quinta-feira, 24 de março de 2016

Cruyff. O holandês que revolucionou o futebol. O homem morreu hoje, derrotado pelo cigarro. Mas o gênio ficará para a história. Muito obrigado...

Cruyff. O holandês que revolucionou o futebol. O homem morreu hoje, derrotado pelo cigarro. Mas o gênio ficará para a história. Muito obrigado...




Rinus Michels encontrou a personificação dos seus sonhos em Hendrik Johannes Cruyff. E ambos revolucionaram um esporte. Ensinaram ao mundo a importância da estratégia. Acabaram com as amarrar. Os times deixaram de serem reproduções estáticas, como pebolins. Não é por acaso que todo o planeta está chocado. A morte de Cruyff provoca tristeza. Mas desperta a certeza de que um gênio passou pelos gramados. Jogador habilidoso, rápido, inteligente. Capaz de atacar, defender, articular. Enxergar o jogo como um todo como ninguém. Nem mesmo Pelé, o melhor de todos os tempos. Ele era magistral e único, da intermediária para a frente. O holandês da camisa 14, não. Era capaz de comandar o Ajax e a Seleção Holandesa como o visionário Michels sonhava. Com os jogadores trocando de posição constantemente, enxergando o futebol como uma luta por preenchimento de espaço, intensidade. Ter a coragem de avançar a defesa nos lançamentos e faltas laterais, inventar a linha de impedimento. Essa revolução matou o futebol força que teve o seu ápice com a conquista da Inglaterra em 1966. O tricampeonato brasileiro de 1970 é mundialmente atribuído ao talento da geração de Pelé, Tostão, Gerson, Rivellino, Clodoaldo, Jairzinho, Carlos Alberto Torres... Mas Michels e Cruyff gostaram muito do que viram. Aprenderam a elogiar o subestimado Zagallo. O fantástico time brasileiro também tinha alternância de posições do meio para a frente. E Carlos Alberto tinha rara liberdade para lateral.

Embora admitam a contribuição de Michels e Cruyff para o futebol, os mais cruéis alegam que ambos não conseguiram ser campeões mundiais. Apenas vices da Copa do Mundo da Alemanha. Esquecem que o time de Beckenbauer, Gerd Muller, Breitner era fabuloso. Jogava em casa, com o apoio da torcida. E teve o apoio do caseiro árbitro inglês John Keith Taylor. Ambos tiveram a satisfação de ganhar duas vezes a Taça dos Clubes europeus, a atual Champions League, com o fabuloso Ajax. Mas a dor é por Cruyff. E vale lembrar tudo o que ele conseguiu. Seu 1m83 não impediu que tivesse a agilidade para driblar, marcar gols, ditar o ritmo de qualquer partida. É impressionante que pudesse impor seu talento, mesmo sendo um fumante obsessivo. A ponto de exigir cigarros nos intervalos dos jogos. Se pudesse, atuava com um entre os dedos. Além disso, gostava de beber. Não escondia isso de ninguém. Como também não admitia que qualquer dirigente ou técnico se atrevesse a contestá-lo. Afirmava que não afetava seu futebol. Cruyff foi um dos primeiros a perceber o potencial econômico que o futebol tinha. Ele assinou contrato com a Puma. A Holanda havia fechado com a Adidas. Por isso o uniforme da Copa de 1974 exibia três listras negras sobre o laranja da camisa. Ele foi claro. Sua camisa 14 teria apenas duas. Ou não jogaria. A Federação Holandesa teve de ceder.

O jogador disputou apenas a Copa da Alemanha. Não jogou a da Argentina. Por anos e anos foi endeusado. Não teria vindo à América do Sul por sua ojeriza ao regime militar que dominava os nossos vizinhos. Meia verdade. Ele detestava a ditadura, sem dúvida. Mas já em 1978, ele sofreu uma tentativa de sequestro. Traumatizado, achou perigoso demais ir para a Argentina. Com medo, pagou seguranças particulares por um ano e meio. Guardiola não esconde de ninguém. O que viu com a Seleção Holandesa o inspirou para implementar o tiki-taka no Barcelona. E já havia um início de caminho traçado. O holandês atuou na Catalunha. E treinou o próprio Barcelona. Sua maestria como jogador faz sombra ao ótimo trabalho como técnico. Ficou oito anos no Ajax. Ganhou dois Campeonatos Holandeses e uma Recopa europeia. No Barcelona, conquistou a Copa dos Campeões da Europa, quatro Campeonatos Espanhóis, entre outros títulos. Cruyff não tinha paciência para os jogadores e dirigentes. Se tivesse, teria trabalhado mais tempo como treinador. Ele motava equipes versáteis, com troca de posição, posse de bola. Mas não conseguiu implementar o futebol total que sonhava. O atleta que mais gostou de treinar foi Romário. O holandês se declarava apaixonado pela Seleção Brasileira. A de 1970. Não as atuais. Inclusive a dizer que o futebol nacional traía seu passado. Como na Copa do Mundo de 2014. Para ele, a Seleção de Felipão era um time que se negava a jogar futebol. Não sabia sair jogando. Vivia de chutões para Neymar. Ele deixou sua marca como um dos três melhores jogadores do futebol mundial de todos os tempos. Pelé, Di Stéfano, Maradona e Puskas lhe fazem companhia.

Sua genialidade em relação ao futebol foi personificar e depois expandir os conceitos de Rinus Michels. Não usava o talento como uma prima donna. Mas para o benefício do time, da seleção. Sim, o futebol total era possível. Mas a paixão pelo fumo o traiu. Provocou o câncer no pulmão que o matou hoje, com 78 anos. "O futebol me deu tudo. O cigarro quase me tirou tudo." Estava errado. Tirou sua vida. Mas o ninguém o tirará da história. Muito obrigado, Hendrik Johannes Cruyff. Você foi um gênio que passou pelos gramados. E teve a inteligência e o talento para revolucionar o futebol...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 24 Mar 2016 13:18:56

Nenhum comentário:

Postar um comentário