quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Ponte Preta rompe o lacre. Não houve saída para a Globo. Teve de se acertar com o Esporte Interativo. E juntas transmitirão o Brasileiro da Série A, na tevê fechada, de 2019 a 2024. Foi quebrado o monopólio da 'toda poderosa'...

Ponte Preta rompe o lacre. Não houve saída para a Globo. Teve de se acertar com o Esporte Interativo. E juntas transmitirão o Brasileiro da Série A, na tevê fechada, de 2019 a 2024. Foi quebrado o monopólio da 'toda poderosa'...




"Lei nº 9.615 de 24 de Março de 1998
Institui normas gerais sobre desporto e dá outras providências.
Art. 42. Pertence às entidades de prática desportiva o direito de arena, consistente na prerrogativa exclusiva de negociar, autorizar ou proibir a captação, a fixação, a emissão, a transmissão, a retransmissão ou a reprodução de imagens, por qualquer meio ou processo, de espetáculo desportivo de que participem." A Lei 9.615, de 24 de março de 1988, é conhecida como Lei Pelé. É ela quem rege a transmissão dos jogos de times neste país. A leitura deste item não permite dupla interpretação. Os clubes decidem qual tevê vai mostrar suas partidas. Se há o confronto entre equipes diferentes, o jogo não é mostrado. Ponto final." Este era o início de matéria escrita no blog no dia 16 de março. A Globo perdia seu monopólio de transmissão no Brasileiro. O Esporte Interativo já havia conseguido romper a barreira na tevê a cabo. Com uma política firme, ambiciosa, conseguiu até agora firmar contrato entre 2019 a 2024 com Atlético Paranaense, Coritiba, Internacional, Santos, Santa Cruz, Figueirense, Ponte Preta Bahia, Ceará, Sampaio Corrêa, Criciúma, Joinville, Paysandu, Paraná e Fortaleza. A oferta, R$ 550 milhões. Se todos os clubes da Série A assinarem. Como conseguiu sete, o pagamento caiu proporcionalmente, para R$ 200 milhões. Equipes da B e C recebem menos. Mas é muito mais do que a Globo pagava R$ 60 milhões para os times da Série A dividirem por jogos mostrados nos canais Sportv. A emissora manteve o monopólio da aberta e no pay-per-view. O então presidente do Esporte Interativo, Edgar Diniz, estava eufórico no final do ano. Ele já havia conseguido comprar com exclusividade a Champions League, o melhor torneio interclubes do mundo. Desbancou a ESPN/Brasil, Fox Sports e Sportv. Fez uma oferta inesperada de R$ 130 milhões contra R$ 26 milhões ofertados por ESPN/Globosat juntas. Conquistou esse direito de 2015 até 2018 na tevê fechada.

De roldão, veio também a Liga Europa. O dinheiro veio da bilionária Turner, que virou sócia/proprietária do Esporte Interativo. Os planos eram ambiciosos. Fazer propostas altíssimas para conseguir os grandes campeonatos de futebol no Brasil. O Esporte Interativo conseguiu a Copa do Nordeste, a Lampions League. Estaduais do Nordeste e Norte do País. O Esporte Interativo teve uma guerra poderosa com a Net e a Sky. As duas empresas de telecomunicação responsáveis pela venda de assinaturas de canais não deram espaço para o EI. Foi uma batalha de gigantes. Envolveu a Turner, a Disney, a Globosat, a Fox. Além da pressão dos telespectadores, desesperados por assistirem o Esporte Interativo, a disputa não deixou espaço para a amadores. O presidente do Esporte Interativo, Edgar Diniz, havia deixado ressentimento em gente poderosa. Ele foi acusado de inflacionar o mercado. Justo quando o Brasil mergulhou na recessão. A pressão pela sua saída era imensa. A decisão ocorreu em maio, quando a Turner percebeu que havia comprometido muito dinheiro no Brasileiro. E não tinha conseguido contratar os cinco clubes mais populares do Brasil. Corinthians, Flamengo, São Paulo, Palmeiras e Vasco. Foi a gota d"água para que ele fosse afastado. Sem Edgar, a concorrência deixou de ser tão agressiva, radical, entre as emissoras. A ESPN/Brasil já começou a dividir a transmissão do Espanhol com a Fox Sports. O mesmo vale para o Campeonato Alemão e o Italiano.

Há até a possibilidade do Esporte Interativo sublicenciar a Champions League para uma das concorrentes. A ESPN/Brasil segue muito interessada em ter o torneio novamente. Assim como a próprio Globosat. A matéria publicada no blog em março já alertava que, no Brasileiro da Série A, haveria a necessidade de uma composição. Esporte Interativo e Globosat teriam de se acertar. Ou inúmeras partidas não seriam transmitidas. Uma das possibilidades era o revezamento. Cada emissora mostraria os jogos dos "seus" times quando atuassem casa. Mas a saída está sendo ainda mais pacífica. O meu colega Eduardo Ohata conseguiu a notícia. A Ponte Preta, que já havia negociado com o Esporte Interativo, também fechou contrato com a Globosat. As duas emissoras mostrarão seus jogos na tevê fechada de 2019 a 2024. Com certeza, houve uma composição, com a divisão do que o clube receberá.

Está rompido o lacre. O efeito cascata é uma questão de tempo. O mesmo tipo de acordo deverá se estender aos demais clubes brasileiros. Na prática, Esporte Interativo e Sportv transmitirão os Brasileiros da Série A juntos. Por cinco anos. Não haverá a esperada represália da Globo com os clubes que assinaram com o Esporte Interativo. O que deverá agora, por exemplo, acelerar a assinatura de contrato do Palmeiras. Paulo Nobre já fazia um leilão com as duas emissoras. Agora sabe que as duas deverão dividir o que o clube exigir. Não é uma derrota para o Esporte Interativo. Muito pelo contrário. O objetivo foi conseguido. O canal da Turner terá o Brasileiro da Série A. O preço saiu alto demais. Só que não havia jeito. Porque o monopólio parecia eterno. Edgar Diniz foi perfeito na hora de negociar. Capturou os rebeldes, sabia que no futuro, a Globo teria de negociar. Mas Diniz não contava com a fidelidade dos mais populares. Seus presidentes viraram as costas à sua melhor proposta. Corinthians, Flamengo, São Paulo, Vasco ficaram com a Globo. O Palmeiras resolveu fazer um leilão "eterno". Essa postura custou a presidência do Esporte Interativo. Mas mesmo afastado de todo o processo, ele tem motivos para sorrir. Seu sonho está dando mais do que certo. Tinha a convicção que a Lei Pelé obrigaria o acordo. A Ponte Preta mostra o caminho que será seguido.

Com as duas emissoras dividido o Brasileiro "no cabo".

Acabou o monopólio da Globo no Campeonato Brasileiro.

O preço foi caro.

A sua próprio emprego.

Mas o sacrifício valeu a pena.

Pode sorrir, Edgar...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 21 Sep 2016 11:22:06

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