sexta-feira, 2 de setembro de 2016

O segredo de tanta confiança de Gabriel Jesus na Seleção. Os telefonemas de Guardiola. O treinador do City repetiu o que fez com Neymar. E garantiu que o jovem atacante será um dos melhores do mundo. O garoto acreditou...

O segredo de tanta confiança de Gabriel Jesus na Seleção. Os telefonemas de Guardiola. O treinador do City repetiu o que fez com Neymar. E garantiu que o jovem atacante será um dos melhores do mundo. O garoto acreditou...




Na transação mais conturbada no futebol brasileiro, a ida de Neymar do Santos para o Barcelona, ainda há vários pontos nebulosos. Os 10 milhões de euros que o pai do jogador recebeu de sinal meses antes da final do Mundial Interclubes, no Japão, em 2011. Decisão que reunia, por constrangedora coincidência, o time da Catalunha contra a equipe do Litoral. "Neymar pai", recebeu o que a direção do Barcelona chamou de "sinal" para uma futura transação. Mas havia outros dois detalhes. O primeiro. Era um desejo pessoal do atacante, que ele acalentava desde os 13 anos. Ele foi levado por Wagner Ribeiro para o Real Madrid. Passou 19 dias no clube, mas não teve a atenção que sonhava. Jurou que um dia voltaria à Espanha. E jogaria no rival do time que não prestou tanta atenção ao seu futebol. Só que houve um terceiro componente que o deixou compromissado com o coração e mente com o Barcelona. Várias conversas por telefone com Pep Guardiola. O treinador explicou todo o cenário do clube da Catalunha e se comprometeu a de desenvolver seu talento, via um potencial extraordinário e que queria a ajudá-lo a transformá-lo em um dos melhores do mundo. O treinador voltou a reforçar essa tese pessoalmente. Depois da vitória do Barcelona por 4 a 0 contra o Santos, em Yokohama. Eu vi os dois abraçados durante a premiação do Mundial. Guardiola falando por cerca de dez minutos no ouvido do santista. Ingênuo, pensei que consolava o santista. Só soube do teor da conversa dois anos depois. Em 2013. "Faz três anos que falei por telefone com o Neymar quando eu treinava o Barcelona. O presidente Sandro Rosell me pediu para que tentasse convencer Neymar para vir jogar conosco. Eu disse para o Neymar, vinte vezes, que o que ele teria de fazer era ir para o Barcelona. Que seria melhor para sua carreira. Para o seu futuro como grande jogador." O treinador, após vencer o Mundial, reforçou sua sedução. Disse que, com ele, e com o elenco do time catalão, se tornaria um dos melhores do mundo. E que o esperaria com muita ansiedade. Só que o destino não quis. Guardiola não chegou a trabalhar com Neymar. O treinador se desgastou com a direção do clube da Catalunha. E foi para o Bayern, em 2013. No mesmo ano que o brasileiro desembarcava no Barcelona. Pep estava certo, o atacante seguiu os preceitos do técnico, que imperam até hoje na Catalunha. E Neymar se tornou um dos melhores jogadores do planeta, aos 24 anos.

A vida é uma repetição para todos. Até para o melhor treinador do mundo. Depois de seis anos, se encantou outra vez com um jovem atacante brasileiro. Guardiola havia acabado de assinar contrato com o Manchester City. O bilionário Mansour bin Zayed bin Sultan bin Zayed bin Khalifa Al Nahyan, irmão de Khalifa bin Zayed al Nahyan, presidente dos Emirados Árabes, é dono do time inglês. Mansour contratou a peso de ouro Guardiola, R$ 108 milhões por três temporadas na Inglaterra. E liberou 200 milhões de euros para contratações. Cerca de R$ 728 milhões. A meta é a conquista da Champions League pelo menos na temporada 2017/2018. Esta pode ser "acerto de time". No ano que vem, haverá um "reforço de caixa", mas a base da equipe foi montada agora. Entre os escolhidos de Guardiola estava um atacante versátil, ágil, criativo. Não tão habilidoso quanto Neymar. Mas explosivo, artilheiro. Diferenciado. Mais vertical. No estilo, lembra os primeiros passos de Ronaldo, Fenômeno. Traz na essência, os dribles secos, velozes do futebol de salão. Não quer o espetáculo. Mas a artilharia.
As diretorias do Barcelona, do Real Madrid, da Inter de Milão receberam os mesmos relatórios e vídeos do garoto, que encantaram Guardiola. A disputa seria ferrenha. Como o ainda desacreditado Manchester City concorreria com esses clubes tão tradicionais, vitoriosos? O clube agiu em duas frentes. E repetiu exatamente a mesma estratégia que o Barcelona fez com Neymar. O diretor de futebol do City, Txiki Begiristain, foi jogador e trabalhou na direção do clube catalão por sete anos. Sabe muito bem o método que o clube utiliza quando se interessa por um atleta. E tratou de deixar certa a parte do empresário Cristiano Simões de Gabriel Jesus. E o salário do jogador. A mãe do atacante, Vera Lúcia, ex-empregada doméstica e que criou o jogador sozinha, abandonada pelo marido, foi além. De acordo com conselheiros palmeirenses, recebeu um "sinal" antecipado do time inglês. Membros da diretoria de Paulo Nobre ficaram irritados quando souberam da situação. Desejavam fazer um leilão milionário com o Barcelona, Real Madrid e Inter. Mas Nobre jurou. O Palmeiras não seria tratado como o Santos foi com a saída de Neymar. Mas seus nervos seriam testados de vez ao saber o que Guardiola fez. O treinador telefonou não só uma, mas várias vezes para Gabriel Jesus. As conversas começaram em maio. O teor das conversas eram secretas. Mas abalou de tal forma o atacante que ele não quis ouvir qualquer outra proposta. Iria jogar no Manchester City de qualquer maneira. Pouco importava se recebesse mais dinheiro de uma equipe mais tradicional. O que ele ouviu de Guardiola? O segredo: o espanhol lhe deu sua palavra que o trabalhará para ser um dos melhores atacantes do mundo. Tem total confiança no seu potencial. Ouvir essa promessa provocou uma revolução no jovem jogador.

Mas havia ainda o golpe final. Apesar de Ronaldo Fenômeno ser embaixador eterno do Real Madrid, o ex-jogador e agora empresário sabia que o atacante palmeirense não queria a Espanha. Então, em conversas reservadas com o garoto, deixou muito claro como seria "maravilhoso" para seu futebol atuar com Guardiola. O primeiro encontro entre os dois foi articulado pelo repórter da Globo, Thiago Asmar, no Instituto Fenômeno, em junho. Mas depois, a dupla seguiu conversando. Gabriel Jesus ficou ainda mais convicto de que seu lugar era mesmo no City. E muito provavelmente, o atacante trabalhará com Ronaldo, seu ídolo de infância.

Nobre foi firme e só cedeu ao City quando ficou acertado que receberá 20 milhões de euros livres de impostos. Cerca de R$ 72 milhões. E ainda só liberará o atleta em janeiro de 2017. Antes, o dirigente sonha em vê-lo como principal peça na conquista do Brasileiro, depois de 22 anos. Os empresários tiveram de abrir mão de parte do que receberiam para Nobre ficar feliz. E Guardiola foi obrigado a esperar mais seis meses. O Palmeiras foi bem diferente do Santos em relação a Neymar. Todo esse cenário explica a confiança que domina o jogador que desequilibrou a partida de ontem, contra o Equador. Sofreu pênalti e ainda marcou dois gols, um deles de calcanhar, na estreia de Tite na Seleção Brasileira. Nada é por acaso. Gabriel Jesus tem ao seu lado Neymar. Ouve, deslumbrado, todo o bem que ter ido para a Europa fez para o futebol do companheiro. Os dois se aproximaram. Viraram amigos durante a Olimpíada. Sem ciúmes. Gabriel Jesus foi esperto. E se coloca como Neymar fez com Messi na Catalunha. Tem convicção que a estrela é o jogador do Barcelona. E aceita, com prazer, ser coadjuvante. Mas percebe o "efeito Europa". Sabe o porquê, no ano passado, Neymar ter sido escolhido como o terceiro melhor do mundo. E o vê se aprimorando. Está acontecendo exatamente o que havia previsto Guardiola.

Por isso o palmeirense está empolgado. Sabe que precisa controlar a afobação, a ansiedade. Escapar das provocações. Se proteger nas divididas traiçoeiras. Endireitar a postura do corpo na hora dos dribles, dos arremates.

Aprimorar as cabeçadas.

Treinar a visão periférica.

Perceber a movimentação do ataque e da defesa adversária.

O que os treinadores brasileiros fizeram até aqui foi ótimo.

Tite percebeu todo seu potencial, sua gana.

O atrevimento.

O brilho nos olhos.

Gabriel Jesus quer se tornar um dos melhores do mundo.

Sabe que tem apenas 19 anos.

E a chance de trabalhar com o melhor técnico de todos.

Por pelo menos dois anos e meio.

Este é o segredo de tanta confiança.

A Seleção Brasileira tem um camisa 9 muito diferente.

Que tem a bênção de Josep Guardiola i Sala.

O mesmo homem que mudou a vida de Neymar.

Está mudando a de Gabriel Fernando de Jesus...



Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 02 Sep 2016 11:22:19

Nenhum comentário:

Postar um comentário