segunda-feira, 24 de outubro de 2016

A confirmação que a Odebrecht 'deu' o Itaquerão ao Corinthians para agradar Lula é um desastre. Sabota de vez os naming rights e os CIDS. Ninguém quer proximidade com a Lava Jato. Por isso, o desespero de Andrés Sanchez...

A confirmação que a Odebrecht 'deu' o Itaquerão ao Corinthians para agradar Lula é um desastre. Sabota de vez os naming rights e os CIDS. Ninguém quer proximidade com a Lava Jato. Por isso, o desespero de Andrés Sanchez...




"Itaquerão foi presente para Lula", diz Emílio Odebrecht. A Folha de São Paulo de ontem deixa claro. "A Lava Jato vai chegar ao Itaquerão." A reportagem de Mario Cesar Carvalho revelou que "Emílio, presidente do conselho de administração do grupo que leva o seu sobrenome, afirmou em acordo de delação, em fase de negociação, que o estádio construído pela empreiteira foi uma espécie de presente ao ex-presidente Lula, torcedor do time. O agrado, na versão de Emílio, foi uma retribuição à suposta ajuda de Lula ao grupo nos oito anos em que o petista comandou o país, de 2003 a 2010." A acusação é gravíssima. O presidente de um país privilegia uma construtora, com obras não só no Brasil, como na África e outros lugares onde é influente. E como agrado, seu clube do coração "ganha" um estádio. Andrés Sanches, o intermediário entre Corinthians e Lula, se apressou em dar sua versão ontem mesmo. Por meio de sua assessoria de imprensa. "(...)Alguém, por mais mal informado que seja, afirmar que o estádio foi um presente para quem quer que seja, quando a Arena Corinthians custou R$ 985 milhões mais juros do empréstimo, é no mínimo não ser razoável em sua forma de pensar. Como alguém dá algo para outro alguém e depois exige pagamento por isso? E mesmo não sabendo qual conotação desejou-se dar, faz-se necessário deixar claro que, através dos trabalhos que estão sendo realizados pela auditoria geral da obra, há objetivos bem definidos. O Corinthians cobrará da Construtora Odebrecht tudo o que deve, seja pelo não executado, superfaturado, o que tiver de ser refeito ou o que mais for detectado em prejuízo à instituição Corinthians. E ainda, quaisquer pessoas que participaram de atos que prejudicaram o Clube, também serão cobradas. O Clube em qualquer caso é a vítima, o lesado, logo deve ser ressarcido.(...)"

É preciso deixar bem claro o que acontece. Está cada vez mais evidente que houve o "agrado" da Odebrecht a Lula. Andrés sabe disso porque participou de reuniões com Emílio e o ex-presidente do Brasil. O ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, amigo íntimo de Andrés, também foi fundamental. Inimigo mortal do falecido presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio, Teixeira negou oito projetos de reformas do Morumbi para a Copa. E que teriam custado, no máximo, R$ 400 milhões. Juvêncio disse que o clube poderia enviar 300 projetos que Teixeira vetaria. Queria tirar a abertura do Mundial de 2014. E politicamente estava amarrado com São Paulo. Fez a Fifa aprovar um terreno em Itaquera para a construção de um novo estádio, que todos sabiam que custaria, pelo menos, R$ 1 bilhão. Graças a Lula, Andrés nunca negou, nega ou negará a influência do ex-presidente. Preferiu a retórica de que o Corinthians está tendo de pagar pelo "presente". Só que se esquece que toda a obra para a Copa do Mundo de 2014 teve incentivos fiscais, juros muito mais baixos que o mercado. Além disso, uma construtora à disposição. Por influência do ex-presidente, todo o apoio do BNDES. Tendo, inclusive, a Caixa Econômica Federal, assumindo a garantia do empréstimo levantado para pagamento do Itaquerão. A revista Época fez uma entrevista com Andrés, em 2011, onde ele deixa escancarado o que Emílio Odebrecht confirmou ontem, cinco anos depois. De tão explícito, o diálogo é assustador.
Andrés Sanchez– "O estádio do Corinthians custa 780 milhões. É mais de 1 bi, e vamos pagar 780. Ponto. A parte financeira ninguém mexeu. Só eu, o Lula e o Emílio Odebrecht. ÉPOCA - "O dia em que essa história vier a público, vai ficar feio para quem?" Sanchez - "Não vai ficar feio pra ninguém. Vai ficar, talvez, não imoral, mas difícil para o Lula.
Porque vão falar: “Pô, como é que uma empreiteira se submete a fazer isso? Por que o presidente pediu?”. É o que insinuam até hoje." É óbvio que é uma imoralidade. Um presidente se prestar a um papel desses. Como a Folha deixa de forma mais explícita. Sob governos do Partido dos Trabalhores, de 2003 a 2015, o faturamento do grupo Odebrecht multiplicou-se por sete, de R$ 17,3 bilhões para R$ 132 bilhões, em valores nominais (a inflação do período foi de 102%). Ou seja, era a construtora predileta de Lula. A influência de Lula no Itaquerão era algo sabido, mas nunca assumido entre os envolvidos. Mas a operação Lava Jato surgiu e investigou a fundo todas as negociações suspeitas neste país, nos últimos anos. A relação das construtoras com os presidentes da República levaram à prisão de inúmeras pessoas. Entre elas, Marcelo Odebrecht. Filho de Emílio, ele foi condenado a 19 anos e quatro meses.

Só havia uma solução para a diminuição da pena de Marcelo. A delação premiada. E seu pai, Emílio, resolveu passar todos os negócios a limpo. E chegou ao Itaquerão. Esse favorecimento de Lula é imoral. E se torna público na pior hora possível para o Corinthians. O desespero de Andrés Sanchez em tentar desmentir o que ele mesmo falou, se explica. O Corinthians não está conseguindo pagar o estádio. Desde abril, não paga os R$ 5,7 milhões das prestações. Tenta com a Caixa Econômica Federal um tempo maior para pagar a arena. O acordo de pagamento é primário e prejudica de forma desastrosa o Corinthians. A arrecadação dos jogos no estádio é, de forma obrigatória, desviada para o pagamento da arena. A previsão é que esse dinheiro seria suficiente para, em 12 anos, o clube ser dono, de fato do Itaquerão. Andrés dizia em entrevistas que o estádio seria pago em sete anos.

Questionado pela Folha, sua resposta, me maio, quando foi divulgado que apenas 6% do estádio tinha sido pago, não foi nada esclarecedoras, pelo contrário. "Eu falei que podemos pagar em sete anos, mas temos 12 para fazer isso. Por que você (repórter) não fala que está cheio de família, grupos de mulheres que hoje vão à arena? Que a grande maioria está respeitando seus lugares e o estádio enche quase no horário do jogo, pois as pessoas ficam nas lanchonetes? Que o estádio se esvazia em seis minutos? Que não tem fila e que raramente há algum problema?" As expectativas do Corinthians foram criminosamente exageradas. A arena deveria ter arrecadado R$ 112 milhões no ano passado, mas conseguiu apenas R$ 90 milhões. As previsões para 2016 são muito mais sombrias. O time despenca. Não conquistará sequer um título, ao contrário de 2015, quando foi hexacampeão brasileiro. Os recordes de pior audiência no Itaquerão se sucedem. Até agora, como mandante, o Corinthians chegou apenas a R$ 55,1 milhões. Nada menos do que R$ 56,9 milhões da média exigida para os 12 anos que deve pagar a arena. "Se o desempenho se repetir nos próximos anos, o Corinthians pode perder o estádio para a Odebrecht, segundo contrato do clube e um fundo que cuida do empreendimento", alerta a Folha. E não haverá Lula na presidência para defender o clube. A revelação do presente da Odebrecht surge no pior momento possível. Com o Corinthians travado no sonho de seis anos de vender os naming rights do estádio. Os R$ 400 milhões sonhados se mostram delírio. E os R$ 420 milhões de títulos autorizados pela prefeitura de São Paulo, os famosos CIDs, em indecente doação feita pelo ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, seguem encalhados. O Ministério Público insiste que Kassab não poderia dar essa ajuda financeira pública a um clube particular. As grandes empresas paulistanas querem distância desses títulos públicos. Só quem negociou alguns foi a própria Odebrecht para tentar incentivar o mercado. A tática não deu certo.

A situação do Itaquerão é caótica. Com os juros, o estádio já deverá custar R$ 1,6 bilhão. A participação de Lula ficou explícita, vexatória. Como o blog afirmou, acabou o amor ao ex-presidente.

Ele já foi expulso do Conselho Deliberativo.

O ex-vice Luiz Paulo Rosenberg delatou seu filho Luís Cláudio.

Ganhou R$ 500 mil do clube sem trabalhar.

Teria sido um agrado para retribuir outro agrado.

Lula nunca apareceu para ver seu time jogar no Itaquerão.

Acreditou que não precisasse.

Já havia dado a sua colaboração.

Acreditou que fosse histórica.

E, é.

Mas não da maneira que sonhava.

Ninguém quer proximidade com a Lava Jato.

O Itaquerão se transformou em um pesadelo.

Cada vez mais explícito e indecente...

   

Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 24 Oct 2016 07:54:26

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