quinta-feira, 24 de março de 2016

Andrés Sanchez usa renovação do Corinthians com a Globo. Desvia o foco de André Negão, da Lava Jato, de novo fracasso dos naming rights, do filho de Lula, da filha de Zé Dirceu. O Corinthians tem um dono muito esperto...

Andrés Sanchez usa renovação do Corinthians com a Globo. Desvia o foco de André Negão, da Lava Jato, de novo fracasso dos naming rights, do filho de Lula, da filha de Zé Dirceu. O Corinthians tem um dono muito esperto...




A direção do Corinthians foi abalada na terça-feira. Agentes da Polícia Federal foram até o apartamento do vice presidente André Negão. E o levaram em condução coercitiva, obrigatória, para depor. Explicar porque na planilha da Odebrecht consta a entrega de R$ 500 mil no seu endereço. A construtora é responsável pelo Itaquerão. A repercussão foi imensa. Tevê, portais, jornais. Na quarta-feira, ontem, todos esmiuçavam a vida do ex-bicheiro e "irmão" de Andrés Sanchez, homem que manda no Corinthians desde 2007. A ligação dos dois, inclusive com planos eleitorais. Negão queria ser o Obama do Parque São Jorge, com o apoio do "Espanhol", apelido como muitos se referem ao ex-presidente corintiano. Andrés, deputado federal pelo PT, seria cabo eleitoral do amigo, candidato a vereador pelo PDT. A mistura perfeita para um país de Terceiro Mundo. Políticos mandando em clubes de futebol. A revolta com as denúncias tirou da hibernação, a omissa e fraquíssima oposição, que mandava no clube. Na era Dualib. Roque Citadini, Marlene Matheus e Waldemar Pires não conseguiram reunir mais de 30 pessoas. Mas divulgaram um carta, "com a letra de Citadini". Cobrando publicamente o presidente Roberto de Andrade.

Os pontos principais. "A questão do estádio, dos seus custos e das suas formas de pagamento, bem como sua citação por membros do Ministério Público e da Polícia Federal, que conduzem a operação Java Jato. "A informação de que o Corinthians deixou de renovar patrocínio com a Caixa Econômica Federal, por conta da existência de contrato conflitante, com empresa da área de apostas e jogos de cassino. "As circunstâncias incomuns oriundas da venda do jogador Ralf." A divulgação da carta tem o claro objetivo de enfraquecer Andrés Sanchez. Ele é tão poderoso que os conselheiros não sabem detalhes da negociação do Itaquerão. Nem o motivo do rompimento da Caixa Econômica. Muito menos como acontecem as transações dos atletas profissionais e da base. O regime é presidencialista, mas Roberto de Andrade não toma qualquer decisão importante sem consultar seu mentor. Mas enquanto a oposição tomava a atitude "histórica", de divulgar sua romântica cartinha, nova notícia chegava às editorias esportivas, ávidas por novidade. O Corinthians acabava de renovar contrato com a Globo até 2024. Para a tevê fechada. Estava desprezada a proposta do Esporte Interativo.

Pronto. André Negão, Odebrecht, Itaquerão, jogo do bicho, sete tiros. Tudo era deixado de lado. A notícia é realmente importante. Trava o sonho da emissora pertencente ao bilionário grupo Turner. O desejo era derrubar o Sportv conquistando o clube de maior torcida no mercado mais rico do país, o paulista. O poderoso Andrés Sanchez esnobou publicamente uma proposta incrível do Esporte Interativo. "Tão oferecendo R$ 80 milhões de luvas, e o Corinthians não está aceitando", disse no Footlink, evento que reunia dirigentes no Rio. O Corinthians confirmou a renovação mas avisou que há um termo de confidencialidade. Não vai revelar quanto recebeu. E proíbe a emissora de divulgar. Ou seja, é possível que o clube, por fidelidade, tenha renovado por menos que o canal da Turner oferecia. Jamais houve oferta de luvas de R$ 80 milhões por tevê a cabo. O São Paulo recebeu proposta de R$ 40 milhões do EI e fechou com R$ 60 milhões de luvas globais.

Além das luvas, os clubes que fecham com a Globo dividem R$ 500 milhões. A celebração do contrato desviou o foco de André Negão. E também mostra que Andrés não se dobrou aos desejos da Gaviões da Fiel, maior torcida organizada corintiana. Ela havia declarado guerra à Globo. Por meio de faixas, ela tem protestado. Mostrado a forte influência que ela tem no clube. A raiva dos torcedores tem explicação. Está no fato de a Globo estar dando apoio ao Ministério Público na tentativa de controle, e até extinção, das organizadas. A cobertura inédita e mais aprofundada de brigas, mortes e julgamentos nos confrontos entre facções. Andrés pensou como um enxadrista. Analisou as circunstâncias atuais e as próximas, por isso manteve a fidelidade à Globo. Desprezando o desejo da maior organizada. E mais, Andrés convenceu Roberto de Andrade que não há motivos concretos para virar as costas para André Negão. Exigir que deixe o cargo de vice-presidente. O que era certeza na noite de terça-feira, não era mais na tarde desta quarta. Os escândalos da Lava Jato se sucedem. A planilha de pagamentos a políticos feita pela Odebrecht ganhou o noticiário. O Itaquerão e André Negão são assuntos passados. Ou pelo menos adiados, já que nada foi tornado público. A não ser que o ex-bicheiro tem duas pistolas calibre 380 no seu apartamento.

Há quem cogite que os R$ 500 mil que, segundo a Odebrecht, chegaram até André em 2013, não envolvem o Itaquerão. E sim seriam dinheiro para campanha eleitoral. A poeira já está abaixando. E portanto não há motivo para virar as costas ao companheiro. A oposição não mostra força para exigir a saída de Negão. Nem enquanto está sendo investigado. Como sempre, ninguém contesta o ex-presidente. Ele poderá voltar a posar com um camiseta especial de André. Alusiva ao desejo de se tornar presidente corintiano em 2018. Estampa a sigla ALO, iniciais de André Luís de Oliveira. E tentar convencer que todos esqueçam o escândalo dos R$ 500 mil. Mas as atividades do ex-presidente não cessam. Andrés Sanchez contratou Luís Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula para trabalhar no Corinthians. De acordo com o ex-vice presidente Luiz Paulo Rosenberg, Luís Cláudio recebeu R$ 500 mil e não exerceu qualquer função. Surge agora a revelação que a filha do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, é funcionária no departamento financeiro do clube. Dirceu é parceiro histórico de Lula. E está preso por corrupção. Joana Saragoça recebe cerca de R$ 6 mil. O ex-presidente corintiano diz que não tem "nada a ver" com a contratação. É mera coincidência, lógico. Filhos parece ser uma especialidade no Corinthians. O de André Negão, o zagueiro André Vinícius não serviu para o clube. Mas foi emprestado nove vezes, com salário progressivo, chegou a ganhar R$ 40 mil. Mesmo nos empréstimos, o dinheiro saía do Parque São Jorge. Finalmente ele se desvinculou e está no CRB de Alagoas.
Os movimentos do enxadrista Andrés são relação à Odebrecht. Ele quer o litígio. Alegar que faltam ser finalizadas R$ 200 milhões em obras no Itaquerão. E há a chance de o Corinthians entrar na Justiça contra a construtora. Lembrando que o clube desde julho de 2015 paga R$ 5,6 milhões mensais à construtora pelo estádio. 100% da arrecadação dos jogos são destinados à essa dívida. Ela já chega a R$ 1,2 bilhão. Mas com a divulgação que R$ 500 mil teriam chegado ao vice-presidente André Negão, vindos da Odebrecht. E que o Itaquerão está sendo investigado pela Polícia Federal, as negociações envolvendo a venda dos naming rights do estádio foram canceladas. A direção corintiana tenta reatar conversa com a Caixa Econômica Federal. O clube dispensou R$ 30 milhões que recebia. Em nome de um pacote que envolveria os naming rights. Agora tenta a reaproximação para reconquistar o patrocínio master. Não está fácil. Politicamente, o momento é péssimo por causa da Lava Jato. Toda essa sucessão de acontecimentos tem um personagem principal. Andrés Sanches. O homem que explica porquê os clubes brasileiros não viram sociedade anônima. Não precisam ser vendidos a bilionários árabes ou chineses. Como na França e Inglaterra, por exemplo. Os clubes daqui já têm dono. O do Corinthians todos sabem seu nome e sobrenome...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 24 Mar 2016 11:00:01

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