quinta-feira, 23 de abril de 2015

Diretoria do Corinthians frustrada com Tite. A proteção a Sheik e a Vagner Love terá de acabar. Assim como a postura acovardada contra o São Paulo. Dirigentes não querem que o técnico repita os erros de 2013.

Diretoria do Corinthians frustrada com Tite. A proteção a Sheik e a Vagner Love terá de acabar. Assim como a postura acovardada contra o São Paulo. Dirigentes não querem que o técnico repita os erros de 2013.




Há um grande medo na direção do Corinthians. O trauma com algo já vivido, sofrido. E que custou um ano de frustração no Parque São Jorge. A proteção de Tite a jogadores que comprometem o time. A cegueira que domina o técnico quando alguém que confia o decepciona. Em 2013, ele se grudou à equipe campeã da Libertadores e Mundial. Não percebeu ou não quis perceber que ela estava cansada, envelhecida. Resultado, foi dispensado do Corinthians. Agora no seu retorno, sinais da "síndrome das ovelhinhas" o ronda novamente. A expressão se explica. Em 2001, o Grêmio, comandado por Tite, venceu a Copa do Brasil derrotando o Corinthians de Vanderlei Luxemburgo por 3 a 1. O título chamou a atenção do país ao então jovem treinador. Em 2003, o técnico seguia mantendo a base campeã. Mas o time não rendia. Um repórter do Zero Hora ligou para falar com o então presidente Flávio Obino. Ele não quis atender e pensou que houvesse desligado o celular. Não desligou. O jornalista ouviu então duras críticas do dirigente ao "pastor Tite e suas ovelhinhas", jogadores que mantinha apenas por lealdade, agradecimento à Copa do Brasil. 12 anos depois, o medo dos dirigentes corintianos em relação a Tite se prende a dois nomes: Emerson Sheik e Vagner Love. Por motivos diferentes, os dois seguem protegidos, blindados pelo treinador, mesmo depois do que estão mostrando em campo. O caso de Emerson é exemplar. O homem que manda no clube, Andrés Sanchez, o queria longe do Parque São Jorge. O atacante ganha R$ 520 mil mensais. E é detestado pela torcida desde que beijou na boca um dono de restaurante e colocou a foto na Internet. O jogador buscava desviar o foco por ter humilhado Tite. Ele se recusou a cumprimentar o treinador que o substituíra no confronto pelo Brasileiro, contra o Coritiba. Justo o técnico que havia implorado por sua renovação de contrato. Percebendo o erro, Sheik resolveu dar o beijinho e se dizer contra a homofobia. O efeito foi contrário. O ex-presidente e delegado Mario Gobbi permitiu que os chefes das organizadas fossem até ao treino do Corinthians e "enquadrassem" o atacante. Ele ouviu gritos, foi humilhado e se retratou. Disse que não era homossexual "porque não era são paulino". Mano Menezes o detestava. E o mandou para o Botafogo. Andrés o queria fora do Corinthians em 2015. Mas Tite insistiu, tinha certeza que ele seria importante na Libertadores. O jogador que fará 37 anos em setembro começou muito bem a temporada. Mas ontem voltou a aprontar, a se deixar dominar pelo ego como um juvenil. Rafael Tolói foi maldoso e pisou, de propósito, na sua canela. Sandro Meira Ricci deveria ter dado cartão vermelho ao são paulino. Nada fez. Emerson resolveu descontar. E deu um chute leve, sem bola, para derrubá-lo. Agressão estúpida e que mesmo sendo branda, merecia o vermelho. Deixou o Corinthians com dez jogadores com apenas 18 minutos de partida. Ele já é o jogador mais indisciplinado do elenco: são quatro amarelos e um vermelho em 2015.

Os dirigentes esperavam uma atitude firme de Tite após a derrota. Ele já se antecipou e disse que não punirá o atacante. "Claro que nós não queremos ter jogadores expulsos, tal qual coloquei quando nós vencemos em outras ocasiões. Eu tenho suficiente bagagem para não externar meus problemas, mas disciplina eu prezo muito. A equipe comete erros, está aqui para retomar, corrigir, mas não vou expor de forma pública. Não vou colocar "Ah, perdemos por isso, por aquilo"... Não vou!" Todos os setoristas, jornalistas que vão diariamente ao Corinthians, sabe da profunda amizade entre Tite e Sheik. A impressão de tratamento especial ao veterano jogador, fundamental na conquista da Libertadores de 2012, só ficou mais forte. Ele prejudicou de forma infantil o Corinthians ontem. De nada adianta postar foto mostrando a canela marcada pelo pisão de Tolói. Não se justifica derrubá-lo sem bola, de costas. Mereceu o cartão vermelho. Outra situação é a de Vagner Love. O jogador foi contratado por imposição do ex-presidente Mario Gobbi. Um dos seus últimos atos. Ofereceu contrato de ano e meio ao atacante. R$ 500 mil mensais. Fez de sua cabeça. Era sonho pessoal vê-lo vestindo a camisa corintiana. Desde 2005, quando quase foi contratado, Gobbi desejava materializar a transação. Mas o dirigente só justificou o que falou quando assumiu o cargo de diretor de futebol, cargo que ganhou como compensação por ter perdido a eleição para a presidência do Conselho Deliberativo. "Não entendo nada de futebol", garantiu em 2007. Oito anos depois, comprovou que não aprendeu. Vagner Love já era um jogador em decadência quando foi liberado pelo Shandong Luneng. Suas arrancadas, a velocidade, haviam ficado no passado distante. Mesmo assim, Gobbi o contratou sem consultar ninguém. Ordenou que o gerente de futebol, Edu Gaspar, fechasse a transação.

Com a dengue de Guerrero, Tite tinha duas opções. Fixar Danilo que estava dando muito certo improvisado no lugar do peruano. Ou colocar Love. O treinador percebia toda a vontade do jogador recém-chegado da China. Dos primeiros a chegar aos treinamentos e dos últimos a ir embora. Ele quer se reinventar. Só que há um detalhe que não fugiu do olhar dos jornalistas no Parque São Jorge: está treinando e jogando muito mal. Mesmo assim e, inexplicavelmente, o treinador foi dando chances que o atacante desperdiçou. Tem sido uma nulidade em jogos fundamentais como contra o Palmeiras e ontem diante do São Paulo. Os dirigentes também estão surpresos em relação ao emocional de Tite. O treinador que fez de 2014 um ano sabático, só de estudos. Destrinchou esquemas dos grandes clubes europeus. Impôs a intensidade nos primeiros jogos do Corinthians neste ano. Responsável pela invencibilidade de 26 partidas. Mas que demonstra não saber lidar com as decepções. O técnico impôs luto no Parque São Jorge depois da eliminação da final do Paulista para o Palmeiras. Proibiu seus jogadores de falarem antes da partida contra o São Paulo. Deixou o ambiente exageradamente tenso. O que só atrapalhou os nervos dos jogadores ontem no Morumbi. A postura tática, acovardada, no segundo tempo contra o Palmeiras e durante todo o jogo diante do São Paulo também reflete. Mesmo antes da expulsão de Sheik, o time já estava todo atrás, encolhido como uma equipe pequena. Conselheiros estão se queixando, irritados. Viram o mesmo Corinthians de 2013. Foi refreado o otimismo exagerado em relação a Tite. A eliminação e a derrota diante de dois rivais foram pesadas demais. Tudo fica pior porque o treinador toma a frente do grupo. Sutilmente quer que a diretoria resolva o problema dos atrasos. Nos direitos de imagem, nos salários e até premiação pela classificação à Libertadores. Os dirigentes tentam um empréstimo com a Caixa Econômica Federal. A dívida já ultrapassaria R$ 20 milhões. Em meio a tudo isso, as duas únicas notícias boas são a volta de Guerrero ao treinamento, já livre da dengue. E a certeza que o Guarany do Paraguai é um adversário mais fácil nas oitavas do que qualquer brasileiro. Se conseguir eliminá-lo, o próximo confronto nas quartas, também não assusta: o vencedor de Racing e os uruguaios do Wanderers. Ou seja, adversário de primeiro nível só na semifinal da Libertadores. Até lá, muita coisa deve mudar no Corinthians. Roberto de Andrade e Andrés não querem novo 2013. O time precisa voltar a vencer. Até porque precisam desesperadamente do dinheiro que a Libertadores pode trazer aos combalidos cofres corintianos...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 23 Apr 2015 11:38:17

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