quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Ricardo Oliveira implora ao Santos. Quer ir para a China e ganhar R$ 1 milhão por mês. O clube exige R$ 52 milhões pela liberaçao. E ameaça ir à Fifa. Impasse feio. "É uma merda perder um jogador desse nível", desabafa Modesto Roma...

Ricardo Oliveira implora ao Santos. Quer ir para a China e ganhar R$ 1 milhão por mês. O clube exige R$ 52 milhões pela liberaçao. E ameaça ir à Fifa. Impasse feio. "É uma merda perder um jogador desse nível", desabafa Modesto Roma...




As diretorias de Palmeiras e São Paulo deveriam fazer um pedido de desculpas em conjunto. Para suas torcidas e seus sócios. As duas desperdiçaram muito dinheiro. E jogaram fora, por preconceito, a oportunidade de desfrutar um jogador com Ricardo Oliveira. Era final de 2014. Ele havia decidido que voltaria para o futebol brasileiro. Para encerrar a carreira, se aposentar. E definir se viraria ou não pastor de uma igreja evangélica. Ou seguiria no futebol, trabalhando como empresário ou dirigente. Ele se sentia em ótima forma. Em quatro anos nos Emirados Árabes, jogou no Al Jazira e no Al Wasl. O calendário lá é muito menos apertado que o brasileiro. Fez cerca de cem partidas. Média de 25 por temporada. Intermediários o ofereceram ao Palmeiras e ao São Paulo. Na Água Branca e no Morumbi a reação foi a mesma. Não valeria a pena investir em um jogador de 34 anos. E que estava completamente sem ritmo, vindo de um centro muito atrasado. Não houve nem o trabalho de um contato pessoal com o atleta. As negativas foram duras. Ele se oferecia a um período ganhando um salário baixo. Como se fosse um contrato de risco. Nem assim. As negativas se espalharam pelos bastidores dos clubes brasileiros. A conclusão foi a mesma. Se o desprezo vinha São Paulo, onde Ricardo Oliveira foi vice da Libertadores, não valeria a pena arriscar. E grandes clubes do Rio, Minas e Rio Grande do Sul também viraram as costas ao jogador. Foi quando o Santos, sufocado em dívidas, precisava de um atleta importante. Não fazia mal que estava com 34 anos. E no final de carreira. Ele atrairia a atenção da mídia, dos torcedores, dos conselheiros. Diminuiria a pressão. Pelo menos durante o Paulista. Já estaria bom. Foi acertado um salário simbólico, para um atleta com o currículo de Ricardo Oliveira. O atacante do Valência, Bétis, São Paulo e Milan, entre outros, aceitava receber R$ 50 mil mensais. Até o final do Paulista. Ou faria por onde receber mais dinheiro ou seria dispensado. Simples assim. Modesto Roma topou o desafio. E garantiu que triplicaria o salário se ele fosse bem.

A autoconfiança de Ricardo Oliveira se justificava. Ele treinou muito na academia que montou na sua casa. Correu sozinho. Chegou com excelente preparo físico na Vila Belmiro. Sua técnica e oportunismo garantiram a artilharia do Paulista. A direção do São Paulo se arrependeu e mandou recado ao jogador. Houve uma cobrança interna no Palmeiras sobre o erro de avaliação. Emissários do Internacional e do Atlético Mineiro sondaram o jogador. Mas Ricardo Oliveira cumpriu sua palavra e renovou com o Santos. Por mais dois anos e meio. Até o final de 2017 e, a partir daí, pensar na vida após o futebol. Só que Ricardo Oliveira continuou a melhorar. E se aproveitou do baixo nível dos artilheiros brasileiros. Dos que atuam aqui e no Exterior. Acabou na Seleção Brasileira. Foi um dos responsáveis por uma campanha que surpreendeu a própria diretoria. Modesto Roma estava preparado para que 2015 fosse de muita pressão. E até ameaça de rebaixamento. O bom futebol, os gols e a liderança de Ricardo Oliveira quase colocaram o Santos na Libertadores da América. O Santos acabou em sétimo no Brasileiro e vice da Copa do Brasil. 2016 começou e um novo mercado se abriu de verdade. E descobriu o país: a China. Com o incentivo fiscal do governo, empresas resolveram apostar forte nas suas equipes. Grandes jogadores foram contratados. Pela primeira vez na história, a China foi o país que mais gastou em uma janela.

Desbancou a Inglaterra. Nada menos do que 336,5 milhões de dólares. Ou R$ 1 bilhão e 337 milhões, para os íntimos. E o mercado chinês apenas fechará no dia 26, na sexta-feira. Para lá já foram atletas como Renato Augusto, Jadson, Lavessi, Ramirez, Jackson Martínez e Alex Teixeira. O dinheiro é tanto por lá que a Segunda Divisão da China foi a quarta liga do mundo em contratações. Só perdeu para a Primeira Divisão do mesmo país, para a Inglaterra e, depois, Itália. Ficou à frente de países tradicionais como Alemanha, Espanha e França. O furacão chinês parecia ter passado. Quando os dirigentes do Beijing Guoan lembraram do artilheiro do Brasil. Em 2015, Ricardo Oliveira foi quem marcou mais gols. 37 no total. E na véspera de completar o centésimo jogo com a camisa santista, chegou a proposta. Dois anos de contrato. R$ 1 milhão por mês. Ele recebe R$ 150 mil no Santos. São R$ 24 milhões contra R$ 3,6 milhões. Lógico que o jogador pediu para ir embora. A multa rescisória do atleta ao Exterior é de absurdos 50 milhões de euros, perto de R$ 218 milhões. Os chineses não teriam oferecido nada ao clube. Deixado para o atacante convencer a diretoria a liberá-lo. Modesto Roma foi decisivo. O Comitê Gestor exige 12 milhões de euros, cerca de R$ 52 milhões. Ricardo Oliveira seria homenageado pela centésima partida pelo Santos. Mas conversou com Dorival Júnior e pediu para não enfrentar o Mogi, amanhã, no Pacaembu. Queria se focar no seu objetivo: ir para China. O treinador ficou chocado com a firmeza do atacante. Percebeu que não tinha o que fazer. O liberou e ainda lhe deu um forte abraço. Dorival sabe muito bem o que o jogador fez pelo clube e pelo treinador. Mudou o destino do Santos em 2015. E agora queria a liberação como recompensa. O atacante pediu, insistiu com Modesto Roma. Mas o presidente não quer ceder. "Os chineses precisam aprender que clube brasileiro não é mercado chinês. Não é chegar e levar. Estamos fazendo notificação à Fifa. Chega dessa palhaçada. "A conversa de ontem é que queríamos que o liberassem sem que pagasse nada ao Santos."

"Ricardo Oliveira é um sujeito digno, de palavra e boa formação, não é um canalha.

"A verdade é que é uma merda perder um jogador desse nível."

Modesto Roma mostrou ofício pronto para mandar à Fifa alegando assédio ao jogador.



Ricardo Oliveira não esperava essa postura tão firme do Santos.

Não quis dar entrevista.

Saiu da Vila Belmiro irritado.

Foi conversar com os empresários chineses.

O Santos pode até abaixar a proposta.

Mas não ficará com as mãos abanando.

Modesto garante.

O Santos não vai se submeter à vontade do jogador.

Ou os chineses pagam ou nada feito.

É mais revolta do que independência.

Ricardo já se despediu de alguns companheiros.

Diz que vai sair.

O embate tem data para terminar.

Sexta-feira, quando fecha a janela chinesa...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 24 Feb 2016 17:32:10

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