sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Leco apela ao seu inimigo político. Marco Aurélio Cunha. Mas fez o acerto por apenas três meses. O contratou como escudo, para desviar o foco da imprensa, das organizadas e salvar o São Paulo do rebaixamento. E depois, o quer na CBF, longe do Morumbi, da disputa pela presidência...

Leco apela ao seu inimigo político. Marco Aurélio Cunha. Mas fez o acerto por apenas três meses. O contratou como escudo, para desviar o foco da imprensa, das organizadas e salvar o São Paulo do rebaixamento. E depois, o quer na CBF, longe do Morumbi, da disputa pela presidência...




"Acho que você tem de fazer agora é pronto-socorro. Paciente mal, pronto-socorro. Trata e depois salva. Dar todas condições para o clube melhorar, sair da situação de risco, mal momento de tabela, passar por período difícil e para o ano que vem elaborar o tratamento ideal que nos últimos anos não tem sido feito como o São Paulo fazia. Depois, temos de trabalhar jogadores de perfis vencedores, fatores de agregação, espírito coletivo, aí são valores. Agora temos de passar período crítico e depois tratar com valores, trazer pessoas com valores bons." Pronto, mal Marco Aurélio Cunha aceitou o cargo de gerente de futebol do São Paulo, o dirigente começou sua especialidade. Declarações fortes, nas rádios, fáceis de virar manchete, apropriadas para desviar o foco. Exatamente por ter esse poder, Carlos Augusto Barros e Silva, como por encanto, se esqueceu de suas históricas desavenças com Cunha. E cedeu o cargo de gerente de futebol do clube. Cargo remunerado. Mesmo salário que o demitido Gustavo Vieira. R$ 120 mil. Com a grande diferença que não terá 3% em lucros de transações de jogadores, como rezava o contrato do filho de Sócrates. O médico ortopedista, ex-vereador se licenciou do cargo de coordenador de futebol feminino da CBF. Ele trabalhou no departamento médico do São Paulo de 1970 a 1990. Foi trabalhar no Bragantino e Guarani. Depois, para o Japão. Como consultor médico e esportivo do Kashiwa Reysol e Verdy Kawasaki. No retorno ao Brasil foi diretor de futebol do Coritiba. Gerente no Santos, Figueirense e Avaí. Voltou ao São Paulo como gerente. Ficou de 2002 até 2008, quando se desentendeu com o ex-sogro e presidente, Juvenal Juvêncio. Conseguiu ser eleito pelo PSD. Tentou e não conseguiu ser deputado estadual, em 2014. Foi trabalhar na CBF, com Marco Polo del Nero. A sua missão era popularizar o futebol feminino. Não conseguiu.

O retorno, depois de oito anos ao São Paulo, tem como objetivo claro ser um escudo. Para proteger o time, Ricardo Gomes e o próprio Leco, muito criticado por sua própria diretoria. "Pode não ser moderno, mas é o choque que estávamos precisando. Como foi a chegada do Muricy em 2014. Mesmo que tenha prazo de validade. O que queremos agora é não entrar em parafuso. E anular todas as chances de rebaixamento. Para isso, o Marco Aurélio vai servir. Vai ser um bombeiro de última hora", me diz um conselheiro muito ligado a Leco. Não é por acaso que o contrato é de apenas três meses. Leco e Marco Aurélio nunca foram amigos. Pelo contrário. Sempre disputaram o futebol do clube. E sonhavam com a mesma coisa, a presidência. Algo que Leco conseguiu, de forma inesperada, com a renúncia forçada de Carlos Miguel Aidar. Nos três meses de contrato de Marco Aurélio não estão entre as prioridades traçar um perfil dos reforços, a formação de uma grande equipe para 2017. Nada disso. A prioridade e única missão é trazer tranquilidade e paz para o elenco conseguir chegar sem medo ao final do Brasileiro. De forma realista, ninguém sonha com título ou classificação para a Libertadores. O objetivo é ficar bem longe da zona do rebaixamento. A tática é velha. E foi muito usada no Corinthians, na época que Antônio Roque Citadini tinha algum poder. A cada mal resultado do time, a cada problema com um jogador, sempre surgia Citadini com suas frases históricas e que despertavam polêmicas sem sentido. Como afirmar que Gil era melhor que Kaká e inúmeras outras.

Marco Aurélio também tem as suas. E com o Corinthians como alvo preferido. No desmanche do clube do Parque São Jorge, no início do ano, ele não perdoou. "Sabem por que está todo mundo correndo para China? Porque Ele voltou!!!" Se referia a Lugano. Ele também ironizou a tentativa da criação do dia do Corinthians, por parte dos deputados federais Andrés Sanchez e Goulart. "Aqui (no Brasil) tem dia de tudo: o do Preto Velho, da Mãe Solteira, o dia do Parquinho, o do Padeiro... São coisas irrelevantes, que não acrescentam nada. Se fosse para fazer uma data para o São Paulo, teríamos que pedir um mês inteiro, de tanto campeonato importante. Como não dá para ter todo dia, melhor não ter." Isso atrai leitura, provoca polêmica, discussão em programas de tevê, rádio, trocas de mensagens em redes sociais de torcedores. Tira o foco da realidade. É exatamente para isso que Marco Aurélio foi contratado. Cunha também é muito respeitado pelas torcidas organizadas. A expectativa é que ele pregue a pacificação. O fim de perseguição a jogadores. Convencer Michel Bastos, o mais visado, a seguir no clube pelo menos até o final do ano. Dar confiança a Carlinhos e Wesley, dois grandes alvos. Marco Aurélio é muito inteligente. Ele sabe que, mesmo chegando como bombeiro de última hora, a notoriedade que ganhou, será útil demais no seu projeto pessoal de um dia assumir a presidência do clube. Leco sabe dessa pretensão. E ele não quer alimentar um rival, já que pretende concorrer à reeleição. Dar vida curta ao polêmico dirigente, apenas neste período de emergência. Usá-lo, evitar o rebaixamento, e depois devolvê-lo à CBF. Para cuidar do futebol feminino. Longe do Morumbi.

Cunha sabe jogar o jogo. Aceitou ajudar seu rival, mas quer consolidar sua base política para brigar pela presidência. Quer aproveitar ao máximo esses três meses. Evitar o rebaixamento será um trunfo pessoal importantíssimo. E que ficará na memória dos conselheiros. Assim como o pedido de ajuda de Leco. Independente dessa briga de egos, a medida foi correta. Sem dinheiro para grandes contratações. Com a janela fechada. E a chegada de jogadores de fracos currículos. A solução foi contratar alguém midiático. Capaz de encantar mídia e torcedores como o Flautista de Hamelin. E deixar Ricardo Gomes trabalhar com seu fraco elenco. Medida urgente. Para garantir a disputa do Brasileiro em 2017 na Série A. Toque sua flauta, Marco Aurélio Cunha...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 09 Sep 2016 13:11:25

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