sábado, 26 de março de 2016

Dunga entendeu. Como Thiago Silva, David Luiz tem tatuado na alma os 7 a 1. Traumatizado, não consegue jogar pela Seleção. Técnico buscará outros zagueiros. Como Felipe do Corinthians...

Dunga entendeu. Como Thiago Silva, David Luiz tem tatuado na alma os 7 a 1. Traumatizado, não consegue jogar pela Seleção. Técnico buscará outros zagueiros. Como Felipe do Corinthians...




"Eu só queria poder dar uma alegria ao meu povo. Para minha gente que sofre tanto com tantas coisas. Não conseguimos, infelizmente. Desculpa a todos, a todos os brasileiros. Só queria ver meu povo sorrindo. Todo mundo sabe o quanto era importante para eu ver o Brasil inteiro feliz pelo menos por causa do futebol. "Eu aprendi a ser homem em todos os momentos. Não vou fugir de nada, vou assumir tudo e não vou desistir. Um dia eu vou dar alegria a esse povo todo." Essas declarações foram histórias. De David Luiz, aos prantos, no Mineirão. O Brasil havia passado por sua pior humilhação. Perdeu por 7 a 1 para a Alemanha, no inesquecível 8 de julho de 2014. Ele é o zagueiro mais caro do futebol mundial. De todos os tempos. Nunca ninguém teve a coragem de gastar 50 milhões de euros (em 2013, cerca de R$ 185,6 milhões). Só PSG, propriedade do xeque catariano Nasser Al-Khelaifi. Nasser montou um esquadrão. E mudou a geografia do futebol francês. David Luiz se tornou uma peça importante, ao lado de Ibrahimović, Cavani, Luca, Thiago Silva e outros jogadores importantes. O domínio da Campeonato Nacional chegou à absurda conquista com oito rodadas de antecedência.

A obsessão segue sendo a Champions. Dentro deste cenário, David Luiz segue sendo respeitado. Considerado um dos grandes defensores do mundo. Thiago Silva é o seu companheiro de zaga. E Marquinhos, seu reserva imediato. Mas o 7 a 1 parece tatuado na sua testa, à faca. Como se fosse um personagem do Inglórios Bastardos. Ele era brincalhão, o rei das selfies. Tinha o maior apreço pelos jornalistas. No sucesso da Copa das Confederações, entrevistá-lo era uma delícia. Falava pelos cotovelos. Explicava nos mínimos detalhes cada questionamento. Não fazia distinção entre os órgãos de comunicação. Tratava uma rádio do Interior de Pernambuco com o mesmo apreço com que tratava a Globo. Mas isso foi no sucesso. Com o fracasso na Copa do Mundo, os sorrisos desapareceram. David Luiz se mostra cada vez mais tenso. Cada convocação é um sacrifício físico. Sente incomodado, irritado, cobrado. Suas respostas se tornaram curtas, atravessadas. Se são duras, ele faz questão de medir o repórter. Quando não, perguntar, de forma intimidadora, em que órgão trabalha. Com Dunga ele aprendeu que precisa ficar longe das selfies. E também tomou enorme enquadrada em relação às lágrimas. Acontecesse o que acontecesse nos gramados era para agir com profissionalismo, equilíbrio, personalidade.

Na Copa América de 2015, no Chile, ele viu seu grande parceiro de futebol e de vida, Thiago Silva, ser excomungado de vez da Seleção. Thiago conseguiu ficar mais tenso do que David. Carregava no lombo o fato de ter sido o capitão da fracassada Copa de 2014. Só faltava pedir desculpas cada vez que vestia a camisa amarela. Seu nível de stress chegou a um estágio inacreditável. Contra o Paraguai, ele deu um tapa na bola. Provocou pênalti infantil, proporcionou o gol que custou o empate. E a eliminação nas cobranças de pênaltis. Nunca mais foi chamado por Dunga. Thiago atua no PSG. David Luiz viu toda a dor que sentiu com o descaso da Seleção Brasileira que tanto ama. O cabeludo zagueiro continuou a ser chamado. Mas seu futebol passou a ser cada vez pior. É como se os nervos travassem sua velocidade, pesassem sobre seus ombros. Perdeu até a noção de espaço, onde deve se posicionar para cabecear uma bola para o goleiro. As falhas de David Luiz chegaram ao insuportável ontem contra o Uruguai.

Sua atuação no segundo tempo assustadora. Foi vaiado, xingado por torcedores. A assessoria de imprensa da CBF repetiu a mesma atitude covarde. Consentiu que David Luiz não desse entrevistas. O jogador pensa que é privilegiado com essa postura. Mas apenas aumenta ainda mais as críticas. Porque Davi Luiz foi peça fundamental para o Uruguai empatar o jogo que perdia por 2 a 0. Falhou nos dois tentos celestes e ainda deu um terceiro de presente para Suárez. O atacante chutou em cima de Alisson. Se dependesse do zagueiro brasileiro, a vitória seria do time de Tabárez. A confusa CBF a princípio divulgou que apenas Neymar estava suspenso, não atuaria contra os paraguaios. Mas depois, descobriu que David Luiz também havia tomado cartão amarelo. E está suspenso. Não irá para Assunção. Voltará para Paris.

E dificilmente retornará. Dunga já estava reparando no péssimo futebol do midiático jogador. A ponto de atrapalhar o sempre discreto e eficiente Miranda. Gil está treinando e atuando muito melhor com a camisa da Seleção. Forma uma dupla muito mais segura com o zagueiro do Atlético de Madrid. O treinador e Gilmar Rinaldi já falaram demais sobre David Luiz. Consideram que ele não consegue se livrar do estigma dos 7 a 1. A sua imagem com a camisa da Seleção provoca desconfiança. Remete ao fracasso. O jogador e o coordenador da Seleção sempre assistem aos vídeos dos jogos do Brasil. Mais calmos, tranquilos, analisam os principais erros. Os de David Luiz são individuais, não dependem do time, das ordens de Dunga.
A convocação de Felipe, para substituir o zagueiro suspenso, dá mostra o que Dunga deseja. Ele quer zagueiros discretos, firmes. De nada adianta ter dois atletas clássicos, talentosos com a bola nos pés, mas sem condições psicológicas para atuarem na Seleção? Por isso David Luiz deve passar a ser esquecido. Como foi Thiago Silva. O grande defensor do cabeludo beque do PSG é Neymar. São amigos, parceiros. Em toda a convocação estão juntos. Dão palpite, conversam com Dunga sobre o time. David Luiz é tratado como se fosse também um capitão. Ou era. O treinador da Seleção se mostra convencido.

A marca dos 7 a 1 está marcado na alma de David Luiz.

No inconsciente coletivo dos jornalistas, torcedores.

E patrocinadores.


Não é por acaso que eles viraram as costas ao zagueiro.

Foram oito em 2014.

DirecTV, Vivo, Seguros Unimed, Gatorade, Pepsi, TAM, Nike e Itaú.

Não quis fazer a nona, da marca de uma cerveja.

No Brasil, as empresas fogem de David Luiz.

Por conta da humilhação contra a Alemanha.

A Seleção também poderá deverá ficar no passado.

Dunga buscará novos zagueiros, sem traumas.

Sem nada tatuado na alma.

David Luiz e Thiago Silva terão muito o que conversar em Paris...



Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 26 Mar 2016 15:14:48

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