e Roth, dominados pelo medo...




"Sem B ou Morte." É essa a promessa de vândalos a dirigentes do Internacional. As famílias de dois deles despertaram ontem e hoje com essa frase pichada em frente às suas moradias. Primeiro, o intimidado foi o diretor executivo, Newton Drummond. E nesta manhã, a advertência foi dada ao vice-presidente, Fernando Carvalho. O enredo é o mesmo todos os anos. Em um campeonato nivelado de 20 equipes e com o saudável rebaixamento de quatro equipes, 20% dos times, a chance de quem cometer erros graves cair para a Série B é imensa. E exatamente o que está acontecendo com o Internacional. O bicampeão da Libertadores em 2010 caiu em um processo de degradação impressionante. Acumula dívidas, péssimas contratações caríssimas, trocas sucessivas de técnicos, precipitação e incompetência dos seus dirigentes, em busca do passado vencedor. Nas eleições de 2014, foi destacada com ênfase sua dívida de R$ 240 milhões. R$ 26 milhões gastos na reforma do Beira-Rio. Ela chegou a R$ 330 milhões. R$ 304 milhões bancados pela construtora Andrade Gutierrez, enrolada até a alma na Operação Lava-Jato. A AG ganhou o direito de explorar o Beira-Rio, em atividades fora do futebol, por 20 anos. Ao contrário do que fez o Corinthians com a Odebrecht, o dinheiro das arrecadações fica com o Internacional. Mas só que os dirigentes seguem sem saber o que fazer com ele. A decadência do time é impressionante. Jogadores importantes no cenário passaram pelo clube. Como o melhor da Copa do Mundo de 2010, o uruguaio Diego Forlan. Os argentinos Scocco, Cavenaghi também passaram por lá. Dagoberto, Anderson. A liberação por empréstimo de D"Alessandro ao River Plate foi algo insano. Os dirigentes resolveram premiar o grande ídolo da equipe, deixá-lo disputar a Libertadores e o restante do ano pelo clube que formou. Homenagem ao seu capitão. D"Alessandro era o símbolo de resistência, da garra, da luta que sempre marcou os grandes times colorados. Emprestá-lo ao River, sem ter um atleta à sua altura, foi algo amador. Imperdoável. A honraria a um jogador ainda imprescindível.

A falta de convicção na escolha dos treinadores. Todos os três que passaram em 2016. De perfis completamente distintos. Cada um tentou impor sua filosofia, a maneira particular com que encaram o futebol. O primeiro, Argel, preso ao seu pragmatismo. As linhas justas, ao futebol competitivo, sem brilho. De muita luta, determinação, sem espaço para o improviso, os dribles, o toque de bola. Só marcação, força. Esquema de leitura fácil de decorar por parte dos adversários. O utópico Falcão entrou no seu lugar. E o choque cultural foi profundo. Cinco partidas já foram suficientes para mostrar o quanto ele, infelizmente, estava longe da realidade. O elenco do Internacional é fraco. Jogadores nem entendiam a dupla, tripla função exigida do excelente comentarista. Veio Celso Roth, técnico especialista em montar esquemas defensivos. Contratado com a missão de fazer o time pontuar. Escapar do rebaixamento. Chegou descartável, sabendo que após o Brasileiro teria de procurar emprego. O convite chegou em boa hora, já que estava há quase um ano desempregado, depois de péssima passagem pelo Vasco. Só que seus truques não surtem mais o mesmo efeito. O elenco, além de limitado, está pressionado psicologicamente. Abatido, questionado, xingado por seus próprios torcedores. E sofrendo o impacto de conselheiros divididos, revoltados a cada derrota. Não há apoio no clube nem para o time e muito menos para Celso Roth. A torcida, os dirigentes e os conselheiros qualificam como "patrimônio moral" o Internacional nunca ter sido rebaixado. Ainda mais na comparação com o rival de sangue, o Grêmio, rebaixado duas vezes. Além do Inter, só Flamengo, São Paulo, Santos, Cruzeiro e a Chapecoense, que desde 2014, quando subiu, não caiu para a Série B.

Desta vez, as 14 derrotas, os seis empates e apenas sete vitórias fixam o clube na 18ª colocação, com 27 pontos. Só Santa Cruz e América Mineiro conseguem ser piores. A última passagem por Belo Horizonte acabou de vez com a paz no clube. Jogando mal, o time de Roth perdeu para o América, o lanterna, e para o Atlético Mineiro. Os protestos já eram esperados. Mas foram mais violentos do que o normal. No treinamento de ontem, vândalos infiltrados nas organizadas, queimaram um matagal que divide o Centro de Treinamento da Avenida Beira-Rio. Gritavam, ameaçando fisicamente jogadores e o presidente Vitorio Piffero. Na reunião de ontem à noite no Conselho Deliberativo, Piffero foi pressionado, cobrado. Muitos exigem a demissão sumária de Celso Roth. Não aceitam que continue a ameaça de rebaixamento. No início do ano, a conquista da vaga para a Libertadores de 2017 era obrigação. O sonho era a conquista do Brasileiro, título que o clube não tem desde 1979, há 37 anos. Piffero deu a pior resposta possível aos jornalistas. "Futebol é resultado." Ou seja, como Roth está perdendo, pode sim ser trocado. Mesmo restando apenas 11 partidas para acabar o Brasileiro. Tudo que o técnico não precisava era ameaça do próprio presidente. Ou Piffero o trocasse de vez. Ou não o pressionasse ainda mais.

A tabela é cruel. Os jogos restam, no Beira-Rio são: Figueirense, Coritiba, Flamengo, Santa Cruz, Ponte Preta, Cruzeiro. E fora de casa: Botafogo, Grêmio, Palmeiras, Corinthians, Fluminense. O aproveitamento até aqui do Internacional é de 33,3%. Matemáticos apontam: a equipe precisa chegar a pelo menos 51,5% de aproveitamento nos confrontos para escapar. Quando um clube pequeno está na zona de rebaixamento é algo previsível, corriqueiro. Agora, quando um gigante se defronta com essa situação, tudo é muito pior. A pressão da mídia, dos conselheiros, dos dirigentes, dos torcedores sobre o treinador e os jogadores beira o insuportável. Daí a dificuldade em reagir. Ameaças de morte são algo inadmissível, desumano. As famílias de Newton e de Fernando Carvalho estão apavoradas. Isso já é crime. Mas os vândalos infiltrados nas organizadas não se intimidam. E prometem não parar. Acreditam que estão contribuindo. Um time ruim e um técnico limitado conseguirão se superar por medo. O resultado costuma ser exatamente o contrário.

A hora seria dos dirigentes se unirem a Roth e aos jogadores. Dizer que "futebol é resultado" é descabido, absurdo. Se o Inter dá vexames é por causa do péssimo elenco montado. Escolhido pelo próprio Piffero. O próprio presidente deveria ser o primeiro a sair pelos fracassos. Jogar a culpa em Roth é muito fácil. O dirigente já fez isso com Argel e Falcão. O que melhorou? O clube corre sério risco do seu primeiro rebaixamento. Por culpa da incompetência dos dirigentes. A hora é da torcida e até dos vândalos apoiarem. E deixar as cobranças, a revolta para quando o Brasileiro acabar. O medo já domina o fraco time e Roth. O Internacional precisa deixar de ser seu principal inimigo...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 27 Sep 2016 10:50:49

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