terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

A história de Calleri, a maior esperança do São Paulo na Libertadores. Jogador que pertence ao chefe do departamento de inteligência da Argentina. O ainda empresário Arribas, amigo íntimo do presidente Macri, ex-comandante do Boca Juniors. Este é o futebol da América do Sul...

A história de Calleri, a maior esperança do São Paulo na Libertadores. Jogador que pertence ao chefe do departamento de inteligência da Argentina. O ainda empresário Arribas, amigo íntimo do presidente Macri, ex-comandante do Boca Juniors. Este é o futebol da América do Sul...




Ele fez Diego Maradona socar o teto de seu camarote na Bombonera, de tanta felicidade. Os torcedores do Boca Juniors o aplaudiram de pé. Roubou a festa no retorno de Carlitos Tevez, naquele sábado inesquecível, no dia 18 de julho de 2015. O segundo, contra o Quilmes. Inesquecível. E sem patriotismo, foi o gol mais bonito de 2015. Muito mais plástico, com talento, picardia, esperteza. Merecia o prêmio Puskas entregue ao brasileiro Wendell Lira. Jogador rápido, atrevido, de boa técnica, sangue frio diante dos goleiros. E muita personalidade. 23 gols nos primeiros 18 meses com a camisa do Boca Juniors, time de maior pressão e cobrança da América do Sul. Não valeu 12 milhões de dólares, cerca R$ 47,5 milhões por acaso. Aos 22 anos, Jonathan Calleri merece toda a expectativa. O futebol argentino parece ter descoberto outro jogador muito promissor. Esse é um lado do melhor reforço do São Paulo para 2016. O outro envolve a sua saída do Boca Juniors. Mistura tristeza, atrasos no salário de Tevez, volta de jogador pior, mas midiático. E ilegalidade assumida. Foi uma das maiores alegrias na vida de Jonathan Calleri ter sido contratado pelo Boca Juniors. Seu talento pelo All Boys foi reconhecido. E o time argentino tratou de comprar os direitos do atacante. Gastou 1,5 milhão de dólares, cerca de R$ 5,9 milhões. O atacante se impôs e fez uma ótima dupla com Tevez. Muitas vezes, como na estreia, roubou a festa do ídolo. Só que a situação começou a se complicar. O Boca Juniors não conseguia arcar com os US$ 200 mil, cerca de R$ 796 mil mensais de sua maior estrela. Um retorno à Juventus parecia o melhor caminho.

Foi quando um dos empresários mais importantes da Argentina surgiu: Gustavo Arribas. Antigo braço direito de Kia Joorabchian, intermediou a ida dos jogadores Tevez, Sebá e Mascherano para o Corinthians. Arribas chegou procurou a direção do Boca com uma proposta de 12 milhões de dólares, cerca de R$ 47,7 milhões por Calleri. A imprensa argentina sabe que Arribas é o principal elemento do Stellar Group, grupo que é apresentado como de investidores ingleses. Assim que jovem atleta foi comprado, acabou registrado no humilde Deportivo Maldonado, equipe da Segunda Divisão Uruguaia. E que é usado de maneira clara, acintosa apenas para legalizar o atleta. Na verdade, ele pertence a empresários. Segundo o La Nacion, Arribas é o principal deles. Exatamente como a Fifa proibiu a partir de maio de 2015. Só que os dirigentes da Fifa, mergulhados em corrupção, seguem fazendo de conta que não enxergam. Arribas aprendeu com seu amigo, e sócio em algumas transações, o uruguaio Juan Figer. Ele cansou de usar o Central Español e depois o Rentistas, clubes pequenos uruguaios. Neles legalizou jogadores que comprou para depois vender. O incrível na negociação envolvendo Calleri é que Arribas não é só agente de atletas. Ele comanda a Agência de Inteligência Federal da Argentina. A AFI tem como função cuidar da segurança nacional, investigar pessoas e empresas argentinas. Foi nomeado pelo presidente argentino Mauricio Macri. São amigos íntimos desde que Macri presidia o Boca Juniors.

Na Itália ainda não se confirma que Calleri esteja comprado pela Inter de Milão. Os contatos estão avançados. E há essa possibilidade. Na Argentina há a certeza que o dinheiro da contratação, que aliviou a situação financeira do Boca Juniors, veio do bolso de Arribas. Um funcionário federal ajudando o clube do presidente. E que segue ligado ao futebol, mesmo exercendo cargo tão importante no governo federal. Não se importa com a cobrança de jornalistas argentinos. Já a Inter de Milão promete reformular seu elenco na próxima janela, no meio do ano. Até agosto, Arribas precisava arrumar um clube para a jovem promessa atuar. As negociações se encaminhavam para o Atlético Mineiro, cujo interesse surgiu antes. Mas Juan Figer intercedeu junto ao presidente da AFI. A pedido do seu amigo Carlos Augusto Barros e Silva. Leco atendia a pedido de Edgardo Bauza. O treinador viu uma grande oportunidade de ter um atacante que realmente confiava. E foi assim que o São Paulo sabotou a negociação com o Atlético. Para não ficar mal, foi divulgada a versão romântica. Que o Boca não aceitou porque os mineiros vão disputar a Libertadores. Mas em seguida, o jogador de 22 anos desembarca no time paulista. E escancara a desculpa esfarrapada.

Quanto a Calleri, ele ficou muito magoado. Estava adorando se tornar ídolo do Boca Junior. Não queria sair. Mas foi procurado pela diretoria. E ouviu o pedido que aceitasse a negociação. Porque o clube precisava muito do dinheiro. Seria quase um favor que faria. Sua transação valeria os salários em dia. Principalmente da estrela Tevez. Talvez não tenha sido por acaso que o ex-corintiano o estimulou a fechar sua vinda para o São Paulo. O que Calleri não sabia era que o Boca negociava a contratação de Osvaldo. Atacante de dupla nacionalidade, argentina e italiana. Passou a maior parte da carreira na Europa. Atuou pelo Atalanta, Lecce, Fiorentina, Bologna, Español, Roma, Southampton, Juventus, Inter e Porto. Foi convocado para a Seleção Italiana e muitos jornalistas europeus consideram uma injustiça não ter jogado o Mundial de 2014. Aos 30 anos, desembarcou para ser novo companheiro de Carlitos Tevez. Fumante, rebelde, cabeludo. Virou grande atração para a torcida. Foi o dinheiro da transação de Calleri que viabilizou a negociação. Por isso tudo, o atacante desembarcou no Morumbi com vontade acima do normal. Acabou saindo do clube que amava para ajudar. E o dinheiro levantado com a despedida foi usado em seguida para contratar um substituto, que já o fez a torcida esquecê-lo. Calleri não está mentindo quando diz que, se o São Paulo vencer a Libertadores, poderá ficar para a disputa do Mundial. Seu dono, Arribas, não tem nada oficializado com a Inter de Milão. O chefe da AFI apenas apalavrou a transação.

A diretoria do São Paulo não quis repetir um grave erro. Que aconteceu com Ricardo Oliveira em 2006. O Bétis não o liberou a pedido do Internacional. O clube gaúcho vendia Jorge Wagner e Sóbis. E pediu aos espanhóis não liberarem Ricardo Oliveira. A estratégia deu certo. Os gaúchos foram campeões. E o São Paulo, sem seu principal atacante. Agora, Calleri ficará até o final da competição.

Quanto ao Mundial, em caso de título é com Arribas.

Talvez um pedido sincero a Macri pode funcionar.

Bem-vindo à América Latina.

Onde futebol e política são mais que parceiros.

Cúmplices...



Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 02 Feb 2016 12:28:27

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