sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Rompimento entre Neto e Andrés Sanches movimenta a política corintiana. Antecipa a briga eleitoral pela presidência em 2021. Com os dois ex-grandes amigos se enfrentando nas urnas...

Rompimento entre Neto e Andrés Sanches movimenta a política corintiana. Antecipa a briga eleitoral pela presidência em 2021. Com os dois ex-grandes amigos se enfrentando nas urnas...




"Caro Espanhol, lembra? "Era assim que a turma do Corinthians te chamava quando você chegou lá na década de 90. Era um ilustre desconhecido quando eu fiz questão de te apresentar para as pessoas do clube. Andava comigo dentro do ônibus dos jogadores. Naquela oportunidade você era um rapaz humilde e sincero. Qualidades raras de se encontrar nas pessoas que vivem no meio do futebol. "Ficamos amigos, nossas famílias ficaram amigas e com o tempo você investiu em uma carreira política dentro do Corinthians. Articulou corretamente. Eu fui um grande apoiador da sua campanha, diga-se de passagem! Até porque àquela altura, em meados dos anos 2000, já via em você um dirigente corajoso e cheio de boas intenções. "Com o tempo apareciam muito mais os acertos que os erros. Comecei a enxergar na sua figura um dos maiores presidentes da história do futebol brasileiro. Exaltei sua imagem como poucos. Afinal como não valorizar o dirigente que proporcionou à Fiel a realização do sonho de ter o tão sonhado estádio? "Mas o tempo tratou de mudar as coisas. Não consigo mais reconhecer em você o Espanhol de 90. Vejo um homem vaidoso, prepotente e arrogante. Uma figura pública que maltrata a mídia em geral. Que se defende atacando. Que está sempre certo e nunca admite ser contrariado. "Hoje você, Andrés, não é mais meu amigo. Abriu mão da amizade para se unir com gente controversa. Não à toa responde a um montão de acusações de corrupção. "Mas posso falar a verdade? Eu não quero acreditar nisso. Prefiro pensar que você ainda é o Espanhol. E o Espanhol que conheci, com todos aqueles ideais, jamais faria algo que prejudicasse o Sport Club Corinthians Paulista. "Como andou falando por aí, você me ajudou sim. Eu também te ajudei. Só que a diferença entre nós é que eu optei por seguir o caminho do bem. Me juntar a quem me faz bem e me traz paz de espírito. Que me leve pra frente. Já você infelizmente não pode dizer o mesmo. E o tempo dirá quem tem razão nessa história. Boa sorte!" Foi nesta carta aberta a Andrés Sanchez, publicada ontem no seu blog, que Neto quis acabar publicamente com a amizade com Andrés Sanchez, o homem que domina o Corinthians desde 2007. O rompimento veio logo depois que foi tornada pública a sua intenção de se candidatar à presidência do clube, em 2021. Ele pode por ter dois mandatos como conselheiro. Aliás, ele foi eleito conselheiro em fevereiro de 2012 graças ao apoio de Andrés Sanchez, na chapa do ex-presidente, que também ganhou o cargo de Sanchez.

"A minha decepção com o Andrés é tão grande porque eu fui tão amigo do Andrés, fui tão solidário a ele... E ele me decepcionou. Primeiro: todas as pessoas que o ajudaram, ele excluiu. Todos os amigos que eram amigos dele "de fé", ele excluiu. "Todas as pessoas que poderiam fazer parte de um time forte para a "Renovação e Transparência" (grupo político que nasceu em 2007, quando Alberto Dualib foi afastado do Corinthians), ele excluiu. "Esse Andrés não é o Andrés que eu conhecia. "Esse não é o Andrés que eu amei. "Esse não é o Andrés que eu amava. "Ele ficou tão intragável nas suas entrevistas. No seu comportamento como dirigente. De superioridade em relação aos outros seres humanos. A minha decepção virou grande pena dele.

"Tenho contrato com a rede Bandeirantes até agosto 2018. Gostaria de renovar até 2020, se possível. E eu sou candidato à presidência do Corinthians em 2021. Eu quero descanso de ser comentarista, apresentador. Vou me preparar para ser presidente." O rompimento com Andrés e o lançamento da candidatura aconteceu na gravação do programa "Bola da Vez" da ESPN/Brasil. Andrés Sanchez respondeu em seguida, em nota de sua assessoria de imprensa. "Lamento que o Neto pense assim. Eu também poderia dizer que ele mudou muito. Mas prefiro não falar de minhas decepções com ele. Dizer não para as pessoas e colocar limites no que elas querem, faz perder amigos, mas assim consigo manter minha consciência tranquila. Quando os amigos dele sumiram, no momento mais complicado da vida dele, ele sabe bem o que fiz por ele. Éramos mais que amigos, mas como ele mesmo disse não somos mais, vamos em frente." O rompimento público é uma vitória para Roberto de Andrade, também rompido com Andrés. Ela surgiu no dia que o atual presidente corintiano passou por enorme vexame. Ele chegou a anunciar Fernando Alba como diretor adjunto de futebol do clube, cargo vago há 14 dias. Iria trabalhar com Flávio Adauto, jornalista, que aceitou o cargo de diretor de futebol. Adauto foi ex-diretor de comunicação de Alberto Dualib.

Horas depois de o nome de Alba, ex-diretor de esportes aquáticos, na gestão de Mario Gobbi, chegar aos veículos de comunicação, ele voltou atrás. Foi pressionado pelo grupo comandando por Andrés Sanchez. A determinação é isolar Roberto de Andrade. Alba deverá ter um cargo importante na eleição na chapa comandada por Sanchez e que deve ter como candidato a presidente, em 2018, Paulo Garcia, novo aliado de Andrés. Roberto de Andrade e Andres romperam porque o atual presidente não quis mais influência do seu mentor. Neto não se conformou em ver Sanchez aliado a Garcia, inimigo político de anos. O ex-jogador e o ex-presidente foram realmente muito amigos. E se ajudaram. O apresentador da TV Bandeirantes colocou sua popularidade a favor do dirigente. E Andrés o apoiou em várias situações pessoais e, principalmente, quando quis se tornar influente na política corintiana. Roberto de Andrade quer se aproximar de Neto. Torná-lo um aliado para que o dirigente possa chegar tranquilo ao final do seu mandato em 2018. O que parece não ser fácil. A guerra política é imensa. Mal Flávio Adauto avisou que assumiria o cargo, conselheiros receberam cópia de trocas de mensagens no whatsapp. Nelas, Adauto critica a atual diretoria. Isolado, Andrade vai fazer de conta que não sabe. Para não ter de desistir da nomeação e passar por outro vexame. Roberto Andrade deve usar a estratégia que consagrou Dualib na presidência. Em qualquer dificuldade, ele contratava. Depois de acertar a volta do problemático Jô, a busca agora é pelo meia Wagner, ex-Cruzeiro, que também está para ser dispensado do futebol chinês, como Jô. Diego Souza não se interessou em jogar no Parque São Jorge em 2017. Andrés sabia que Neto acalentava o desejo de ser presidente do Corinthians. E, no auge da amizade, se mostrava propenso em apoiá-lo. Mas depois do afastamento e do rompimento público, ontem, o meia poderá ter um candidato inesperado e muito forte em 2021. O próprio Andrés. Se a eleição fosse hoje, o deputado do PT ganharia fácil. Ele domina o Corinthians. Enquanto politicamente o clube ferve, o time passará 2016 em branco. Sem um título sequer. E com as dívidas com o Itaquerão travando a vida do clube...



   

Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 28 Oct 2016 06:55:02

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