quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Rogério Ceni como escudo, comissão de Jorginho Paulista, torcida organizada, Under Armour, tentativa de desmoralização do Comitê de Ética. Os bastidores da corrida eleitoral no São Paulo. Cada vez mais pesados...

Rogério Ceni como escudo, comissão de Jorginho Paulista, torcida organizada, Under Armour, tentativa de desmoralização do Comitê de Ética. Os bastidores da corrida eleitoral no São Paulo. Cada vez mais pesados...




A eleição no São Paulo está marcada para abril de 2017. Leco assumiu a presidência graças à vexatória renúncia de Carlos Miguel Aidar. Ele teve de deixar o cargo diante de várias negociações suspeitas. Acabou até sendo expulso do Conselho Deliberativo do clube. Um dos mais estranhos foi a desistência do intermediário do contrato com a Under Armour. Diante da queixa de inúmeros conselheiros, em relação ao pagamento de R$ 18 milhões, ele simplesmente desistiu de receber. Mais estranho impossível. Desde o primeiro dia de seu mandato tampão, Leco está em campanha eleitoral. Quer um mandato inteiro, só seu. A primeira aposta vencer a Libertadores. Envolveu cerca de R$ 30 milhões na contratação de Maicon. Seu empréstimo junto ao Porto terminava antes das semifinais da Libertadores. Era comprar ou devolver. Mesmo com o São Paulo com mais de R$ 200 milhões em dívidas, contabilizada a parte do Profut, que o dirigente finge não existir, fez a enorme dívida com o zagueiro de 28 anos. O time perdeu e o dinheiro ficou para ser pago. Leco não acreditou que Edgardo Bauza pudesse ser contratado pela Argentina e, desesperado, teve de contratar seu substituto. Tirou Ricardo Gomes do Botafogo, ameaçado pelo rebaixamento. Com ele, o time foi eliminado da Copa do Brasil pelo Juventude, time da Terceira Divisão do país. E namora a zona do rebaixamento. Em campanha permanente, Leco sabe que o melhor para 2017 é ter um nome de impacto como treinador. E quer Rogério Ceni. Não importa se ele não tem experiência. Está envolvido em cursos e fará estágio com Jorge Sampaoli no Sevilla. Ter o maior ídolo da história do São Paulo ao seu lado é o que importa. O executivo de futebol, Marco Aurélio Cunha está trabalhando para tentar ter Ceni. Ele seria um ótimo escudo. Alguém para atrair a atenção da imprensa. Assumir a responsabilidade de tudo o que vier a acontecer no futebol. Maravilhoso para Leco. O presidente tampão também quer um nome forte para comandar o futebol com Marco Aurélio Cunha. O sonho era Muricy Ramalho. Mas com Leco, o tetracampeão brasileiro não aceita trabalhar. E assinou contrato com a TV Globo e o Sportv. Com o objetivo pequeno de não ser rebaixado, o São Paulo vai acabando a temporada. E Leco prometendo que tudo será melhor no próximo ano. Com reformulação e fortalecimento do elenco, novo treinador, nome forte no futebol. E planos de modernização do Morumbi. É o que ouvem os conselheiros que votarão em abril. Só que a situação não é tão cor de rosa, assim. Muito pelo contrário. Leco tem graves problemas políticos. Roberto Natel, vice presidente, fez questão de pedir demissão. Ele sentiu que estava sendo isolado e que Leco já articulava uma nova diretoria para concorrer a novo mandato. Natel é sobrinho do ex-governador Laudo Natel, homem de muita influência no clube. O rompimento foi traumático. E já posa como inimigo político de Leco, sonhando com a presidência. Natel saiu no final do mês passado. Leco queria deixar o cargo vago. Mas percebeu que precisa de apoio urgente. E trouxe o desembargador José Carlos Ferreira Alves. Ele já foi diretor de futebol, jurídico e secretário da presidência. Leco precisa dos votos e da respeitabilidade de Ferreira Alves. O motivo: até abril, mês da eleição, há a previsão de muitas questões jurídicas virem à tona. A Comissão de Ética do São Paulo está analisando vários casos pendentes e comprometedores. Entre eles, a comissão envolvendo Jorginho Paulista. O lateral foi contratado em 2002, quando Leco o diretor de futebol e responsável pela transação. A expectativa era que a negociação tivesse sido gratuita. Não foi. Havia uma comissão à ser paga à Prazan, empresa que se colocou como intermediária da transação. Foi exigido na época, R$ 732 mil. Era uma período de transição. Tanto o presidente que saía, Paulo Amaral, como o que assumia, Marcelo Portugal Gouvea, se recusaram a pagar a comissão. Mesmo assim, Jorginho seguiu no clube, como reserva de Gustavo Nery. Até ser dispensado.

A Prazan, empresa especializada em venda de máquinas e imobiliária, entrou na justiça. O São Paulo recorreu. E perdeu em todas as instâncias. A ação de execução tem o número 1035850-70.2015.8.26.0100. E com juros e correção, chega a mais de R$ 4,5 milhões. Membros da oposição entraram com um requerimento exigindo que Leco assuma a dívida. Como explicou o conselheiro Denis Ormrod. O trecho fundamental do requerimento. "Parece, assim, que o conselheiro Carlos Augusto de Barros e Silva causou prejuízo ao clube por abuso de mandato e que deve responder por isto, nos termos do artigo 79, do mesmo estatuto, e do artigo 1.016, do Código Civil. (…) Diante da gravidade do ora exposto, os conselheiros abaixo assinados requerem seu imediato encaminhamento à Comissão de Ética, para a devida apuração, de modo que o conselheiro Carlos Augusto de Barros e Silva responda pelo prejuízo de quase R$ 5 milhões que causou ao São Paulo F.C." O Conselho de Ética do São Paulo tem mostrado independência. Talvez até maior do que previa o presidente do Conselho Deliberativo, Marcelo Abranches Pupo Barboza. Mudou a postura decorativa de outros tempos. Foi o Conselho de Ética quem recomendou a expulsão do então presidente Carlos Miguel Aidar e do vice de futebol, Ataíde Gil Guerreiro, do Conselho Deliberativo. Com todas as provas expostas não houve interferência política que segurasse a dupla. Há outro caso interessante. O ex-vice-presidente social e esportes amadores do São Paulo, Antonio Donizetti Gonçalves, formalizou a acusação contra o atual vice-presidente de comunicações e marketing, José Francisco Manssur. Antonio Donizetti garante que o dirigente entregou a membros da Independente seus dados pessoais para ser agredido. Manssur nega ter passado os dados. Ou seja, as decisões do Comitê de Ética influenciarão a eleição do clube. E o que acontece no Morumbi? Uma campanha para tentar desacreditar as decisões do Comitê. E usando como arma o relatório final da investigação sobre o contrato de comissionamento com a Under Armour. O acordo previa o pagamento de R$ 18 milhões a Jack Banafsheha, dono da empresa Far East, sediada em Hong Kong, considerado um paraíso fiscal pelos membros da oposição na época. O contrato foi cancelado antes do pagamento da enorme quantia, mas a investigação interna continuou e concluiu que não houve danos ao clube, além de atestar a existência tanto da empresa, como do respectivo proprietário. Pedi explicações ao presidente da Comissão de Ética. José Roberto Ópice Blum as detalhou ao blog.

E ele detalhou o porque do veredicto. "Esse processo da Far East surgiu em função de uma Comissão Especial instituída pelo antigo presidente do Conselho Deliberativo e atual presidente do São Paulo, Carlos Augusto Barros e Silva. Ele nomeou a comissão, que tinha por objetivo, apenas analisar o contrato da Far East com o São Paulo. "Essa comissão preparou um relatório com 17 laudas. E apresenta sua conclusão. Houve por bem por parte do presidente do Conselho Deliberativo, diante dos reclamos de alguns grupos políticos, de mandar a Comissão de Ética para examinar se haveria ou não alguma infração ao Código de Ética. Exclusivamente ao Código de Ética! "A comissão que examinou o caso e declarou se ele era correto ou não era outra comissão, especificamente para esse fim. Nós só procuramos problemas relacionados à ética, repito. "A Comissão de Ética examinou o procedimento dos diretores, a existência do contrato, a veracidade ou não das afirmações e concluiu que o contrato não feriu o Código de Ética do São Paulo. Isso começa a ficar muito claro porque o contrato firmado entre São Paulo e "mister Jack" (Banafsheha) era lícito. Sendo lícito, a antiga diretoria desfez o negócio. E o fez com documentos provando que o senhor Jack desistia da comissão (de R$ 18 milhões). "Jack diz em um e-mail encaminhado ao ex-presidente, Carlos Miguel. "Entretanto, eu tenho outros negócios com meus sócios comerciais (Under Armour) que são muito mais importantes para mim. Por essa razao, eu Jack, considero o nosso contrato cancelado." "Portanto o destrato partiu do próprio interessado. Repito, ele abre mão porque diz que tem negócios mais importantes do que o contrato com o São Paulo. "A Comissão de Ética não aprovou nada. Quem aprovou foi a outra comissão, que foi constituída para analisar a negociação. Nós analisamos se a negociação feria o Código de Ética do São Paulo. E isso não aconteceu. "As atas das reuniões do então presidente Carlos Miguel Aidar mostram a postura dos dirigentes, as observações, aprovando ou desaprovando determinados atos, você pode concluir que esse negócio da Far East foi discutido pela diretoria. O vice jurídico diz que solicitou documentos da empresa ao governo de Hong Kong e que seriam apresentados aos conselheiros. Eles devem ter chegado. Porque em outra reunião, se chegou à conclusão que a comissão não seria paga à Far East. "Assim como outros contratos tiveram seus valores suspensos. Habib"s, Smartmove, AMVO, Orlando City e Far East Global Limited. Ou seja, não houve pagamento de qualquer espécie neste contrato. A desistência do maior interessado no contrato da Far East não foi do dia para a noite. "Depois, tem um detalhe muito importante. Contratos vultosos e que passem o período de gestão de quem foi eleito precisam ser aprovados pelo conselho. Esses contratos ultrapassavam o mandato daquela diretoria. E ao ultrapassarem o que acontece? Você tem prejuízos ou não? Quem poderia reclamar é quem sofreu o prejuízo. E não houve um centavo de prejuízo ao São Paulo.

"Se duvidava da existência do contrato com a Far East. E a Comissão de Ética confirmou que o contrato realmente existia. E que o São Paulo não teve prejuízo. Houve distrato e quitação, passada, presente e futura. Era só esta a nossa função. "Mesmo que se possa alegar que haveria a possibilidade de fraudes, não há como a Comissão de Ética punir. Porque para haver um crime, ele precisa ser realizado. Se não se consumar, não há crime. Eu quero matar alguém, reúno dez pessoas. Compramos metralhadora e tudo. E dois dias, desisto. Onde está o crime, aí? Não tem crime. Não há como tipificar crime." "Se houve estranhamento dessa desistência dos R$ 18 milhões, deveria ter sido matéria, observação da comissão específica. A Comissão de Ética não pode ficar com a responsabilidade que não é dela. Não podemos acusar sem prova. E aqui não há prova que foi afetado o Código de Ética. Não vou dar a minha opinião sobre o que decidiu a comissão especial designada pelo atual presidente do São Paulo. Não me cabe falar se alguém abriu mão de x ou y o z. O que Comissão de Ética tinha de fazer, fez." A conclusão da comissão especial que analisou, e aprovou o contrato, é uma desmoralização para a antiga diretoria. Descobriu que já havia contatos entre São Paulo e a Under Armour antes da chegada da Far East. Na sua conclusão cita até "em tese, negócio jurídico simulado". Com o não pagamento da comissão de R$ 18 milhões a Jack Banafsheha, não houve prejuízo ao São Paulo, apesar de "parecer" que os conselheiros que negociaram "não terem cumprido o dever de exercer suas funções com diligência e de acordo com o interesse do São Paulo Futebol Clube."

Consegui o parecer da Comissão Especial.

Tem 17 páginas.

E ele é absolutamente vago.

Mas segue por um caminho.

Como ninguém recebeu dinheiro com a milionária parceria com a Under Armour, ficou só a suspeita. Assim, não houve pedido de punição a ninguém. Não houve o crime. Quem assina a conclusão da comissão especial são Marcelo Marcucci Portugal Gouvêa, Artur Eliseu da Silva e Joandre Antônio Ferraz.

Esses são os pesados bastidores do São Paulo Futebol Clube.

A seis meses da eleição...


   

Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 20 Oct 2016 14:22:52

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