quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Detalhes da fundamental vitória do Palmeiras nos bastidores. Derrotar a WTorre garantirá mais de R$ 1 bilhão ao clube. E pode fazer a construtora antecipar a entrega da arena. Paulo Nobre fez história...

Detalhes da fundamental vitória do Palmeiras nos bastidores. Derrotar a WTorre garantirá mais de R$ 1 bilhão ao clube. E pode fazer a construtora antecipar a entrega da arena. Paulo Nobre fez história...




A noite de terça-feira foi de comemoração no Palmeiras. Paulo Nobre quase foi carregado nos ombros por conselheiros e amigos. O presidente conseguiu sua maior vitória nos bastidores em quatro anos de poder. Reverteu juridicamente uma causa que o ex-presidente Arnaldo Tirone dava como perdida. A inimiga não poderia ser pior: a construtora WTorre. Graças a uma documentação mal redigida e que permitia dupla interpretação, havia sérias dúvidas sobre quem tinha o direito sobre as 44 mil cadeiras da nova arena palmeirense. A grosso modo, o acordo do estádio é este. Com o direito de explorar por 30 anos a arena, a WTorre gastou R$ 660 milhões na obra. Um terço do que custou o Itaquerão. E utilizado apenas iniciativa privada. O Corinthians apelou para o dinheiro público, com o aval do Partido dos Trabalhadores. O naming rights palmeirense foi fechado em 2013, vendido por 20 anos para a Seguradora Allianz por R$ 300 milhões. 95% deste dinheiro que é da construtora. 5% do Palmeiras. Mesma distribuição em relação aos camarotes. Sobre os shows, são 20% do aluguel do estádio, quando a arena passa a ter capacidade de 55 mil pessoas, com o uso do gramado, com as pessoas em pé. Os 1.500 lugares no prédio de estacionamento para carros são da WTorre. Ao contrário do Corinthians que usa o dinheiro da arrecadação para pagar o estádio, o Palmeiras conseguiu ficar com toda a arrecadação dos jogos. O que já foi uma grande vitória. Só que a discussão ficou por conta da posse das cadeiras. Por contrato estava claro que 10 mil eram e serão por 30 anos de uso da WTorre. O impasse fico em relação às outras 34 mil. É preciso ser explicado com muito cuidado. A posse da cadeira significa poder alugá-las anualmente. E o locatário para usá-las pagaria o preço do ingresso mais barato. O que significaria enorme prejuízo para o Palmeiras. E que mataria o seu plano de sócios-torcedores Avanti. A construtora já tem o seu, que batizou de Passaporte 2016, e que estava restrito aos dez mil lugares. O Avanti representa R$ 45 milhões anuais ao Palmeiras. Se a WTorre tivesse êxito, o clube deixaria de lucrar cerca de R$ 1 bilhão até o final dos 30 anos de contrato.

A bem da verdade, não foi o ex-presidente Luiz Gonzaga Belluzzo o responsável pelo estádio. O projeto foi apresentado pela WTorre a outro ex-presidente, Afonso Della Monica, em 2007. Ele ordenou que fosse feito um estudo sobre a viabilidade da nova arena. O Conselho Deliberativo aprovou a obra em 2008. Belluzzo assumiu em 2009 e deu prosseguimento ao acordo. O texto foi dúbio em relação à propriedade das cadeiras. A W.Torre insistiu desde a inauguração que tinha direito a todas as 44 mil. O Palmeiras sempre repetiu que no contrato assinado pelas duas partes estava claro que a construtora poderia explorar por 30 anos, dez mil cadeiras, descritas como especiais. Walter Torre cansou de repetir que tinha direito a todos os assentos e, o contrato apenas descrevia esses dez mil cadeiras como especiais. Os dirigentes do clube e da construtora tiveram inúmeras reuniões. Cada vez mais belicosas. Sabiam que muito dinheiro estava em jogo. O ex-presidente Arnaldo Tirone esteve a ponto de ceder. Quando Paulo Nobre assumiu inúmeros conselheiros importantes acreditavam que a batalha estava perdida. Mas o bilionário dirigente enfrentou Walter Torre. Quase houve conflito físico, briga por causa da questão. Não houve outra solução a não ser cumprir o que previa o contrato. Quando não houvesse concordância, um órgão neutro decidiria. Ele já estava escolhido pelos dois lados. A Câmara Fundação Getúlio Vargas de Conciliação e Arbitragem. Formada pelo presidente da Fundação Getulio Vargas, por dois Vice-Presidentes do Conselho Diretor. E mais um Diretor Executivo, um Diretor Jurídico e o Presidente da Comissão de Arbitragem. A decisão que saiu ontem não permite recurso. O Palmeiras venceu de forma definitiva. Terá direito de explorar as 34 mil cadeiras como quiser. E ainda conseguiu que provar que a WTorre não entregou o estádio no "padrão Fifa" como prometido. E ela terá de fazer pequenas melhorias. "Se o Palmeiras não vencesse essa disputa seria um desastre. As próximas três décadas estariam comprometidas", assegura Nobre.

Pela primeira vez em anos, correntes inimigas históricas no Conselho Deliberativo do clube comemoraram. A ala que comanda o clube, ligada umbilicalmente a Mustafá Contursi e a oposição radical, que segue os preceitos de Belluzzo. A construtora WTorre enfrenta problemas financeiros. Em janeiro, a A Real Arenas Empreendimentos Imobiliários S.A., seguimento criado pela construtora para administrar arena, registrava 367 protestos em cartórios de São Paulo e Barueri. Eles chegavam a R$ 14 milhões. Além disso, a construtora foi alvo da Lava-Jato. A recessão que o país está mergulhado também dificulta o surgimento de novas obras. Há conversas sigilosas sobre a possibilidade real de a WTorre vender sua parte no estádio para outra empresa. E o Palmeiras ter novo parceiro. A Crefisa é apontada por conselheiros como possível interessada. Ou até mesmo a WTorre aceitar um acordo financeiro e negociar a arena com o próprio clube, que não precisaria esperar 30 anos para ser dono, de verdade, de tudo o que o estádio rende. Foi a maior vitória nos bastidores de Paulo Nobre.

E que pode render mais de R$ 1 bilhão a mais nos próximo 30 anos. Ou até mais. Dar fôlego monetário para antecipar a posse de seu estádio. E melhor. Tornar o clube independente de verdade. Sem precisar do dinheiro de nenhum bilionário...



   

Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 05 Oct 2016 10:39:38

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