sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Marcelo Oliveira entrega a cabeça de Leandro Almeida. Arrisca o comando do time. Mas não desvia o foco dos graves e repetitivos erros do Palmeiras. Time aflito e sem estrutura tática...

Marcelo Oliveira entrega a cabeça de Leandro Almeida. Arrisca o comando do time. Mas não desvia o foco dos graves e repetitivos erros do Palmeiras. Time aflito e sem estrutura tática...




"Ele foi na base do Atlético Mineiro comigo, jogou muito bem, por isso foi comprado por uma equipe ucraniana, jogou lá muito bem... "Hoje foi muito infeliz. Tem o apoio de todos os colegas, trabalha bastante, mas temos de olhar como um todo. Possivelmente vou dar chance a outro jogador. Fazer com que treine ainda mais, se prepare ainda melhor. "Ocorreu o erro pela necessidade de sair jogando. Muito se falou disso, melhoramos neste aspecto, em função dos volantes... Tem momento em que o zagueiro tem que dar o chute logo. Se não dá para sair, joga lá no Barrios. "Nosso time tinha uma média de altura maior que o adversário, não aproveitamos bem. Levamos um gol ridículo." Foi assim, sem meias palavras, que Marcelo Oliveira queimou publicamente Leandro Almeida. Anunciou para jornalistas e torcedores, que o tirará do time titular do Palmeiras. A punição por tentar sair jogando, tentar encobrir Morais. A bola foi curta, o meia cabeceou, deu um drible desconsertante no zagueiro e marcou um golaço. O segundo do São Paulo no empate em 2 a 2. O treinador deveria avisar primeiro o jogador. Respeitar o grupo de atletas que comanda. Isso é básico do básico. Sua postura tomada diante da pressão foi decepcionante. E pode atingir inclusive o seu comando do time. Porque o raciocínio é lógico. Se ele desmoralizou seu zagueiro em uma entrevista coletiva, pode fazer a mesma coisa com qualquer outro. É o caminho para a falta de confiança nas suas atitudes. Comandante não age dessa maneira. A intenção do técnico foi repassar a culpa do fraco futebol do time para o zagueiro, que foi muito mal no empate de ontem à noite. Isso, com o árbitro Flávio Rodrigues de Souza anulando gol legítimo do time de Sorocaba. E errando seguidamente contra o time pequeno, tendência dos juízes brasileiros. Os erros de Leandro Almeida provocaram as vaias da torcida, as principais críticas dos comentaristas que acompanharam a partida. Foi um alvo fácil.

Mas o que Marcelo Oliveira fez é nítido. Desviou o foco do fraco futebol coletivamente mostrado pelo Palmeiras. Como já havia acontecido em Ribeirão Preto contra o Botafogo. A vitória em jogadas individuais só enganou os fanáticos ou os que acompanham apenas os gols, os melhores lances. Os erros de 2015 persistem. Marcelo Oliveira está com grave problema de encaixe. O Palmeiras atua de maneira muito distante. A defesa, o meio e o ataque seguem longe, distantes. Não há coordenação. Lógico que segue faltando um meia talentoso, capaz de articular as jogadas de ataque. Mas é muito mais do que isso. Com os setores distantes, não resta outra opção para quem recebe a bola, a não ser tentar a jogada individual. Falta aproximação, compactação. Triangulações pelas laterais. O time dá menos chutões. Só que segue lento, indeciso. Facilita o trabalho de marcação. Ainda mais diante da expectativa deste ano, a torcida vai para o estádio esperando vitórias e mais vitórias. O que só deixa os jogadores afobados, irritados, inseguros. Impossível exigir uma equipe bem encaixada no segundo jogo oficial do ano. Mas é gritante a falta de um esquema definido. Contragolpear em velocidade é fácil, com o adversário todo no ataque. Ainda mais com os jogadores velozes que o Palmeiras possui. Agora, o que fazer, quando o outro time se mantém firme com duas linhas de quatro, marcando atrás da linha da bola? O São Bento, com toda a fragilidade econômica, misturou veteranos e jovens. E, com o auxílio da obrigação de o Palmeiras vencer no Pacaembu, expôs o quanto a equipe de Marcelo Oliveira precisa trabalhar. Mesmo tomando o gol de Gabriel Jesus aos cinco minutos, a equipe de Sorocaba se controlou. Ganhou o meio de campo. E mostrou que não estava disposta a ser o sparring que seria massacrado. Mudou o enredo com facilidade.

A marcação interiorana na intermediária obrigou os zagueiros palmeirenses a saírem jogando. O grave problema de Leandro Almeida é achar que é mais técnico do que realmente é. Vitor Hugo não se expôs. Fez o simples. E não se complicou. Escapou das vaias e palavrões dos torcedores palmeirenses. Individualmente, não há defesa para Leandro Almeida. Foi muito mal. O pecado maior, porém, não foi ele. Porque se Edu Dracena não estivesse contundido, o ex-zagueiro do Coritiba seria reserva desse time. Como em 2015, o Palmeiras segue sem padrão de jogo. Foi campeão da Copa do Brasil. Mas empurrado pela torcida, usando o talento individual do seu elenco, a fragilidade técnica dos adversários. A pressão incrível favorável que é atuar na sua nova arena. Não a visão tática de Marcelo Oliveira. As conquistas escondem muita coisa. Principalmente a Copa do Brasil do ano passado. Ninguém se esquece o sufoco que foram as quartas de final contra o Internacional. Depois, a semifinal diante do Fluminense, vencida nos pênaltis. No primeiro jogo da decisão, o Santos poderia ter vencido por mais gols. E Dorival facilitou as coisas, colocando o Santos na defesa. E perdeu o título nos pênaltis. A conquista e a euforia do presidente Paulo Nobre deixaram escapar vários erros. Que deveriam estar sendo corrigidos na pré-temporada. Neste início de ano, na disputa do Campeonato Paulista, afinal é para isso que serve. Mas a falta de unidade persiste. Não há desenho tático. Postura de time. Movimentação, dinâmica de equipe. Não será dando a cabeça de Leandro Almeida que tudo será corrigido.

Muito pelo contrário. Marcelo Oliveira pode complicar ainda mais o seu trabalho. Daqui a apenas 11 dias, há a estreia na Libertadores. Contra o River Plate uruguaio ou a Universidad de Chile. E na arena palmeirense, a reforma já estará pronta. Ou seja, a obrigação de vitória será uma constante. A Libertadores é o principal objetivo de 2016. O grupo não será fácil. Tem ainda Rosário Central e Nacional. Em vez de queimar jogadores, Marcelo Oliveira precisa trabalhar. E transformar o Palmeiras em uma equipe confiável, segura. Entregar a cabeça de jogador vaiado não é postura de um comandante...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 05 Feb 2016 07:23:02

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