quinta-feira, 23 de abril de 2015

O São Paulo redescobriu sua alma. Fez o que quis do Corinthians de Tite. 2 a 0 foi pouco. E também se classificou para os mata-matas da Libertadores. A noite foi de delírio no Morumbi...

O São Paulo redescobriu sua alma. Fez o que quis do Corinthians de Tite. 2 a 0 foi pouco. E também se classificou para os mata-matas da Libertadores. A noite foi de delírio no Morumbi...




O São Paulo redescobriu sua alma. Fez sua melhor partida desde dezembro de 2012, quando foi campeão da Sul-Americana contra o Tigre. Hoje no Morumbi, o time de Milton Cruz fez o que quis do Corinthians de Tite. Quebrou sua invencibilidade de 26 jogos. Fez um primeiro tempo primoroso. Misturou intensidade, personalidade, raça, talento. Teve posse de bola de Bayern de Guardiola, 64% contra apenas 36% do rival. E marcou 2 a 0. O São Paulo não só venceu a partida e se classificou para os mata-matas. Redescobriu o orgulho. Desde 2007 não ganhava do Corinthians no Morumbi. A sua desconfiada torcida acabou o jogo gritando olé, tamanho o domínio são paulino. Mesmo pressionado, Sandro Meira Ricci teve uma boa arbitragem. Expulsou de maneira correta Sheik, Luís Fabiano e Mendoza. "O time esteve muito concentrado, focado. O São Paulo teve domínio de 90% do jogo hoje, como o Corinthians teve em sua casa. Vamos enfrentar o Cruzeiro, um time forte e muito justo. Mas motivado e aguerrido como hoje, nós enfrentamos todos os times da Libertadores. Vamos brigar por uma coisa muito maior do que esse sofrimento que vínhamos passando até hoje. "O São Paulo é um time muito especial, e nossa preleção hoje, antes de sair do CT, nos fez ganhar o jogo. Viemos para cá com convicção de vitória. A marcação pressão, todo mundo correndo, tentamos fazer isso para encurtar o espaço deles. Era tomar a bola no campo de defesa deles. O time soube fazer isso, mesmo antes da expulsão do Emerson", comemorava Rogério Ceni, que adiou sorrindo a aposentadoria para agosto.

Doeu perder para o rival. Mas o Corinthians não tem do que reclamar do seu adversário nas oitavas-de-final, o Guaraní do Paraguai. Já o São Paulo precisa manter essa pegada. O confronto será contra o Cruzeiro. Milton Cruz surpreendeu a todos. Até dirigentes do São Paulo. Mesmo precisando desesperadamente da vitória, o treinador colocou seu time com um atacante só, Luís Fabiano. Nada da velocidade de Centurión ao seu lado. Pelo contrário, o eterno interino no Morumbi escolheu preencher o meio de campo. Decidiu pagar na mesma moeda o que Tite fez no Itaquerão no primeiro confronto entre os times nesta Libertadores. Milton colocou não só três volantes, como foi muito explorado na divulgação da escalação no Morumbi. Ele distribui o São Paulo no 4-1-4-1. Mas sua espetacular contribuição foi a mudança da atitude dos são paulinos. Nem parecia os mesmos jogadores que, submissos, perderam para o Santos na semifinal do Paulista. E que há muito tempo não passava confiança a seus torcedores. O time enorme determinação. Vontade de ganhar. Se desdobrou em campo. Em toda disputa, principalmente no primeiro tempo, havia dois, três jogadores do São Paulo para um corintiano. Foi um massacre. Foi fazendo o Corinthians se encolher. O plano tático de Tite era marcar forte no meio de campo, para sair no contragolpe, explorando o provável nervosismo são paulino. Mas só que o tricolor entrou confiante, sabendo o que iria fazer. Mostrar que estava na sua casa, o Morumbi. Foi impressionante como conseguiu imprensar o Corinthians em seu campo. Era como se fosse a partida de um time grande contra um pequeno. Os jogadores são paulinos jogavam com sangue nos olhos. Queriam calar todos que duvidavam não só do seu potencial. Se desdobraram para provar que tinham vergonha na cara. Mostravam até para Carlos Miguel Aidar e os companheiros de diretoria que não havia a necessidade de uma reformulação no elenco. Esta ameaça foi muito usada. Foi o ingrediente a mais na estratégia estudada e colocada em prática por Milton Cruz.

O plano foi preciso. O São Paulo dominou o meio de campo e entrou em campo com dois laterais ofensivos. Que tinham a missão de explorar o ponto fraco corintiano: os cruzamentos. Qualquer bola que chegue dos lados na área é um desespero para a zaga corintiana. Felipe melhorou muito com Tite, mas continua instável. O que piora o futebol de Gil. Está claro que ele não confia no seu companheiro de miolo de defesa. O jogo já começou de maneira impressionante. A um minuto cobrou falta da esquerda, Doria cabeceou sozinho e a bola passou muito perto da trave de Cássio. O lance incendiou a descrente torcida e deu confiança instantânea ao São Paulo. Michel Bastos outra vez era o grande jogador. Ele ditavam o ritmo, a correria, a pressão desenfreada contra o Corinthians. Milton Cruz deixou seu time marcando a saída de bola corintiana. Admirador do futebol europeu, o treinador interino do São Paulo parecia ter copiado o Bayern de Guardiola. Sem comparar o talento dos jogadores do time alemão, evidente. Mas a distribuição do time. Uma postura incomum em equipes brasileiras. A compactação era na intermediária corintiana, não no meio de campo, como atua a grande maioria dos times nacionais. Sem medo de bolas nas costas. Porque o Corinthians não tinha um velocista. Tite deve ter dado a última oportunidade a Vagner Love. Outra vez ele foi de uma nulidade absoluta. Ele deveria ser o jogador de definição. Mas outra vez abaixou a cabeça e repetiu sua improdutividade. O jogo estava terrível desde o início aos corintianos. Não bastasse o esquema acovardado de Tite, o ânimo dos atletas era surpreendente. Parecia que todos estavam de luto. Ainda pela eliminação da final do Paulista pelo Palmeiras. O time estava cabisbaixo, sem confiança, irritado. E aos 18 minutos, Sheik, por ego colocou tudo a perder. Em uma dividida, ele foi pisado por Tolói. As câmeras pegaram o pisão, Sandro Meira Ricci, não. A jogada seguiu e Sheik, quis descontar. Deu um toque por baixo no pé do zagueiro são paulino. O espírito de Paulo Autran baixou em Tolói, ele rolou no gramado, tremeu, parecia ferido de morte. Conseguiu o justo cartão vermelho a Emerson. Embora a pancada tenha sido leve, foi agressão sem bola.

O Corinthians já era massacrado pelo São Paulo quando eram onze contra onze. Com um jogador a menos, virou presa fácil. Só faltavam os gols. E eles vieram. O primeiro, com Luís Fabiano. Hudson recebeu o que? Cruzamento da esquerda. Bateu, a bola tocou no braço de Uendel e sobrou para o atacante marcar seu primeiro gol na Libertadores. São Paulo 1 a 0, aos 31 minutos. O time de Milton Cruz queria mais. Não fez o que clubes brasileiros costumam fazer. Nada de recuar, buscando contragolpes. Queria decidir o jogo, conseguir o placar. E foi o que fez aos 39 minutos, em um chute de Michel Bastos de fora da área. Cássio falhou. Foi enganado pelo pique da bola. São Paulo 2 a 0.

Tite teve uma participação medíocre na partida. Ele já estava sem Sheik. Deveria ter tirado Vagner Love quando estava perdendo por 1 a 0. Faltava velocidade. Acabou colocando Mendoza e tirando o inútil atacante que veio da Rússia só no intervalo. No segundo tempo, o São Paulo estava melhor. Mas sem se desgastar tanto com a frenética marcação dos primeiros 45 minutos. Quando o Corinthians mostrava um pouquinho mais de coragem vieram duas expulsões. Luís Fabiano se desentendeu com Mendoza. O colombiano deu um tranco no brasileiro. Acertou o braço. O atacante são paulino fingiu que havia acertado seu rosto. Ambos foram de maneira justa expulsos. A partir daí, dez contra nove, o ritmo diminuiu de vez. O São Paulo sabia que havia vencido o jogo. Não correria risco. E os corintianos não conseguiam articular jogadas de perigo. Os dois times sabiam que a partida estava decidida. Mas os donos da casa seguiram tentando marcar mais gols, transformar a vitória em uma goleada. Surpreendente a postura submissa corintiana. O time aceitou a derrota desde o início do jogo. Portanto não há como se deixar levar pela desculpa que o time pretendia o Guaraní paraguaio. A equipe de Tite jogou muito mal. Mereceu perder a invencibilidade de 26 jogos, algo que não alcançava havia 58 anos. O treinador precisa não só de Guerrero, mas descobrir uma nova maneira de o Corinthians atuar. Já o São Paulo que vive ainda sua expectativa de mudanças, já está quase desistindo de Sabella e investindo novamente em Luxemburgo, tem mais é que comemorar. Nem seus dirigentes acreditavam na vitória contra o Corinthians. O resultado consolida a relação entre Aidar e Milton Cruz. O presidente está mudando de ideia, pensando em manter o interino na nova Comissão Técnica de um treinador que ainda vai chegar. O importante é que o time redescobriu seu potencial. A vontade, honrou a camisa vitoriosa do São Paulo. O caminho passava muito mais pela psicologia do que pelos corriqueiros treinamentos no CCT da Barra Funda. "A gente dependia só de nós para chegar a essa classificação, então colocamos na mesa o que estava errado e o que podia melhorar. Uma das coisas faladas é que tinha que ter muita garra e força de vontade para vencer uma grande equipe como o Corinthians, que não perdia há um tempão. Fizemos um grande primeiro tempo e com o resultado, vamos dizer assim, na mão, pudemos cadenciar e segurar no fim. Isso que a torcida estava esperando, essa garra, esse sentimento. É manter esse ritmo que nós vamos longe." O São Paulo renasceu na Libertadores. E o Corinthians precisa se reinventar...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 22 Apr 2015 23:59:10

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