Salários de R$ 250 mil. Multa para deixar o clube, R$ 750 mil. Esses eram os trunfos de Roberto de Andrade para "começar bem" 2017. Surpreender conselheiros, dirigentes, torcedores e imprensa e entregar a montagem do Corinthians para Dorival Júnior. Seria a resposta para tanta pressão, tantos questionamentos sobre o real motivo de não contratar Roger, ex-treinador do Grêmio. Pessoas próximas a Roberto sabem que é um troco. O técnico não quis deixar Porto Alegre quando foi procurado, antes de Cristóvão Borges. Agora que está desempregado, não interessa. A cúpula corintiana acompanhou com interesse o ressurgimento de Dorival Júnior. Muito mal aconselhado por seu procurador Carlos Leite, o treinador que fez um excepcional trabalho no Santos em 2010, se perdeu. De 2011 até 2014 trabalhou em seis clubes. Atlético Mineiro, Internacional, Flamengo, Vasco, Fluminense e Palmeiras. Oscilou de esperança a tampão. Estava completamente sem rumo. Nas entrevistas mostrava seu rancor com o futebol brasileiro. "O primeiro erro é na formação de jogadores. No Brasil, não há isso. O jogador não é formado, ele brota. Tem bom nível técnico e isso não basta. Na base não se ensina fundamento, não se ensina posicionamento tático. Não se cobra melhoria individual e em coletiva do garoto. E há uma superproteção muito grande. O garoto chega ao profissional pensando que sabe tudo." "Os dirigentes são imediatistas. Não fazem um planejamento anual. O treinador assume um time no início do ano e dez dias depois já está em um campeonato regional. Se perde a primeira, olham feio, se perde a segunda, está na corda bamba e se perde a terceira é demitido. Como analisar um trabalho assim? "A imprensa é muito imediatista e formadora de opinião. Comentarista bravo faz sucesso, então abusam disso. Fazem comentários ácidos sem levar em conta a situação do treinador, se teve ou não tempo para trabalhar. Jogam todo o ônus da derrota nas costas do treinador e não falam dos jogadores."
Além dessa entrevista ao UOL, Dorival seguiu mostrando muito rancor. Ele diminuiu depois que aproveitou o período desempregado para se reciclar na Europa. E esperou por um convite interessante, que oferecesse segurança e um tralho a longo prazo. Até voltar ao Santos no ano passado. Com a proteção de haver feito um trabalho excelente em 2010, interrompido pela briga com Neymar, ele conseguiu fazer outro trabalho consistente. E como interessa à diretoria corintiana: com jogadores baratos. Usando a experiência de jogadores rodados, importantes, como Renato e Ricardo Oliveira para dar sustentação psicológica aos jovens da base. Conseguiu ainda tirar o máximo de promessas como Gabriel Barbosa e Lucas Lima. E os firmá-los como jogadores da Seleção Brasileira. Tem toda sua participação na valorização de Gabriel.
Também no crescimento de atletas como Thiago Maia e Zeca, campeões olímpicos. Além de não ter medo de investir no mercado sul-americano. Errar até encontrar, por exemplo, Copete. Lógico que, sem recursos financeiros, assumidos pela diretoria santista, o time enfrentou durante o ano momentos de instabilidade. Conselheiros conhecidos historicamente por gritar o que pensam, não se conformam pela maneira defensiva, medrosa que muitas vezes Dorival monta a equipe quando atua fora de casa. Foram eles que amigos de Vanderlei Luxemburgo envenenaram. Insistiram que Modesto Roma estava pensando em trocar Dorival Júnior pelo técnico que fracassou na Segunda Divisão Chinesa. Diariamente, esses boatos foram alimentados. De forma insistente. Lógico que chegaram até Dorival. Ele suportou o quanto pôde. Até desabafar na semana passada. "Olha, falar sobre notícia plantada... Quem tinha que responder é o dono da matéria e o interesse. Sou contratado pelo Santos, o presidente tem meu telefone. O dia que ele achar que tenhamos que encerrar o trabalho, ele será o primeiro a se posicionar." Modesto Roma se posicionou. De forma até engraçada. "Vanderlei Luxemburgo no lugar do Dorival? É lenda urbana. Não tenho menor interesse de pensar em trocar de treinador. Tá tudo bem! Não tem porque pensar nisso. Na décima rodada do campeonato passado, o Santos estava na zona de rebaixamento, perdeu de 4 a 1 para o Goiás, e aí veio o Dorival. Desde a chegada dele, nós chegamos bem no Brasileiro, chegamos na final da Copa do Brasil, ganhamos o Paulista, estamos em quarto lugar no Brasileirão e estamos disputando a Copa do Brasil.
"Não é hora de começar a plantar noticia fria. Às vezes xingamos o Dorival? Xingamos. Técnico foi feito para ser xingado, mas, quando a gente coloca a razão, vemos o trabalho do Dorival." O dirigente deu essa declaração no começo do mês, na Fox Sports. Mas durante a semana passada soube que intermediários corintianos fechavam o cerco. Queriam seduzir Dorival Júnior. Ele viu a necessidade de uma conversa para segurar seu treinador. Embora ele tenha contrato até o final de 2017, a multa é baixa. Três salários. Como ele recebe R$ 250 mil, bastam R$ 750 mil. A conversa foi produtiva. Modesto ouviu Dorival. Percebeu que ele pretende continuar no Santos. Até por uma questão de lealdade. E pediu reforços para que o Santos possa disputar a Libertadores de 2017 sonhando em brigar pelo título. Com o assédio corintiano, Dorival deverá receber até um aumento. Não há a menor intenção de deixar o Santos. Assim como a diretoria nem cogita Luxemburgo. Ou seja, Roberto de Andrade deverá pensar em outro treinador. A surpresa que gostaria de anunciar após o Brasileiro não acontecerá...
Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 11 Oct 2016 09:59:49
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