sexta-feira, 17 de abril de 2015

Tite. O homem mais pressionado no futebol brasileiro. Mesmo com o Corinthians classificado, Andrés Sanchez e toda diretoria exigem que elimine o São Paulo da Libertadores, em pleno Morumbi...

Tite. O homem mais pressionado no futebol brasileiro. Mesmo com o Corinthians classificado, Andrés Sanchez e toda diretoria exigem que elimine o São Paulo da Libertadores, em pleno Morumbi...




"Isso é uma baixaria que não serve para mim! Para mim, não serve! Esse tipo de ilação não serve! Tenho respeito às pessoas e instituições. Não sou técnico do Corinthians, eu estou técnico. Ninguém vai levantar a minha condição! Ninguém! Tenho muito orgulho da minha carreira! Muito!" Estas foram as declarações que mais repercutiram depois do 0 a 0 entre Corinthians e San Lorenzo. O resultado frustrou as 40 mil pessoas que lotaram o Itaquerão. Mas classificou o time para as semifinais. Só que teve um efeito colateral que perturba o treinador corintiano. Está nas mãos do Corinthians a sequência do São Paulo na Libertadores. Na última rodada da fase de classificação de grupos, o San Lorenzo enfrentará o eliminado Danúbio. O fraco time uruguaio perdeu todos os seus cinco jogos. Tomou 14 gols e marcou apenas três. A partida será em Buenos Aires. Bastará uma vitória simples, por 1 a 0 que o argentino se classifica. Desde que... O São Paulo perca no Morumbi para os corintianos. Se houver empate, o San Lorenzo terá de vencer por 5 a 0. Se o time de Milton Cruz ganhar, se classifica para os mata-matas. Ou seja. Tudo depende do desempenho do time de Tite. Esperto demais Edgardo Bauza, bicampeão da Libertadores, fez sua obrigação. E repassou a responsabilidade ao técnico corintiano toneladas de responsabilidade. "Acho que o Corinthians vai fazer de tudo para não deixar vivo um grande rival e poder pegá-lo em uma quartas de final ou semifinal, o que seria terrível." Foi hábil com as palavras. Ou seja, o momento para abater, alijar o São Paulo da competição é agora. De acordo com seu raciocínio, o Corinthians não pode jogar sem determinação só porque está classificado. No futuro da Libertadores pode pagar caro, ser eliminado pelo rival. Lógico que, se Tite seguir as indicações e vencer o jogo da próxima quarta, dá uma ajuda enorme ao San Lorenzo. Era tudo o que Tite não precisava ouvir. Pessoas próximas a ele sentem que está uma pilha de nervos. Já tem a responsabilidade de eliminar o Palmeiras, chegar à final do Paulista. Não pode se dar ao luxo de poupar jogadores e ser crucificado se o Corinthians desperdiçar sua primeira semifinal no Itaquerão. Ainda mais com o principal adversário da história do clube.

E três dias depois, o Brasil e a Argentina acompanharão com todo o interesse a maneira com que seu time enfrentará o São Paulo. Para um treinador que deseja alçar vôos maiores, como dirigir a Seleção Brasileira e clubes europeus, o fracasso teria peso enorme. Mesmo sem qualquer culpa, seu nome poderia ficar amarrado a uma "mutreta" para classificar os dois brasileiros e eliminar o San Lorenzo. O peso do clássico poderia ser desprezado. Para dar maior dramaticidade à situação, há o lado físico e mental dos atletas corintianos. Fábio Mahseredjian já avisou que atletas estão sentindo o desgaste dos jogos decisivos. Assim como toda a pressão psicológica, o stress. De maneira sutil, no segundo tempo da partida de ontem, Tite mandou seu time diminuir o ritmo. Sim, o Corinthians queria vencer. Mas não mais exercia a marcação pressão na saída de bola adversária, sua marca registrada. Nem se desdobrava para preencher o espaço. Tirar o oxigênio dos argentinos. Os 40 mil corintianos no Itaquerão perceberam. Gritavam, cantavam, incentivavam. Faziam sua parte. Mas sentiam que a disposição do início do jogo não era a mesma. Por isso deixaram o estádio frustrados. O treinador corintiano estava fazendo sua obrigação. Ele precisava da energia dos seus jogadores no domingo e na quarta-feira. De uma maneira fria, calculista, tinha a perfeita noção que o 0 a 0, o empate servia. A disputa para ser primeiro na classificação geral não valeria a pena. Pelo simples motivo que a tabela o ajudou. Mostrou que o pior adversário, prêmio para o time que mais pontos acumula na fase de grupos, não era nada interessante: o tradicional River Plate. Que o Boca Juniors, com sua campanha impecável de seis vitórias em seis jogos, que ficasse com o privilégio. O Tigres do México somou 14 pontos nos seus confrontos. O Corinthians tem 13 se vencer o São Paulo ficará com 16 e passará a ser o segundo colocado na classificação geral. Ganha o bônus de decidir suas partidas no mata-mata em casa. Até uma eventual final. Desde que o adversário não seja o Boca, líder geral. Tite está absolutamente pressionado. Andrés Sanchez odeia Carlos Miguel Aidar. Não o perdoa por tê-lo chamado de mestre de obras. Ridicularizou o Itaquerão. E mostrou de forma crua o envolvimento do ex-presidente Lula na obra.

"Havia uma determinação do presidente da República para uma construtora fazer um estádio novo. E ele não torce para o São Paulo, ele torce para o Corinthians. E mandou fazer. A construtora disse sim, senhor, e fez o estádio. Está lá. Cheio de problemas. O Corinthians não é o dono do estádio, é da construtora. Ele nunca vai conseguir pagar aquele dinheiro." E foi além. "O Itaquerão não vai ter show. Aquilo é outro mundo, é outro país, não dá para chegar lá." Aidar disse e manteve sua opinião quando se encontrou cara a cara com Andrés Sanchez no restaurante Lellis, no luxuoso bairro dos Jardins, em São Paulo. O ódio entre os dois só cresceu do ano passado para cá. Andrés e Carlos Miguel lutam para comandar uma liga independente e enfrentar a CBF. O São Paulo quer acabar com a regalia corintiana de receber cota muito maior da Globo para mostrar seus jogos. O corintiano exige manter o privilégio por dar mais audiência. O presidente Roberto de Andrade sabe o quanto é importante para Andrés ter o Corinthians eliminando o São Paulo. Logo na primeira fase. Ainda mais dentro do Morumbi. Seria o prazer quase comparável ao título. A desmoralização pública do "elitista" Carlos Miguel Aidar.

Roberto de Andrade foi quem enfrentou o ex-Mario Gobbi para recontratar Tite e despachar Mano Menezes. A dívida pessoal do treinador corintiano com Roberto é imensa. E ele sabe o quanto é importante para o atual presidente eliminar o rival. Tite já estava sem saída. Sabe que é terrível ter a obrigação de vencer dois clássicos seguidos. Principalmente o contra o São Paulo, com o time já classificado e que poderia se poupar, para uma eventual disputa de final do Campeonato Paulista. Só que esta hipótese não existe. O Corinthians não terá de dar a vida para derrotar o São Paulo na próxima quarta. Não pelo San Lorenzo e seu esperto técnico Edgardo Bauza. Mas sim pela sequência de sua carreira, por Roberto de Andrade, por Andrés Sanchez e pelos torcedores. O destino do São Paulo Futebol Clube na Libertadores está nas mãos de Adenor Leonardo Bacchi. Até a quarta-feira, depois da meia-noite, ele é o homem mais pressionado do futebol deste país...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 17 Apr 2015 09:26:29

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