segunda-feira, 14 de março de 2016

Tite tentou. Não queria se entregar por causa de Fernando Garcia. Mas não teve jeito. Entendeu o motivo que faz a diretoria do Corinthians se preparar para vender Elias. Maycon...

Tite tentou. Não queria se entregar por causa de Fernando Garcia. Mas não teve jeito. Entendeu o motivo que faz a diretoria do Corinthians se preparar para vender Elias. Maycon...




É o calcanhar de Aquiles de Tite. Por mais que seja o treinador com visão mais moderna de futebol. Adore estratégia. Tenha os esquemas e variações táticas de Bayern, Barcelona, Real Madrid e Juventus na ponta da língua. Adore falar em recomposição, triangulações, fluxo, intensidade, times espelhados, o técnico corintiano é radical. Até mesmo reacionário em relação a um aspecto do futebol. Não confia em jovens jogadores. São inúmeros casos no Corinthians. O mais gritante foi Marquinhos, zagueiro da Seleção Brasileira e do PSG. O jogador era capitão da Seleção Brasileira sub-17. Era a grande esperança da direção corintiana. O empresário Giuliano Bertolucci insistia que clubes importantes da Europa o assediava. Em poucos anos, o clube faria muito dinheiro com ele. O futebol era diferenciado. As conquistas na base corintiana se acumulavam. Seu nome despertava a certeza nos rivais, seria um grande jogador profissional. Por pressão da direção depois da conquista da Taça São Paulo, ele passou a treinar com o elenco principal. Esperou um ano, mas Tite virou as costas. Preferiu apostar nos "seus" zagueiros. Chicão, Felipe, Leandro Castán, Paulo André, Vinicius e Wallace. Incentivado por Bertolucci, Marquinhos pediu para ir embora. Os dirigentes perguntaram ao treinador. E o técnico o liberou, sem medo. O zagueiro foi para a Roma. Empréstimo por 1,5 milhão de euros. E passe fixado 3,5 milhões de euros. Uma loucura fixar os 100% dos direitos federativos. Ainda mais para um garoto que sempre atuou na seleções de base. E com tanto potencial. Depois de uma temporada na Itália, foi comprado pelo PSG. Nada menos do que 35 milhões de euros. Em um ano, o Corinthians deixou de ganhar 30 milhões de euros. Em valores atuais, cerca de R$ 139 milhões. Mais de três vezes o que o clube ganhou com a saída de Renato Augusto, Jadson, Malcom, Vagner Love, Ralf e Gil. Os dirigentes nunca tiveram coragem de cobrar diretamente Tite. Mas juraram que, quando surgissem novas promessas no Parque São Jorge, não teriam o mesmo destino. Fariam com que o treinador prestasse mais atenção. Mesmo assim, ele foi resistente no ano passado. Fechou as portas para Matheus Cassini. O meia mostrou qualidades na base. No Parque São Jorge os dirigentes estavam sendo assediados. Procuraram Tite. O treinador não se interessou de verdade. Matheus pediu para sair. A diretoria tentou segurá-lo. Ofereceu aumentar seu salário de R$ 8 mil para R$ 80 mil. Mas o técnico mostrou que poderia ser liberado. E lá foi a promessa para o Palermo por R$ 3,5 milhões. O time italiano o emprestou ao Inter Zapresic da Croácia. Não aceitou vendê-lo porque acredita no talento do garoto de 19 anos.

E este ano, novamente, a base corintiana voltou à carga. E oferece um volante moderno, vibrante, artilheiro. Seu nome, Maycon. 18 anos. Outra vez os dirigentes insistiram que valeria a pena Tite esquecer sua insegurança. E testar o menino. O treinador impressionado com o desmanche no time hexacampeão e com as dificuldades financeiras, percebeu que não haveria desculpa convincente. E o técnico avisou à imprensa que promoveria o garoto. E se escondia atrás do seu velho chavão: "não gosto de queimar talentos". Na verdade, ele não assume que não confia em jovens. Prefere um veterano rodado e sem tanta força física do que um menino precipitado e que pode tremer a qualquer instante. Só que Maycon tem provado que não é nem precipitado e muito menos acovardado. Tem treinado com personalidade e jogado melhor ainda. Tite não tem mais argumentos contra mais esta revelação. Quem o acompanha no CT Joaquim Grava sabe que nos coletivos mostra mais futebol até mesmo que o titular, Elias. "Tem rodinhas no pé, transição. Tem jogo. Não é brucutu", decretou ontem o treinador, depois do primeiro gol que o versátil jogador marcou como profissional. Contra o Botafogo, em Ribeirão. Pouca gente sabe que Maycon teve de ir além da rejeição a jovens. 20% dos seus direitos pertencem a Fernando Garcia. O empresário é o dono da base corintiana. Quando ele forçou a ida de Malcom para o Bordeaux, apesar do pedido do treinador que não fizesse a transação, teve de ouvir o desabafo de Tite.

"Eu trabalho para o clube, sem interesse financeiro. Respeito muito o Corinthians, sou profissional. Não trago benefícios próprios de qualquer alçada, financeira ou política, ao fazer um diagnóstico de contratações. Faço o que entendo ser melhor para o clube. "É diretamente para todos os empresários que buscam benefício próprio e grana. Não querem saber o que é bom para o Corinthians, só o que é bom para si. Brincadeira de faz de conta não é comigo." Lógico que o clima ficou pesado no Parque São Jorge. Fernando Garcia alega que ajuda ao clube comprando parte dos jogadores. E realmente, ele não obriga esse repasses. A diretoria tem recorrido ao seu bolso, quando o clube passa por dificuldades. Depois do desabafo de Tite, houve a enorme preocupação. Maycon teria seu caminho barrado pelo técnico. E, a princípio, era o que parecia. Mas o potencial do volante se impôs. A tal ponto que Roberto de Andrade e Andrés Sanches torcem muito para Elias seguir como titular da Seleção. Ele deverá ser vendido logo após a participação do Corinthians na Libertadores. Ao saber dessa decisão, o volante lamentou muito não ter aceito a proposta para jogar na China no início do ano. Mas Maycon não tem nada a ver com isso. Teve seu contrato renovado por três anos. A multa é mantida como segredo de estado. Seu futebol está encantando Tite. O técnico aposta que tem futebol para ficar anos como titular no Corinthians. A não ser que Fernando Garcia outra vez entre em ação. E o revenda para a Europa.

O que pode acontecer a qualquer janela. O vídeo do garoto, que pertence à empresa Elenko, está no Youtube. Elenko reúne os meninos de Garcia. O empresário não esconde que não é dirigente. Trabalha com os jovens do Corinthians para lucrar. Não para ganhar títulos. Por isso Tite manteve tanto o pé atrás com Maycon. Mas o futebol do menino o estimulou. O convenceu a abandonar as restrições a garotos no seu time. Pensar que existe vida sem Elias. Foi além.

Fez esquecer até a raiva que nutre de Fernando Garcia...



Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 14 Mar 2016 09:01:30

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