sábado, 25 de abril de 2015

Outra vez, Valdivia não joga uma decisão pelo Palmeiras. Por isso Alexandre Mattos o quer longe. O problema é o amadorismo de Paulo Nobre, que age como um torcedor e não como presidente...

Outra vez, Valdivia não joga uma decisão pelo Palmeiras. Por isso Alexandre Mattos o quer longe. O problema é o amadorismo de Paulo Nobre, que age como um torcedor e não como presidente...




Alexandre Mattos aprendeu no América Mineiro, onde começou. Observava como os rivais Cruzeiro e Atlético agiam de forma amadora. Pensava no que faria se tivesse os recursos da dupla poderosa de Belo Horizonte. A oportunidade surgiu em 2012. Quando foi convidado para trabalhar no Cruzeiro. Logo ao chegar mostrou seu maior ensinamento. O de ser prático. Para ele, o grande problema dos dirigentes sempre foi agir como torcedores. Se apegar aos jogadores, geralmente o ídolo. O importante era analisar a situação com clareza, firmeza. Como se fosse em uma empresa. Foi assim que agiu com Montillo e Diego Souza. O argentino era o grande ídolo cruzeirense. A torcida o adorava. Mas ele dava demonstrações de instabilidade. E sofria muito como problemas com Santino, seu segundo filho. Nascido com Síndrome de Down, a adaptação familiar estava sendo muito difícil. Principalmente com as ausências obrigatórias do pai, como jogador de futebol. A situação estava ficando insustentável, mas a cúpula cruzeirense não queria abrir mão do seu ídolo maior. Ainda mais que equipes como Corinthians, Flamengo, Grêmio e São Paulo procuraram diretamente seu procurador. Havia a necessidade de uma profunda reformulação no elenco.Só que os cofres estavam vazios. Foi quando Alexandre marcou uma reunião com o presidente Gilvan Tavares. Tinha uma proposta real firme do Santos. O clube do litoral paulista havia sido ético e o procurado primeiro, querendo comprar o atleta. Gilvan titubeou. Mattos afirmou que a hora era de vender. E se comprometeu com o dinheiro montar a base de um novo time. O dirigente acreditou e liberou a transação. Foram seis milhões de euros, na época, R$ 16,2 milhões, por 60% dos direitos que pertenciam ao Cruzeiro. E mais o retorno do volante Henrique. O jogador que deveria ser o substituto de Montillo, na idolatria da torcida, tinha nome e sobrenome. Diego Souza. A transação havia sido acertada dois meses antes da saía do argentino. Mattos usou a sua rapidez e se antecipou a vários concorrentes e fechou com o jogador com problemas contratuais com o Al Ittihad da Arábia Saudita. Firmou contrato de três anos.

Mas bastaram os primeiros meses, o egocentrismo e a dificuldade em entrar em forma do meia ficaram nítidos. Em sete meses ele já era despachado para o Metalist. Lucrou R$ 9 milhões e ainda ficou com o atacante Willian emprestado por um ano. Ainda se livrou de R$ 400 mil em salários. Negócio que o tempo mostrou ser excelente. Assim como a venda de Montillo. O dinheiro da negociação dos dois foi fundamental na formação do atual bicampeão brasileiro. Essas experiências com Montillo e Diego Souza fortaleceram a certeza de Mattos: Valdivia tem de ir embora do Palmeiras, não renovar. O dirigente já vem defendendo essa tese desde que foi contratado. Considera o maior erro de Paulo Nobre essa dependência do chileno. A dos torcedores, Alexandre compreende. Coloca na conta da paixão irracional. Da angústia do trauma de dois rebaixamentos seguidos e de times lastimáveis formados por diretorias incompetentes. Mas não perdoa a devoção do presidente do clube, executivo, bilionário investidor financeiro. Toda frieza e objetividade de Paulo Nobre terminam quando o assunto é Valdivia. Ele se incomoda com a postura firme do dirigente. Sabe que ele não deseja a renovação com o jogador. Já ouviu os argumentos irrefutáveis que ele não atuou nem metade das partidas que o Palmeiras disputou nos últimos cinco anos. Do quanto tumultuou os departamentos médico e de fisioterapia do clube, levando muito mais tempo para se recuperar de contusões comuns. Nesses períodos de recuperação foi visto em baladas e até Carnaval. Mas Nobre continua firme. E foi duro com a direção do Cruzeiro que procurou o pai do atleta, tentando contratá-lo. Pediu ética. E disse que deseja seguir com ele. Gilvan Tavares se desculpou e disse que não assediaria mais o jogador.

Mattos aprendeu com Marcelo Oliveira a importância do respeito dos jogadores ao treinador, à hierarquia. Sabe que os abusos, os privilégios sabotam o ambiente de qualquer time de futebol. O que Valdivia fez no jogo contra o Corinthians foi deprimente. Ao ver que seria substituído, as câmeras flagraram ele falando claramente "puta que o pariu". Depois caminhou em direção ao banco. Oswaldo de Oliveira costuma cumprimentar os atletas que tira das partidas. O chileno sabe disso. O treinador andou na sua direção. Sua mão ficou no ar, enquanto gritava "Val", "Val". O jogador seguiu reto. Desmoralização. No Palmeiras todos tentaram minimizar a situação. Valdivia ironizou, disse que não ouviu. Oswaldo preferiu comemorar a vitória nos pênaltis. Paulo Nobre não quis nem comentar o assunto. Como se não tivesse existido. Assim agiram quase todos no Palestra Itália, afinal, amanhã o clube começa a decidir o Paulista. Todos os ingressos no seu estádio foram vendidos. Um sucesso. Não haveria porque tocar em fatos negativos. Como a humilhação que sofreu do jogador que só apoiou desde que foi contratado. Mas não é o que pensa Alexandre Mattos. Ele ficou mais certo ainda de que não vale a pena sequer pensar em renovar o contrato do meia. Tanto que contratou Cleiton Xavier, Robinho, Alan Patrick para a posição. E também apostou no chileno Arancibia, de 18 anos, apontado como grande revelação do futebol andino. Fora o grande sonho: o argentino Conca, que será mais uma vez sondado. Empresários afirmam que, outra vez, ele já estaria disposto a voltar da China. O Palmeiras deve tentar seu empréstimo do Shanghai SIPG. Isso se aceitar reduzir seu incrível salário de R$ 2 milhões. Se não der certo, Mattos quer outro meia de prestígio, menos Valdivia.

Oswaldo acompanhava de perto, brigava pela permanência de Valdivia. Mas está muito desgostoso pela humilhação que passou no domingo. Deixou de ser fervoroso defensor do jogador. Pelo contrário, até. Só quer, se ele sair, um atleta com grande potencial para a posição fundamental no time. A contusão no joelho esquerdo que o impedirá de atuar amanhã contra o Santos, deveria ter ficado em segredo. Ser uma surpresa para Marcelo Fernandes. Mas inexplicavelmente vazou. Os dirigentes querem saber quem passou a informação aos jornalistas. E qual o interesse. Desde 2008, quando o ex-presidente Belluzzo comprometeu R$ 23 milhões para trazê-lo de volta, o Palmeiras só pôde utilizá-lo em 141 partidas. Como o clube jogou 320 vezes, o meia ficou de fora 159 vezes, exatos 56%. E conseguiu marcar em cinco anos apenas 17 gols.

Perdeu a fase decisiva da Sul-Americana de 2010 por causa de uma fibrose na coxa esquerda; em 2011, rompeu o músculo posterior da coxa esquerda ao tentar o "chute no vácuo" contra o Corinthians. Não jogou na eliminação da Copa do Brasil para o Coritiba. Em 2012, foi expulso no primeiro jogo na decisão da Copa do Brasil. Nos jogos decisivos do Brasileiro, do mesmo ano, que culminaram com o rebaixamento, ele também não estava: teve uma contusão no joelho direito. Em 2013, distensão na coxa direita o tirou das quartas-de-final do Paulista e das oitava da Libertadores, contra o Tijuana. Na Copa do Brasil, quando o Palmeiras foi eliminado pelo Atlético Paranaense, não jogou por causa de um edema. Em 2014, jogou a semifinal do Paulista contra o Ituano machucado e o time foi eliminado. Também entrou contundido na partida em que o Atlético Mineiro tirou o clube da Copa do Brasil. Atuou contundido na partida contra o Atlético Paranaense. Por isso ficou mais de três meses sem jogar em 2015. E já ficará de fora amanhã, no primeiro jogo decisivo do Paulista contra o Santos. Valdivia ganha R$ 475 mil desde agosto de 2010. Completando cinco anos serão R$ 23 milhões e setecentos e cinquenta mil reais de custos, só de salários. Fora os encargos, impostos. No total, o meia custará ao Palmeiras cerca de R$ 50 milhões neste seu retorno. O jogador completará 32 anos em outubro. O executivo do futebol espera que Paulo Nobre tenha o mínimo de consciência para perceber o erro que será renovar com o meia. Mas há o temor: a alegria pela eventual conquista do Paulista pode novamente fazer com que o presidente continue a agir como torcedor. E ofereça mais dois anos de regalias ao chileno. Infelizmente, Alexandre Mattos não está podendo ser o executivo competente que tanto sucesso fez em Minas Gerais. O incrível amadorismo de Paulo Nobre em relação a Valdivia não deixa...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 25 Apr 2015 11:48:03

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