sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Desconfiança em Natal. Neymar poderia ter forçado suspensão para não jogar contra a Venezuela. Tite já iria preservá-lo para a Argentina. A verdade é que o maior ídolo do país, mais uma vez, não desfrutou tudo de bom que fez em campo. Inclusive seu 300º gol na carreira...

Desconfiança em Natal. Neymar poderia ter forçado suspensão para não jogar contra a Venezuela. Tite já iria preservá-lo para a Argentina. A verdade é que o maior ídolo do país, mais uma vez, não desfrutou tudo de bom que fez em campo. Inclusive seu 300º gol na carreira...




Neymar marcou seu 300º gol na carreira. Completou 49 deles na Seleção. Passou Zico. Só está atrás de Pelé (95), Ronaldo (62), Romário (55) e Bebeto (52). O jogador do Barcelona tem apenas 24 anos. Além do gol, deu assistência para os gols de Filipe Luís e Gabriel Jesus. Deu dribles desconsertantes. Colocou todo o seu raro talento em benefício do time. Foi o melhor em campo, disparado. Tinha tudo para ser reverenciado. Mas fugiu das entrevistas. Fez questão de não falar com jornalistas. O motivo ia além do desnecessário e profundo corte que tomou acima do supercílio direito, que o fez sangrar muito. Resultado de uma cotovelada covarde do boliviano Yasmani Duk. Neymar não queria falar sobre o segundo maior assunto entre os jornalistas que estavam em Natal. O primeiro foi o grande futebol do Brasil de Tite. O segundo, a dúvida se Neymar forçou seu cartão amarelo para não enfrentar a longa e desconfortável viagem até Mérida, onde o Brasil enfrentará a Venezuela, na terça-feira. Cartão que é encarado por alguns jornalistas como "bem-vindo" porque ficou zerado para enfrentar a Argentina, no Mineirão, dia 10 de novembro. A esmagadora maioria dos repórteres que cobre a Seleção estranhou o comportamento de Neymar ontem. Não deixou passar nenhuma provocação. Empurrou, foi empurrado. Chutou a bola no rosto de Azogue. Discutiu com o árbitro colombiano Wilson Lamouroux. Até que tomou o cartão amarelo depois de trocar empurrões com Azogue. Se conteve depois da advertência, até tomar a estúpida cotovelada de Duk, que não mereceu sequer cartão do desatento Lamouroux. A pancada abriu um corte feio. Sangrou muito. Rodrigo Lasmar foi obrigado a fazer um curativo, enquanto Tite o substituía para que tudo não ficasse pior. O medo é que Neymar revidasse, tomasse cartão vermelho direto e ficasse suspenso não só contra as venezuelanos. Mas também contra os argentinos. O que pouca gente sabe é que Tite e Edu Gaspar já haviam conversado. E havia enorme chance de o Brasil jogar contra a Venezuela sem Neymar. O treinador e o coordenador brasileiros receberam relatório do Barcelona sobre o desgaste do atleta. Ele vinha de dez partidas seguidas sem descanso. Tite, por uma questão de coerência, o levaria até Mérida. Ele é a principal estrela do time. E referência para todos os seus companheiros. Seu descanso seria junto com a delegação. Mas não deveria começar a partida. Deveria ficar no banco. Só entrando se houvesse extrema necessidade. O que, provavelmente, não deveria acontecer.

Pouco importaria se entrasse pendurado diante dos argentinos. Poderia tomar cartão amarelo. E não enfrentar o Peru, em Lima, dia 15 de novembro. Tite conseguiu, em tempo recorde, o que muitos duvidavam. Fazer o Brasil atuar de forma intensa, moderna, sem violentar as principais características dos seus jogadores. Foi além, fez Neymar passar a atuar como no Barcelona. Colocando todo o seu vasto repertório de dribles, lançamentos, infiltrações, visão periférica excepcional, a favor do time. Os adversários do Brasil, sob o comando de Mano Menezes, Felipão e Dunga, tinham uma certeza. Mal a bola caísse nos pés de Neymar, ele tentaria resolver a partida sozinho. Driblando até perder a bola. Foi assim que o Brasil perdeu a Olimpíada de Londres, na Copa do Mundo, na Copa América do Chile. Tite conseguiu mostrar a Neymar que ele faria parte de um time toda a vez que fosse convocado. Uma equipe com desenho tático, com todos os atletas sabendo muito bem o que fazer. Prometeu e cumpriu. Mal a bola cai no seu pé, ele tem opções de passe na direita, na esquerda, atrás, à frente. Ou, se quiser, tentar o drible. Ele nunca teve essas variações com os três ex-treinadores. Por isso, não há mais motivo para a recaída de Neymar. Era o grande jogador da partida. O de maior potencial em campo. Como acontece com Messi, quando atua pela Argentina. Cristiano Ronaldo em Portugal. Lógico que os adversários tentam desestabilizar emocionalmente o argentino e o português. E eles têm um poder de tolerância 50 vezes maior do que a de Neymar. Sabem que são os melhores do mundo. E principais armas de seus times. Não podem se nivelar a medíocres que os empurram, xingam, provocam, dão pontapés.

O maior revide é colocar o talento em favor de seu selecionado. Marcar dois, três gols. Dar quatro, cinco assistências. Driblar, tocar a bola de primeira, se movimentar. Enfim, cumprir sua missão de ser um dos melhores do mundo. Tite tem de ser ouvido por Neymar. O jogador do Barcelona, suspenso, já abandonou a delegação brasileira. Não irá para Mérida. Ele não tem esse costume, o de ficar com o grupo concentrado, quando não pode jogar. Ele tampouco atuará pelo Barcelona esse fim de semana. O treinador brasileiro, depois da partida de ontem, deixou claro. O quer descansando. Se recuperando da maratona de jogos que enfrentou. Lógico que não precisa ficar amarrado a uma cama. Ele tem 24 anos, é milionário, solteiro, estará de folga, poderá fazer o que quiser. Mas, por respeito aos companheiros de Seleção, Neymar deveria ser discreto. Aproveitar esse final de semana dançando, namorando, cantando. Fazendo o que quisesse. Como todos os jogadores fazem, sem exceção. Mas sem precisar postar fotos, vídeos nas redes sociais. Está mais do que na hora de perceber que isso desmoraliza os treinadores que o liberam para o descanso.

Mano, Felipão e Dunga passaram por esse desgaste desnecessário. Tite teria autoridade para exigir que seguisse concentrado com a Seleção Brasileira, apesar de suspenso. Não o fez. O liberou para descansar. Isso depois de enfrentar a imprensa que repetidas vezes o inqueriu se Neymar havia forçado o amarelo para não enfrentar a Venezuela. Se Neymar já está jogando para a Seleção, velho sonho que parecia impossível, está na hora de acertar seu comportamento. Desfrutar dos privilégios que Messi e Cristiano Ronaldo também têm, mas com discrição. Para não desgastar o treinador, desrespeitar os companheiros. Se Neymar forçou o amarelo e a suspensão, só ele poderá confirmar. Ou negar. Mas isso ninguém teve acesso. Porque outra vez, ele foi o único jogador a não dar entrevista após a partida. Nem para a "companheira" Globo, que monopoliza o futebol e a Seleção. O que é um direito seu. Pena. Apesar do corte, da suspensão, a hora era de celebração. 300 gols. Quinto artilheiro da história da Seleção Brasileira. Tudo isso com apenas 24 anos. Neymar vai desperdiçando momentos fantásticos. Não priva apenas os fãs de suas palavras, sua vibração. Ele também se priva. Não desfruta o privilégio de ser o maior ídolo brasileiro. Um dia vai entender. A vida passa muito rápido. Inclusive para Neymar da Silva Santos Júnior...



   

Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 07 Oct 2016 10:35:07

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