terça-feira, 25 de outubro de 2016

Flamengo e Corinthians prejudicados na reta final do Brasileiro. Serão punidos pela selvageria no Maracanã. São meros reféns de vândalos, criminosos. 61 milhões de torcedores são preteridos pelas organizadas. Passou da hora delas serem extintas...

Flamengo e Corinthians prejudicados na reta final do Brasileiro. Serão punidos pela selvageria no Maracanã. São meros reféns de vândalos, criminosos. 61 milhões de torcedores são preteridos pelas organizadas. Passou da hora delas serem extintas...




Flamengo e Corinthians. Os clubes mais populares deste país. Os cariocas, com cerca de 33 milhões de torcedores. Os paulistas, 28 milhões. São 61 milhões de brasileiros. Mas estas duas associações esportivas que já foram campeãs mundiais são reféns de suas organizadas. Em plena reta final do Brasileiro de 2016, mais uma vez os clubes são prejudicados por vândalos, criminosos infiltrados nas arquibancadas. Conseguiram não só estragar um jogo emocionante. Mas vão prejudicar seriamente os clubes que juram amar nesta reta final de campeonato. O STJD acatou denúncias contra os flamenguistas e corintianos. Os clubes deverão pagar pela estupidez das organizadas. Perderão mandos de jogos. Justo agora quando faltam seis rodadas. O clube da Gávea luta para ser heptacampeão do país. O do Parque São Jorge sonha com uma vaga na Libertadores. Foram sabotados, traídos por criminosos que foram ao Maracanã para, em bando, agredir, machucar seus "rivais". Se alguém morrer, azar... As cenas já ganharam o mundo. E mostra o quanto o nossa legislação é frouxa. Os organizadores de jogos são incompetentes. Imaginam que vivem na pacífica Islândia e não na guerrilha urbana que se transformaram as ruas brasileiras. Em um jogo tão importante, não imaginaram que cerca de duas mil pessoas tentaram entrar no Maracanã sem pagar. Com ingressos falsos ou simplesmente tentando invadir, pulando, forçando as catracas da moderna arena. A grande maioria dos policiais teve de ir para a entrada do estádio. Deixando pouquíssimos para cuidar do espaço reservado aos corintianos. Foi a senha. O convite do Diabo. Os vândalos infiltrados nas organizadas paulistas partiram para as frágeis grades que os separavam dos flamenguistas. Eles se afastavam, mas provocavam, xingavam. Não acreditavam na loucura. Erraram. Os corintianos aos pontapés colocavam para baixo a grade, quando os poucos policiais tentaram impor sua autoridade. Com cassetetes e gás de pimenta, partiram para cima dos torcedores. Foi uma briga desigual. Dezenas contra centenas de vândalos. Policiais apanharam muito. Tomaram socos, pontapés. Os membros das organizadas pareciam ensandecidos. Enfrentavam de "mãos limpas" os cassetetes e o gás pimenta. Enquanto isso, famílias de flamenguistas e torcedores comuns se desesperavam. Tentavam sair o mais rápido possível do local. Sabiam o que viria pela frente. Se enxergavam não em um estádio de futebol, mas no meio de vândalos, ensandecidos, com sede de violência. Enquanto a briga acontecia, criminosos das organizadas flamenguistas já haviam chegado na grade rompida. E partiam para o confronto, enfrentando os paulistas. Como a partida não havia começado, o estádio todo acompanhava a grotesca cena. Membros das organizadas corintianas, flamenguistas e policiais se agredindo.

Os soldados que estavam na entrada do Maracanã correram para defender seus colegas. Se não chegassem, os policiais seriam massacrados. E eles chegaram decididos. Passaram a socar, chutar e dar golpes de cassetete e jatos de pimenta em quem estava perto. Os flamenguistas logo correram para o seu lado do estádio. Os corintianos foram intimidados, se encolheram. A selvageria acabou. O 2 a 2 aconteceu. Mas o comando da polícia do Rio de Janeiro acompanhou as cenas do início do confronto. Viu o quanto seus soldados apanharam. E a situação não iria ficar assim. Quando o jogo terminou. A PM não permitiu que os corintianos saíssem do estádio. Tiveram de ficar sentados. Com o estádio vazio, as mulheres foram liberadas. Os homens foram obrigados a tirar a camisa. Os policiais sabiam que os maiores agressores estavam tatuados. E compararam as cenas das brigas em tablets e celulares, até chegar aos culpados. Houve um flagrante exagero. Foi a reação diante da agressão aos soldados. Usaram a frouxidão da legislação em relação aos torcedores a favor da humilhação. O Lance! relato de um torcedor mostrando o que todos tiveram de passar por parte dos vândalos. Ele não quis se identificar, com medo de represálias. A primeira briga foi antes de o jogo começar. Vi torcedores do Flamengo correrem em direção ao setor onde estava a torcida do Corinthians, e os corintianos fizeram o mesmo em direção aos flamenguistas. Um dos corintianos quebrou a grade de proteção entre as duas torcidas e um policial ficou caído no chão. Nesse momento, me afastei e fui para um lugar seguro, na outra ponta da arquibancada. Começou o jogo e estava tudo normal, sem problema algum. A torcida do Corinthians estava fazendo a maior festa. No fim do primeiro tempo, três ou quatro policiais vieram na direção das organizadas do Timão e pediram as faixas, bandeiras e bandeirões. Ali, teve outro tumulto porque os caras não queriam entregar as coisas. Continuei longe, perto das cabines de imprensa.

No intervalo, mais uma briga. A gente estava na fila para comprar lanche e, do nada, pessoas com o rosto coberto vieram para cima com cassetetes e mandaram a gente voltar para a arquibancada. Não sei se era polícia ou exército, mas com certeza era alguma autoridade. A gente não estava fazendo nada de errado. O clima ficou tenso e me escondi no banheiro para não apanhar. Depois de dez minutos, voltei para o segundo tempo e tudo parecia normal de novo. Porém, a torcida do Corinthians já havia parado de cantar. Aos 30 minutos do segundo tempo, o locutor do estádio deu orientações sobre a saída dos flamenguistas e avisou que a torcida do Corinthians só ia sair após determinação da Polícia Militar. É comum a torcida visitante aguardar uns 40 minutos até que os donos da casa possam ir embora em segurança, mas a coisa ficou estranha quando a imprensa deixou as cabines e desceu para a zona mista. A PM chegou e mandou toda a torcida do Corinthians ir para o lugar mais alto da arquibancada e sentar em fileiras, todo mundo junto. Organizadas de um lado, torcedores comuns de outro. Longe do olhar da imprensa, a PM ia abrindo o vídeo da briga e procurando as pessoas que estavam envolvidas. Depois de uns 40 minutos, liberaram as mulheres. Assim que elas deixaram o estádio, a gente teve que ficar sem camisa e se sentar. Eles foram olhando um por um de nós. E aqueles que a PM achava que estava na briga, eram obrigados a descer por um corredor do estádio. Eu não sei o que aconteceu com eles lá. A imprensa voltou e começou a filmar a cena. Eles diziam: "Vocês tem sorte de que eles estão filmando, aqui é Rio de Janeiro, aqui é disciplina, corintiano tem que apanhar mesmo. Vocês são um bando de vagabundos". Tinha pai com filho pequeno, uma criança que estava do meu lado não tinha mais que dez anos. Esse pai estava muito perplexo. Explicou a situação à polícia e pediu para ir embora, mas o PM falou que se ele não calasse a boca, tomaria um tapa. Assim, os policiais foram identificando as pessoas e mandando quem eles achavam culpado descer por esse corredor. Depois, mandaram a gente por as camisas de volta e deram mais um chá de cadeira na gente. Por volta das 22h, mandaram a gente fazer uma fila para sair. A gente levantou e começou a descer de forma organizada, mas a PM fez uma espécie de corredor polonês. Totalmente a esmo, os caras deram cacetada na gente, jogaram spray de pimenta na nossa cara. Um amigo que estava comigo ia descendo descalço. A PM falou para ele colocar o chinelo, e quando ele obedeceu, o policial deu uma bicuda nele e mandou voltar para o fim da fila porque ele estava atrasando todo mundo. Ele voltou levando bica, tapa na cabeça. Ficou uns dez minutos apanhando e depois desceu de novo.

Quando a gente desceu e saiu do estádio, a PM gritou que se a gente não fosse embora em cinco minutos, ia apanhar mais. Então peguei o táxi e corri para a rodoviária. Foi totalmente humilhante, me senti desrespeitado. As pessoas que brigaram estão erradas e tem que pagar pelo que fizeram, mas generalizaram a torcida do Corinthians. Acabaram com a festa e com meu fim de semana. Ao invés de boas lembranças, vou lembrar do dia em que fui humilhado pela Polícia Militar do Rio de Janeiro. A maioria dos torcedores não fez nada e foi humilhada, teve seus direitos desrespeitados. Foi uma completa invasão. Antes de eu chegar na fila, quando ainda conseguia ver o campo, ouvia o barulho das pessoas apanhando. A gente já estava com isso na cabeça, de que ia apanhar. O pessoal dizia: "Se prepara que a gente vai levar um coro aqui"" Machuquei a mão, levei uma porrada de cassetete. Quando eu estava passando pelo corredor polonês, um policial jogou spray de pimenta direto na minha cara. Tinha um corrimão, eu estava segurando no corrimão e ele falou que não era para eu segurar. Por isso soltou o spray. Meu pulmão doía, nunca tinha sentido isso na vida. Eu não conseguia enxergar e ele falava que se eu não andasse, todo mundo ia apanhar. Os corintianos foram me empurrando porque eu não conseguia ver ou respirar, meu chinelo quebrou, minha mochila abriu, minhas coisas caíram no chão. A PM disse que se eu não acelerasse, ia levar porrada, mas se alguém me ultrapassasse na fila, ia levar mais porrada ainda. Foi totalmente uma ditadura, imposição de força por nada. A gente se sentiu muito humilhado pelo que eles fizeram. Eu vi que a PM está negando. Infelizmente, a gente não tem como provar o que aconteceu no Maracanã porque eles não deixaram pegar os celulares. Teve uma hora que um cara tentou mandar mensagem para alguém, a polícia fez ele descer para aquele corredor onde estavam os supostos envolvidos com a briga. "Pode ir lá para baixo", disseram. Essa parte do corredor ninguém filmou, só quem viu o que aconteceu foram os torcedores, os policiais e os funcionários do Maracanã, que usavam roupa verde. Eles não encostaram a mão na gente, mas ajudaram a PM a fazer o corredor polonês. Não tinha ninguém da mídia. A PM ficava dando volta e procurando por traços determinados nas pessoas. Um dos caras tinha uma tatuagem na perna direita, outro do lado esquerdo das costas, outro estava com uma camisa branca escrito "Vida Loka" nas costas. Quem tinha tatuagem, tinha que mostrar para eles verem se era igual a do vídeo da briga. Ninguém tentou se rebelar porque os caras estavam com cassetete na mão, arma no cinto, algema. Pensa, uns caras gritando com arma na sua cara, te xingado, difícil alguém tentar rebater porque sabia que ia apanhar muito. A gente tava com medo de ser torturado. Aqueles que eram chamados para descer estavam com medo de serem torturados. Um cara que tinha uma tatuagem no ombro esquerdo - não sei se estava na briga ou não -, foi parado pelos policiais. Eles viram a tatuagem é falaram: "É esse aqui". Veio um grupo de sete pessoas ver se era mesmo o cara, uns discordavam, outros concordavam. Até que um lembrou que o cara do vídeo usava boné. O rapaz tatuado abriu a mochila para mostrar que não tinha boné, alegando que não tinha nada a ver com a briga. Então um dos policiais pegou o boné de outro torcedor que não tinha nada a ver com a história, jogou na cara dele e disse: "Agora você tem boné. Pode descer". O cara foi quase chorando para lá. Foi uma total humilhação. Saí de São Paulo e fui para o Maracanã ver a partida e passar um domingo agradável com meus amigos vendo o time que torço. A ação da PM tirou toda a imagem positiva que tive do fim de semana. A maioria das pessoas que estavam ali não fizeram nada para receber o tratamento que receberam. Fomos desumanizados e humilhados pela ação da PM do Rio.
"O excesso foi por parte dos torcedores. Mantivemos contatos durante a semana inteira. Buscamos liberar os materiais solicitados (faixas). Fizemos a escolta desde a Barra do Piraí ao Maracanã. Os colocamos em segurança no estádio. Esses que cometeram agressão são uma verdadeira gangue. Não vão para ver o jogo. Mas, sim para digladiar", se defende o comandante do Grupamento Especial de Policiamento em Estádios, o major Silvio Luiz.

A PM carioca, no entanto, não deteve sequer um flamenguista. E vários deles foram filmados procurando a briga, buscando o vandalismo. Seriam facilmente reconhecidos. Mas não houve nem a tentativa. Os soldados detiveram 64 corintianos. Fizeram a triagem e chegaram a 31 membros das organizadas que seguiriam detidos no Rio. Eles são acusados de lesão corporal, dano qualificado, provocar tumulto em locais de jogos, resistência qualificada e associação criminosa. A delegada responsável pelas prisões, Jéssica de Almeida, confirmou que vários desses vândalos têm passagem pela polícia. Ou envolvidos em brigas nos estádios. Ou com drogas. O STJD suspendeu as organizadas do Corinthians dos jogos restantes do Brasileiro. E ainda interditou o setor Norte do Itaquerão, onde elas costumam ficar. Lugar onde não há cadeiras, porque mesmo corintianos, os vândalos as quebravam. O clube resolveu que a única solução é deixá-los em pé, no cimento. Fez o mesmo com as organizadas adversárias. O Corinthians assume que lida com pessoas que não conseguem sequer respeitar as cadeiras onde deveriam assistir aos jogos sentados. O Flamengo também foi denunciado por ser mandante do jogo. E não oferecer segurança aos torcedores. Deverá também perder mandos de jogos. Logo agora que o Maracanã foi reaberto, depois do período fechado por causa das Olimpíadas. A reação das direções dos clubes foi inversa. O Corinthians criticou o que chamou de "excesso" da polícia carioca contra seus torcedores. Enquanto o Flamengo parabenizou a ação dos policiais. Nenhum clube no Brasil tem uma relação tão escancarada com as organizadas. O Corinthians tem, desde 2007, seus presidentes intimamente ligados às torcidas. Andrés Sanchez fundou a Pavilhão Nove. Cujo nome é uma homenagem à ala mais perigosa do extinto presídio Carandiru. O delegado Mario Gobbi mobilizou advogados, políticos e até o ex-presidente Lula para defender os torcedores detidos na Bolívia, depois da morte por causa de um sinalizador do garoto Kevin Spada. E ainda não denunciou ninguém depois da invasão ao CT em janeiro de 2014. As inúmeras câmeras do local foram misteriosamente desligadas quando os vândalos invadiram para pressionar os jogadores. Ameaçando quebrar as pernas de Pato e Sheik. Bateram e roubaram celulares de funcionários. Ninguém prestou queixa.

Roberto de Andrade já teve de recorrer a seguranças para não ser agredido por membros das organizadas no Itaquerão. Teve sua sala invadida. Mas nunca prestou queixa. Não procurou a polícia.

O Corinthians já chegou a dar renda de seus jogos para o carnaval das organizadas. De forma clara, divulgada pela imprensa.

Em março deste ano, oito chefes de organizadas invadiram o CT do Flamengo. Tiveram acesso às instalações. Cobraram, intimidaram o executivo de futebol, Rodrigo Caetano e uma comissão de cinco jogadores. Todos ouviram calados as cobranças feitas aos gritos. A Polícia Militar não foi chamada.

O Flamengo também foi punido por uma selvagem briga entre suas organizadas com as do Palmeiras, em junho. O STJD deu o veredicto: três partidas como mandante sem a presença das torcidas organizadas, mantendo 20% do estádio fechado, e mais três jogos sem torcedores como visitante. Além de R$ 30 mil de multa, revertida em ações sociais.

Passou da hora de dar um basta.

Os dirigentes de Flamengo e Corinthians precisam optar. O que vale mais? O clube, os 61 milhões de torcedores ou as organizadas e seus vândalos, seus criminosos? A relação é completamente incompatível. Chega de medo, comprometimento.

Mas os dirigentes precisam do escudo da legislação.

Estádios de futebol não são um espaço sem lei. Onde vândalos, criminosos podem agredir, socar, dar pontapés em torcedores rivais ou policiais. Além dos clubes, os envolvidos nas brigas precisam enfrentar a legislação brasileira. Serem presos, ficarem longe da sociedade para recuperar a civilidade.

A punição precisa acontecer e ser divulgada. Para servir como exemplo a milhares de jovens que frequentam as diversas organizadas deste país. E se não der resultado, a pequena parte dos políticos de Brasília que não é corrupta, que trabalhe. E arrume uma maneira legal para extinguir as organizadas. Elas não trazem benefício algum ao futebol deste país. São rejeitadas, impedem famílias de ter o prazer de assistir a uma partida juntas nos estádios.

Mas parece que vale a previsão do coronel Marinho.

O comandante da arbitragem no CBF foi um dos melhores comandantes de policiamento de estádios no Brasil. Comandou o Batalhão de Choque de São Paulo por anos.

"Estamos esperando uma grande desgraça acontecer nos estádios. Só assim a legislação vai mudar. As pessoas vão ter coragem de resolver o grande problema que as organizadas se tornaram.

Infelizmente.

Só depois de uma grande desgraça.

E pelo jeito, ela vai chegar..."



imagens da Internet    


Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 25 Oct 2016 10:54:51

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