sábado, 15 de outubro de 2016

Presidentes do Palmeiras e do Flamengo mostram um pouco dos bastidores do futebol brasileiro. Fazem acusações gravíssimas. A CBF se cala. O título deste país é decidido fora de campo?

Presidentes do Palmeiras e do Flamengo mostram um pouco dos bastidores do futebol brasileiro. Fazem acusações gravíssimas. A CBF se cala. O título deste país é decidido fora de campo?




"Bruce Buffer, a voz do UFC, apresenta. Dois lutadores diferentes no octógono. De um lado, com luvas verdes, paulistano de 48 anos, bilionário, piloto de rali nas horas vagas. Apontado como o homem que reergueu um gigante. Emprestando do próprio bolso sem fundo, R$ 135 milhões. Nos últimos meses de mandato, tem tanto poder que fez seu sucessor, com a oposição não tendo coragem nem de apresentar candidato. Conseguiu usar na plenitude a mais bem localizada arena do país. Inclusive dobrando quem a construiu. Sonhando em acabar com o jejum de 22 anos de conquistas do Campeonato Brasileiro. Paaaaaaaulo de Almeida Nobre. Do outro lado, com luvas rubro negras. Carioca da gema, 63 anos. Ex-executivo do BNDES. Presidente apontado como exemplo por conseguir diminuir em mais de R$ 400 milhões as dívidas do clube. Usando como arma gestão moderna, transparente e a força do clube mais popular da América Latina. Inclusive junto ao governo federal, aos patrocinadores, à Globo. Precisa da conquista do Brasileiro de 2016 para calar críticos e provar que entende também de futebol. Eduaaaaaardo Carvalho de Bandeira de Mello. A luta durará oito últimas rodadas. O árbitro será Marco Polo del Nero..." Seria ótimo essa transloucada utopia, digna do mais alto nível de jornalismo gonzo, que os dois se enfrentassem no octógono. Fora de forma, sem excesso de proteína e aminoácidos, não trocariam socos, joelhadas voadoras, chaves de braço, cotoveladas. Sentariam e discutiriam sobre a guerra de influência nesta reta final de campeonato. Com os dois clubes que comandam estando separados apenas um ponto da liderança do Brasileiro. Mas não será assim. Bandeira de Mello representa cerca de 33 milhões de flamenguistas por esse país. Paulo Nobre, perto de 12 milhões. São cerca de 55 milhões de pessoas influenciadas pelas palavras destes dois homens. Fora o restante da população deste país. O duelo verbal coloca em dúvida a credibilidade do futebol. Tudo por causa do clássico Flamengo e Fluminense em Volta Redonda. "O Palmeiras não joga nos bastidores. Joga dentro de campo. Nós tínhamos ontem em campo o trio de arbitragem mais experiente do país. E com a pressão que os árbitros estão recebendo, mesmo um trio experiente demora 13 minutos para decidir sobre um gol. Foram 13 minutos numa reunião de condomínio, uma balburdia . Nunca vi aquilo. E pega muito mal isso. Você começa a colocar em dúvida a credibilidade do campeonato.

"Senhores, tivemos ontem no Rio o trio de arbitragem mais experiente do Brasil. Já foram para duas Copa do Mundo. Não dava para ter arbitragem mais experiente do que a de ontem. Mas árbitros são seres humanos e o ser humano é sujeito a pressão. Não é possível mais aceitar esse nível de pressão que estão fazendo no Brasileiro. Futebol se joga dentro de campo. Palmeiras foi considerado campeão do Século 20 por jogar futebol em campo. Palmeiras tem 12 títulos nacionais dentro de campo. Palmeiras foi rebaixado e voltou dentro de campo. Falta vergonha na cara no futebol brasileiro. "Ninguém vai levar esse campeonato na mão grande." Quando Paulo Nobre convoca uma coletiva e deixa nas entrelinhas que já houve campeonatos conquistados na "mão grande", tudo fica sob suspeita. O presidente da Sociedade Esportiva Palmeiras abre brecha a um questionamento que fere quem acredita na lisura de uma partida de futebol. Se há "mão grande", porque acompanhar o esporte de "cartas marcadas?". A resposta de Bandeira de Mello veio pesada.

"O que mancha a credibilidade do campeonato é a expulsão do Márcio Araújo no primeiro tempo daquele jogo. É colocar a Mancha Verde vestida de branco, bandidos vestidos de branco, embaixo do camarote do Flamengo. Escandaloso é encharcar a área do goleiro do Flamengo. "Isso é escândalo. Vergonha na cara? Queria que ele fosse mais explícito. Gostaria que as pessoas tivessem vergonha na cara. Gostaria também que as arbitragens fossem imparciais, que o Flamengo não tivesse sido prejudicado da forma absurda que foi contra o jogo contra o São Paulo. "Não gostaria que tivéssemos sido prejudicados no jogo contra o Palmeiras, que jogamos parte do primeiro tempo e todo o segundo tempo sem um cara importante que tomou dois amarelos. Não gostaria que tivéssemos sido prejudicados no último minuto contra o Santos, com um pênalti clamoroso. Não gostaria que tivéssemos sido prejudicados contra o Corinthians, que tivemos um jogador massacrado no primeiro tempo e ele nem se recuperou ainda." Os dois principais dirigentes das equipes, que estão em primeiro e segundo lugar no Campeonato Nacional, deixam claro. Não acreditam que na lisura da disputa. Isso é gravíssimo. O Campeonato Brasileiro já tem um nível muito baixo. Os melhores jogadores que nasceram neste país estão na Europa há muito tempo. Nem no continente sul-americano, os clubes daqui tem a primazia. Apesar de mais ricos. Há três anos, não há campeões da Libertadores falando português. Em 2014 foi o argentino San Lorenzo. Em 2015, o também argentino River Plate. E este ano, o colombiano Atlético Nacional venceu. O pior é que o futebol brasileiro não conseguiu nem fazer os segundos colocados nestas disputas. Em abril foi divulgada uma pesquisa que deveria ser levada a sério. O Instituto Paraná Pesquisa mostrou que a maioria dos brasileiros, 19,4%, não tem time preferido. Não torcem por nenhum. A falta de credibilidade foi um grande fator que afasta os brasileiros do esporte.

Se os próprios presidentes de Palmeiras e Flamengo colocam a honestidade do principal campeonato do país em dúvida, como seguir amando, acompanhando, perdendo horas de sono, de lazer, de trabalho assistindo futebol? A audiência do futebol no país caiu 22% nos últimos dez anos. E a CBF se cala. Pior. Se nega a tomar uma atitude obrigatória. Profissionalizar os árbitros. Pagar para que se dediquem 24 horas para sua profissão. Permitir que o Sindicato dos Árbitros seja realmente independente. Deixar que a Comissão de Arbitragem saia da sede da CBF. Tenha vida própria. Todos os presidentes que passaram pela CBF nunca deixaram. Quem mais deveria cuidar, preservar o futebol, não age. Incentiva a lenta morte de sua credibilidade. Como estará a cabeça de duas pessoas amanhã? O goiano Wilton Pereira Sampaio... E o mineiro Igor Junio Benevuto.

Eles apitam Internacional e Flamengo.

E Figueirense e Palmeiras.

É justa toda a desconfiança que estará sobre seus ombros?

Palmeirense e flamenguistas têm todo o direito de duvidar.

De questionar, de suspeitar.

Assim como qualquer torcedor.

Paulo Nobre e Bandeira de Mello deram a senha.

Questionam o próprio título que um dos dois conquistará.

Tornam impossível acreditar só no que acontece nos gramados.

O campeão brasileiro ganha a taça fora dos estádios?


   

Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 15 Oct 2016 12:50:37

Nenhum comentário:

Postar um comentário