sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Globo não vai afastar Mauro Naves por ofensas a Neto. Como punição, basta a divulgação do infeliz vídeo pela Internet. O comentarista da Band continua 'eufórico' pela homenagem...

Globo não vai afastar Mauro Naves por ofensas a Neto. Como punição, basta a divulgação do infeliz vídeo pela Internet. O comentarista da Band continua 'eufórico' pela homenagem...



"Mas é o seguinte: um drinque, muita saúde para vocês, estamos sempre juntos, ligados no futebol. Assista mais é Globo Esporte, TV Globo, f(…)-se o Neto da Bandeirantes e o caraca (sic). É nóis (sic) na Globo, fica com nóis (sic), garoto. Aí galerinha do grupo, show de bola, estamos juntos." Lógico que é chocante ver e ouvir Mauro Naves, sem camisa, atacar gratuitamente Neto. E ainda brindar com uma dose de uísque. Cena completamente desnecessária que domina as redes sociais desde a Quarta-Feira de Cinzas. Além de desnecessária, injusta. Convivo com Mauro Naves desde 1989, quando ele deixou Brasília para trabalhar em São Paulo. Nos encontramos desde então sempre nas grandes coberturas de futebol. Principalmente na Seleção Brasileira. Ele é o melhor repórter esportivo da televisão deste país. Simpático, brincalhão, inteligente. Sabe usar como ninguém todo o monopólio da emissora carioca no futebol. Não da maneira arrogante, agressiva que o vídeo possa levar o torcedor afoito a acreditar. Muito pelo contrário. Mauro usa o privilégio das entrevistas exclusivas, do acesso restrito a Globo para oferecer sua amizade. Ele é a porta de entrada que passa confiança aos entrevistados. É um jogo de sedução que acaba invariavelmente em notícias exclusivas. Muitas delas repassadas a colegas de emissora que cobrem determinado clube. Mauro sempre foi muito generoso. Humilde até. Já o vi trocar conceitos, orientar muitos jornalistas que faziam suas primeiras coberturas da Seleção Brasileira. Principalmente os de jornal e Internet. Por incrível que possa parecer, ele não nutre o menor espírito bélico contra a Bandeirantes ou qualquer outra emissora rival. Conversa, almoça, janta, brinca com a "concorrência". É um diplomata nato. Neste 26 anos de convivência nunca soube de qualquer inimizade de Mauro. Quer com treinadores, jogadores ou jornalistas. Foi em tom de brincadeira que citou Neto. Provocação para os amigos rirem. É assumidamente um repórter "das antigas". Que se interessa pela informação, pelos bastidores. Conseguiu escapar ileso da "nova onda". As brincadeiras, o entretenimento puro e vazio instituído por Thiago Leifert. Para concorrer com o Pica Pau, vale a pena lembrar. O desenho estava levando crianças e adolescentes do Globo Esporte. Daí o espaço para a "irreverência" sem informação. A dança, o cabelo, o bigode do jogador ficou mais importante do que ele faz no campo. Ganha mais espaço que a corrupção na Fifa. "Esporte é para cima", virou o mote no Globo Esporte. Mauro Naves continuou a entrevistar o técnico da Seleção e não o sorveteiro. Merece cada prêmio que ganhou. Além de sua competência, contou com o apoio de Galvão Bueno para escapar das bobagens impostas ao concorrente do Pica Pau. O narrador sabe o valor que Mauro tem na busca de notícias. E também se aproveita da diplomacia do jornalista. O repórter cansou de aproximar os mais importantes treinadores, dirigentes e jogadores de Galvão. Não só levá-los ao Bem, Amigos, no Sportv. Mas garantir jantares após o programa, onde confidências são arrancadas, regadas a caros vinhos escolhidos pelo narrador sommelier.

O que aconteceu com Mauro foi um grande vacilo, uma bobagem feita para seus amigos, em um feriado. Mas que ganhou repercussão nacional porque representa à TV Globo. Ele foi ingênuo, absolutamente ingênuo. Estava avisado para tomar cuidado com os celulares. No ano passado, outro repórter esportivo da emissora protagonizou um escândalo. Thiago Asmar estava em ascensão na emissora. Simpático, esperto e que faz questão de ficar "amigo" das fontes. Sua amizade logo virou algo a mais com a modelo Carol Muniz. Até aí, nada errado. Não fosse ela, a ex-namorada do presidente afastado da CBF, Marco Polo del Nero. Thiago a filmou sem roupa alguma com seu celular. E a instigou a falar sobre o relacionamento com Marco Polo. Perguntou se ficou "por dinheiro". As declarações ganharam manchetes. "No início, o poder envolve você. O cara era presidente, mulher tem muito essa coisa. Não gosto de homem malhado de academia, gosto de homem que eu admire, ele é um cara muito inteligente. Não foi dinheiro, foi poder, o que me tentou foi o poder dele, a inteligência dele, entendeu? É um cara respeitado. Não foi por dinheiro." Quando Carol soube que o vídeo havia chegado às redes sociais, se desesperou. "Sei quem foi, foi um cara que eu ficava do Rio, jornalista, que se diz jornalista. Para mim ele devia rasgar o diploma dele, é um cara inescrupuloso, eu tomo maior cuidado de me preservar quando estou na cama com alguém, não permitir foto, mas você nunca vai imaginar que você está ali conversando com cara que está se envolvendo e o cara está te filmando. Não sei porque ele fez isso."
Ela o ameaçou processar, mas desistiu. Marco Polo del Nero continua revoltado. Se não estivesse abalado pelas denúncias de corrupção, a pressão seria enorme sobre o jornalista. Mesmo assim, Thiago foi afastado por meses. Só voltou ao vídeo no final do ano passado. Nunca explicou como as imagens íntimas vazaram para a Internet. É assunto proibido. Em relação à brincadeira de Mauro Naves, a Globo não se pronunciará. Nem ele. E Neto foi muito esperto. Sabe que recebeu um presente com a citação. Tanto que fez questão de divulgá-la nas redes sociais.

Com sua resposta, lógico. "Aí, grande Mauro Naves, gente fina, obrigado pela moral. Continue assim." Ao contrário do que possa parecer, Neto e a Bandeirantes incomodam a Globo. Por mais que a disputa pela audiência não seja árdua. Quando o comentarista da Bandeirantes começou o seu programa "Baita Amigos", inspirado no "Bem, Amigos", a direção do Sportv tomou uma decisão. Baniu a palavra "baita" do vocabulário de seus contratados. Eles não podem usá-la porque remeteria ao programa da concorrência. Quanto à Bandeirantes, ela continua mostrando jogos do Brasileiro e dos Estaduais comprados pela Globo. E pagando uma pequena parte do valor gasto. Entre 20% e 15%. Só que a emissora paulista é obrigada a mostrar as mesmas partidas da carioca. É isso ou nada. Passado o susto, a Globo não vai punir Mauro Naves. Apenas foi avisado para evitar nova situação constrangedora.

E outra vez os jornalistas foram avisados sobre o uso de celular.

O discreto e competente repórter aprendeu na marra.

Os amigos mais íntimos não resistem às redes sociais.

Carreiras sólidas podem ficar marcadas por bobagens.

Brincadeiras inconsequentes e até ingênuas.

Fica a lição para todos nós, Mauro.

Enquanto isso, Neto segue eufórico pela homenagem...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 12 Feb 2016 10:33:54

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