terça-feira, 14 de abril de 2015

O Cruzeiro sente na pele o descaso da Globo. A emissora carioca sacrifica o atual bicampeão brasileiro. Pela audiência, exige que o time jogue sem descanso. E coloca em risco o Mineiro e a Libertadores...

O Cruzeiro sente na pele o descaso da Globo. A emissora carioca sacrifica o atual bicampeão brasileiro. Pela audiência, exige que o time jogue sem descanso. E coloca em risco o Mineiro e a Libertadores...




"A Federação agiu de forma intensa para interceder junto com a TV para o jogo (Cruzeiro x Atlético) ser no sábado, e junto à Conmebol, via CBF e com endosso da TV, para que o jogo entre Cruzeiro e Universitario, pela Copa Libertadores, fosse para transferido do dia 21 para o dia 22. Eu disse ao presidente Gilvan que trabalharia para que a TV concordasse com a realização no sábado. Hoje (segunda-feira), pela manhã, recebi a confirmação de que a TV Globo queria o jogo no domingo, às 16 horas." "Houve num primeiro momento, a sinalização da televisão de que o jogo poderia ser no sábado. Eu tive o cuidado de manter o presidente Gilvan informado a todo o momento, mas hoje a televisão sacramentou a intenção de passar o jogo no domingo. A televisão paga milhões para os clubes, com quem tem contratos. Se há um questionamento do Cruzeiro, que seja feito diretamente com a TV Globo, com quem tem contrato firmado. Entendo a insatisfação do presidente. Ele, certamente, não ficou satisfeito, como a Federação também não ficou plenamente satisfeita. Tudo o que estava ao meu alcance foi feito." A confissão, escancarada, foi feita pelo presidente da Federação Mineira de Futebol, Castellar Guimarães Neto. Ele explicou que, diante da exigência da Globo, para que Cruzeiro e Atlético jogassem no domingo, nada poderia fazer. Mesmo admitindo o absurdo da situação. O time de Marcelo Oliveira empatou domingo com o Atlético, no primeiro jogo da semifinal do Mineiro. E já hoje enfrenta o Huracan, na Argentina, pela Libertadores. Um sacrifício estúpido. O clássico poderia ter acontecido no sábado. Tudo ficará pior neste final de semana. O Cruzeiro enfrentará outra vez o Atlético, no jogo decisivo. Só um time decidirá o Campeonato Mineiro, contra Caldense ou Tombense. A rivalidade dominará do confronto. Os jogadores darão a alma para vencer. E logo na próxima terça-feira, dia 21, o Cruzeiro enfrentar o Universitário Sucre pela Libertadores. Por isso, a diretoria cruzeirense implorou jogar a semifinal com o Atlético no sábado. 24 horas de descanso a mais pode representar a diferença entre seguir ou ser eliminado. A Federação Mineira aceitou. Mas a Globo não quis. Exigiu no domingo. E ponto final. O Atlético Mineiro foi beneficiado. Jogou domingo e entrará em campo apenas amanhã, quarta-feira, para enfrentar o Atlas, no México. E na semana que vem acontecerá o mesmo. Depois do confronto decisivo do domingo, atuará apenas na quarta-feira, contra o Colo Colo em Belo Horizonte, pela Libertadores. O importante é ter mais audiência no dia nobre do futebol, no meio do programa de Fausto Silva. Se vai prejudicar o Cruzeiro, atrapalhar o time na busca do título mineiro e na definição de sua vida na Libertadores, pouco importa aos executivos da emissora carioca. A Globo faz isso no Brasil todo. Tem muito mais poder que as Federações e até a CBF. Escolhe de maneira inclemente as partidas que podem dar audiência. Esse é o critério que usa no Rio e em São Paulo, suas principais praças.

Nada de Botafogo contra Fluminense. A emissora quis Flamengo e Vasco no domingo. E foi o que a Federação Carioca fez. Por duas vezes seguidas, os botafoguenses e tricolores não verão seus times na tevê aberta. Não são clubes que atraia telespectadores. Ao contrário dos times de Eurico Miranda e Vanderlei Luxemburgo. É assim e pronto, sem contestação. Como também na sua principal praça, São Paulo. Até o todo poderoso Marco Polo de Nero teve de ceder. Ele anuncia com toda a pompa e circunstância que os mandos e horários dos jogos decisivos do Paulista são da Federação. Mas não é bem assim. Marco gostaria de fazer Santos e São Paulo no sábado. E Corinthians e Palmeiras no domingo. Dobraria a atenção para o seu torneio mais importante. Só que a Globo não quis. Para seus executivos, o melhor foi deixar as duas partidas no domingo. Por quê? Para ganhar mais audiência com o clássico no Itaquerão, domingo às 16 horas. E o jogo menos atrativo, reunindo santistas e são paulinos, ficou para as 18h30. Forçando cada vez mais o torcedor a comprar pacotes da tevê a cabo. Em vez de audiência, dinheiro. A ironia em toda essa situação é a postura do presidente do Cruzeiro, Gilvan Tavares. Ele aceitou o pedido de Marcelo Oliveira e contratou Paulo André, um dos líderes do movimento Bom Senso F.C. A exigência do dirigente: que o atleta não se envolvesse em questões políticas com a CBF. Não fosse sindicalista, apenas jogador. Por isso ele estava calado. Só que com a postura da Globo e da Federação Mineira, Gilvan autorizou o zagueiro. Ele está liberado para procurar uma maneira legal de proteger o Cruzeiro. Os atletas que serão obrigados a atuar em partidas decisivas com menos de 60 horas de descanso. Um abuso em qualquer lugar civilizado do planeta. E ontem, o zagueiro já entrava em ação.

"Praticamente 48 horas depois do último jogo e a gente volta a campo. O elo mais fraco acaba sendo prejudicado, mas temos que cumprir nosso papel e tentar buscar a vaga para que na semana que vem não sofra tanto. Estamos do jeito que dá para ser." Paulo André pode acionar o Sindicato de Jogadores de Futebol de Minas Gerais para tentar alguma solução. Será quase impossível, ele sabe disso. A briga será enorme. Na grade de programação da emissora carioca ninguém costuma mexer. A diretoria cruzeirense já se conforma em ter o Atlético Mineiro no domingo. A esperança é que a Conmebol passe a partida contra o Universitário Sucre para quarta-feira. As chances são remotas. Esse é mais um exemplo do que os clubes brasileiros se sujeitam quando dirigentes só pensam no dinheiro. E na hora de aceitar não têm coragem de reivindicar. Proteger seus clubes, seus atletas de situações como a que o Cruzeiro enfrenta. Porque, para a Globo, se o time de Gilvan perder o Mineiro e for eliminado, ou pegar uma pior classificação na Libertadores, tanto faz. Há um mantra que executivos da emissora do Rio de Janeiro repetem há décadas, em tom de piada. "A Globo não é uma instituição de caridade." Nunca foi, desde a aliança com a Ditadura Militar. Não iria mudar agora...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 14 Apr 2015 09:55:31

Nenhum comentário:

Postar um comentário