quinta-feira, 31 de março de 2016

Sem multa rescisória para assumir a Seleção, Tite dá estocada em Dunga. Mostra a hipocrisia. Impossível um treinador comandar a Seleção principal e a Olímpica ao mesmo tempo. O fracasso de Mano Menezes não bastou...

Sem multa rescisória para assumir a Seleção, Tite dá estocada em Dunga. Mostra a hipocrisia. Impossível um treinador comandar a Seleção principal e a Olímpica ao mesmo tempo. O fracasso de Mano Menezes não bastou...




"Não. Nenhum ser humano consegue em sua plenitude trabalhar em dois locais. Estamos falando de excelência, de alto nível. Eu não acredito em excelência dessa forma. Não acredito." Ele aproveitou a deixa, uma pergunta sobre se seguiria no Corinthians e na Seleção principal, para mandar um recado direto. Trabalhar em dois locais não foi o Parque São Jorge e a CBF. Mas estar nos Estados Unidos com a Seleção principal e no Brasil preparando a Olímpica para a busca da inédita medalha de ouro. A estocada foi sutil. Exigiu neurônios de quem a ouviu. Esta foi a resposta mais significativa de Tite em relação à Seleção Brasileira desde 2012, quando tinha a certeza que iria assumir no lugar do demitido Mano Menezes. José Maria Marin havia demitido Mano e o cargo estava vago em novembro daquele ano. O treinador corintiano havia vencido a Libertadores e estava no final da preparação para o Mundial no Japão. "Estou pronto", deixou escapar, certo que viria o convite. A diretoria corintiana ficou desesperada. Mario Gobbi, avisou que cobraria multa, processaria, faria o impossível para não liberar Adenor. A postura de Tite firme, fez Marin antecipar o anúncio do treinador que realmente queria. O ex-governador de São Paulo, que está agora detido em Nova York, e que pode pegar 20 anos de cadeia por corrupção, sabia. Se o Corinthians vencesse o Mundial, seria bombardeado se não escolhesse seu técnico. Não esperou chegar 2013. E avisou a todos, a Seleção seria de Luiz Felipe Scolari. Tite ficou traumatizado e resolveu não esmorecer. Continuaria dando a alma para um dia assumir a Seleção. Só que seria mais comedido com suas palavras. Mesmo quando o mesmo Gobbi que ameaçou processar a CBF pela ameaça imaginária de contratá-lo, o trocou por Mano Menezes sem dó. O que fez com que Adenor tivesse o tal "ano sabático" esperando ser chamado pela CBF, após a Copa de 2014.

Não foi. Mas acompanha de perto cada passo de Dunga. Seus erros, seus acertos. Adenor sabe que conta com o apoio da maioria da imprensa, principalmente da Globo, parceira/irmã da CBF. Ele quer a Seleção. E tem a certeza que um dia o convite chegará. E há uma cláusula no seu contrato com o Corinthians que poucas pessoas sabem. Se houver o convite, ele não ficará refém do clube, como foi em 2012. Roberto de Andrade só exigiria o bom senso de o técnico ir para a CBF quando terminasse, por exemplo, a participação da clube na Libertadores. Mas nem isso Adenor seria obrigado a cumprir. Se a CBF o chamar, estará livre de multa rescisória. Não terá de pagar multa. Não precisará, quando e se houver a chamada, multiplicar os R$ 500 mil, que recebe, pelos meses que faltarão até dezembro de 2017. Era essa arma do volúvel Gobbi.

"O meu tempo de escolha já passou. Agora, é tempo de tranquilidade e apoio a quem está lá, assim como eu busco nos clubes. Assim como me perguntaram há tempos atrás se eu estava me preparando para um convite (da CBF) e eu disse que sim. Eu não tenho meias palavras. É um outro momento. Estou feliz no Corinthians. Mas muito mesmo", avisou Tite ontem após a vitória contra a Ponte Preta, que isola ainda mais o clube como o melhor deste Paulista. E também lidera de forma isolada seu grupo na Libertadores. Esta história de "tempo de escolha já passou" é uma postura ética e também magoada de Tite. Ele não acreditou quando foi preterido por Dunga, após o fracasso de Felipão na Copa do Mundo. Ficou realmente abalado. Havia viajado, se concentrado no que havia de mais moderno taticamente, de treinamento, relação como os jogadores que atuam na Europa. Comentou com detalhes a final da Champions para a ESPN/Brasil. Mostrava firmeza impressionante. Foi prejudicado involuntariamente por seu assessor de imprensa. Luciano Signorini. Os dois têm uma relação fraterna há anos. Ele foi o responsável pela comunicação do Corinthians de 1999 até 2008. Quando saiu e passou a trabalhar de forma independente, Tite se tornou seu principal cliente. Luciano cometeu um grande erro em 2014. Na farra que era a concentração da Seleção, foram credenciados não só jornalistas de veículos de comunicação. Mas assessores de imprensa. Eles infestaram a Granja Comary fazendo lobby por seus jogadores. Algo absurdo. Signorini foi um deles. Ele dizia estar representando o meia Bernard, outro cliente. Mas até as modelos que serviam café sabiam. Luciano era o assessor de Tite. Foi assediado por jornalistas não só do Brasil, como do Exterior. Todos queriam saber o que pensava e criar laços com o provável substituto de Felipão. Já que, ganhando ou perdendo a Copa, Scolari estava para sair.

Luciano talvez até hoje não saiba. Mas sua visita à Granja Comary foi muito comentada pela cúpula da CBF. Marin e Marco Polo del Nero acompanhavam as notícias de bastidores da Copa. E reconheceram uma ação de lobby de Tite. Não gostaram. Principalmente Del Nero. Ele já nutria rejeição ao treinador por causa de sua ligação com Andrés Sanchez. A presença de Luciano na Granja Comary contou inúmeros pontos negativos para Tite. Depois de 2014, os assessores de imprensa foram banidos dos treinos da Seleção. O desgaste de Dunga no seu retorno à Seleção está sendo rápido demais. Pelo fracasso na Copa América, pelo Brasil não estar nem entre os cinco primeiros das Eliminatórias, pela falta de esquema tático definido, a inconstância do time e por decisões equivocadas. Como hospedar a Seleção no hotel do seu auxiliar Lúcio. Na resposta mais significativa, ontem à noite, Tite tocou sem vaselina em algo muito incômodo à CBF. Marco Polo, o homem que realmente manda no futebol deste país, não queria. Mas Dunga resolveu repetir a postura de Mano Menezes em 2012. E colocar um pé em cada canoa. Ou seja, treinar a Seleção Brasileira na Copa América e Olimpíada do Rio. Não aceitou dividir os cargos, como o bom senso indicaria. Dunga já capenga na Seleção Brasileira ainda exigiu comandar o time olímpico, certo que conquistará a medalha de ouro. Marco Polo já estava contrário a esta decisão. Com o fracasso atual da Seleção nas Eliminatórias, já deixou vazar que desejaria outro técnico no Rio. Não Rogério Micale, que tem trabalhado com os garotos. Alguém com força para fazer sombra ao atual treinador da Seleção.

Gilmar Rinaldi é veemente contra. Acredita que Dunga vai vencer a Copa América. E com a conquista da medalha de ouro olímpica, carimbe o passaporte para a Copa da Rússia. Mesmo capengando nas Eliminatórias. Tite observou em detalhes a ganância de Mano Menezes. Ele tirou o grupo olímpico de Ney Franco. O técnico que havia conquistado o Mundial sub-20 de 2011. E queria a medalha de ouro em Londres como escudo para comandar a Seleção na Copa de 2014. Mal sabia as características dos jogadores, a personalidade. Decorou os nomes em cima da hora.
Fracassou e foi mandado embora, sem pena, por Marin. Adenor enfiou uma adaga na desmedida ambição de Dunga. "Nenhum ser humano consegue em sua plenitude trabalhar em dois locais. Estamos falando de excelência, de alto nível. Eu não acredito em excelência dessa forma." Disse o que todos sabem, mas têm medo de assumir. Dunga já pena com a Seleção principal. Reservar a Seleção Olímpica para o seu comando não é arrogância. É desespero. Impossível preparar as duas como realmente seria necessário. Marco Polo aceitou porque acreditava que tudo estaria bem nas Eliminatórias. Mas a péssima campanha o alertou. Não só da necessidade de tirar a Olimpíada de Dunga.

Mas que talvez tenha errado na escolha do técnico da principal.

Adenor acendeu o holofote e mostrou o óbvio.

Não falava sobre Corinthians e CBF.

Aproveitou uma pergunta da coletiva de ontem e mandou seu recado.

É impossível um treinador ter alto rendimento em duas seleções.

Não ao mesmo tempo.

Arrancar tudo dos 23 jogadores da Copa América.

E em seguida, dos 18 da Olimpíada.

Está escancarada a hipocrisia.

Que pode custar muito caro ao Brasil.

De novo...



Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 31 Mar 2016 08:32:03

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