quarta-feira, 9 de março de 2016

Onze anos depois, a Máfia do Futebol volta a atacar. Desta vez o alvo são pobres clubes da Terceira e Quarta Divisões Paulistas. Tudo é explícito. Vergonhoso...

Onze anos depois, a Máfia do Futebol volta a atacar. Desta vez o alvo são pobres clubes da Terceira e Quarta Divisões Paulistas. Tudo é explícito. Vergonhoso...




Manipulação de resultados. Talvez o maior medo no esporte. Ao longo dos tempos, acusações sempre surgiram. Esporádicas. No boxe, futebol, tênis, vôlei, automobilismo. Esporádicas, pontuais. Mas desde que foram criados os sites de apostas, elas se tornaram frequentes. O caso mais marcante no futebol brasileiro aconteceu em 2005. Edílson Pereira de Carvalho, árbitro Fifa, admitiu ter recebido dinheiro de apostadores de site. Ele forçava situações de jogo para que o resultado fosse o pedido por aqueles que o subornavam. Edílson foi pego pela Polícia Federal. Foi preso por cinco dias. Escapou de um processo penal. O Ministério Público entrou com um processo de indenização. Contra ele, CBF, FPF, o empresário Nagib Fayad e o árbitro Paulo José Danelon, que também participou dos acertos em jogos. O montante? R$ 180 milhões. O STJ está analisando a questão desde 2013. Não houve o veredicto definitivo. Edilson acabou banido do futebol. Os 11 jogos que apitou naquele Brasileiro foram disputados novamente. A Polícia Federal alegou essa necessidade. Porque tinha gravações de Edílson vendendo os resultados dos jogos, com vitória dos dois times envolvidos. "Foi pelo maldito dinheiro. Eu era uma pessoa chata, correta, botavam a mão no fogo por mim", resumiu Edilson. Ele confessou ter graves problemas financeiros na época. E vendeu sua alma por 10 mil dólares por partida. Seu corruptor, Nagib Fayad, também foi detido. Mas sua vida não mudou. Na época, seu advogado alegou que "comprou" Edilson por ser viciado em sites de apostas. E no ano passado, jurou que não corrompe mais ninguém. Só segue apostando, como sempre fez. "Quando sobra dinheiro, acabo jogando. Sabe quantos sites (de aposta) existem no Brasil? Mais de dez, quinze. Não sou só eu, são milhares de pessoas", disse ao site da Globo. A confissão, marcante, não foi levada a sério. E 11 anos depois da "Máfia do Apito", novas denúncias de manipulação de resultados surgem. Desta vez o alvo são divisões que ficam longe da grande imprensa, do público. Divisões inferiores do futebol paulista. Elas também estão nestes sites. E pagam tanto quanto uma partida da Champions League, por exemplo. Só que criminosos não têm coragem para oferecer dinheiro ao Barcelona, Real Madrid, Bayern, Juventus. Mas têm quando os envolvidos são Vocem, Rio Preto, São José, Atibaia, Grêmio Barueri, Catanduvense, Comercial. O Diário de São Paulo revelou algo estarrecedor. Na partida entre Rio Preto e Barueri, disputada no dia 11 de fevereiro, algo absurdo aconteceu.

Aqui, o relato do jornal. "O elenco (do Barueri) recebeu proposta para entregar o referido jogo, a fim de beneficiar um suposto apostador asiático. De acordo com um dos atletas, a oferta foi levada ao grupo pelo empresário Jaci Martino de Oliveira, ex-gestor do Grêmio Barueri, e por outras duas pessoas. Oliveira nega a acusação. Mas o sócio dele, Matheus Soares dos Reis, que trabalhou como técnico da equipe em São José do Rio Preto, confirma que um apostador asiático ofereceu ao clube US$ 25 mil (cerca de R$ 93 mil) pela fabricação do resultado. Segundo Reis, porém, a proposta foi recusada. A partida, realizada no Estádio Anísio Haddad, terminou com goleada do Rio Preto, por 4 a 0. Um dos atletas contou que o acerto era para o Grêmio Barueri perder o confronto por mais de três gols: “Ele (Jaci Oliveira) chegou ao vestiário e falou: ‘Hoje tem de entregar o jogo para poder pagar o salário de todo mundo, para poder melhorar o alojamento. Se não acontecer isso, vai ser todo mundo mandado embora... Não quer entregar, não atrapalha’”, confidencia. A tentativa de suborno é confirmada por Reis. O investidor afirma ter deixado para o elenco do Barueri a decisão de aceitar, ou não, a oferta: “(A proposta) foi na noite anterior (ao jogo contra o Rio Preto). Na verdade, ela chegou através de uma outra pessoa. Eu sei quem é essa pessoa, mas prefiro não citar o nome dela. Eu conversei com os atletas e falei: ‘O que vocês decidirem está decidido’”, afirma o empresário. O Grêmio Barueri perdia para o Rio Preto por 3 a 0 até os 37 minutos da etapa final. Foi quando o atacante Gustavo Martino cometeu um pênalti, revoltando a maioria de seus companheiros. Gustavo, que foi advertido com o cartão amarelo pela falta, é filho de Jaci. Na cobrança, os donos da casa marcaram o quarto gol. Na opinião de um jogador da equipe derrotada, o pênalti foi proposital. “Era algo que não poderia acontecer. Ninguém aceitou isso, ninguém abraçou a ideia. Fomos para cima dele (Gustavo), porque ficou visível que ele estava de acordo”, afirma esse atleta. “Teve uma discussão no campo, a maior briga... E, depois do jogo, deu mais discussão ainda”, acrescenta. A Folha revela hoje como funciona o esquema. Os alvos são clubes de 3ª e 4ª divisões do Campeonato Paulista. Que enfrentam dificuldades financeiras. Geralmente com salários atrasados. Um agente se diz representante de um apostador asiático. Não revela, no entanto, o seu nome.

A oferta de suborno fica entre R$ 40 mil e R$ 60 mil. Para serem divididos entre os atletas. De acordo com o jornal, a exigência é que o time que recebesse a propina perdesse por 4 a 0. As apostas premiam não só quem acerta o vencedor, mas o placar do confronto. A proposta é feita ao dirigente do clube. E ele a repassa aos seus jogadores. Pressionados por dívidas e atrasos de salários, seriam os alvos perfeitos. Se aceita a tentativa de suborno, basta combinar qual o placar o time precisa perder. "A pessoa insistiu em duas oportunidades. Eles fazem a proposta na pior hora de sua vida. Mandaram até foto com a mala de dinheiro." A declaração do presidente da Catanduvense, Reginaldo Borges, é lastimável. No Brasil, esses sites de apostas são proibidos. Mas qualquer brasileiro pode apostar nos inúmeros que existem no Exterior. A punição ao clube, se constatada a fraude, é pesada. Multa, perda de pontos, rebaixamento e até proibição de participar de competições. Os jogadores e dirigentes precisam enfrentar multa, suspensão e até banimento. A Federação Paulista de Futebol promete investigar a fundo as denúncias. Elas envolvem os seguintes jogos: São José 3 x 0 Atibaia; Rio Preto 4 X 0 Barueri; Comercial 2 x 2 Catanduvense; Vocem 4 x 1 América; e Rio Preto 1 x 1 Catanduvense. E avisa que contratou a SportRadar. A empresa fará a varredura nas principais casas de apostas no mundo. E observar "movimentação estranha" envolvendo jogos do Campeonato Paulista. Na Europa, essas denúncias são cada vez mais comuns. E a Uefa também utiliza a SportRadar. O artigo 41-C do Estatuto do Torcedor prevê pena de dois a seis anos de prisão para quem "solicitar ou aceitar, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem patrimonial ou não patrimonial para qualquer ato ou omissão destinado a alterar ou falsear o resultado de competição esportiva ou evento a ela associado". Tudo muito bem feito. Só que é necessário haver a denúncia. Se em São Paulo, estado mais rico do país, é assim. Tudo explícito. O que não acontece pelo país? As autoridades precisam trabalhar sério. Ou tudo o que aconteceu em 2005 foi à toa?

Em jogo a credibilidade do futebol brasileiro...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 09 Mar 2016 10:43:11

Nenhum comentário:

Postar um comentário