sábado, 13 de fevereiro de 2016

Palmeiras apela à CBF e até ao Corinthians. Mas guerra, para manter Allianz no seu estádio, durante a Libertadores, deve ser perdida. Golpe fatal para quem sonha em vender naming rights no Brasil...

Palmeiras apela à CBF e até ao Corinthians. Mas guerra, para manter Allianz no seu estádio, durante a Libertadores, deve ser perdida. Golpe fatal para quem sonha em vender naming rights no Brasil...




O Palmeiras tem pela frente uma guerra praticamente perdida. Quando a Bridgestone sucedeu a Toyota como principal patrocinadora da Libertadores, seus executivos foram claros. Pagariam 80 milhões de dólares, cerca R$ 320 milhões, por quatro anos de contrato. Mas nas competições de 2013 até 2017 não permitiriam placas ou qualquer outra publicidade estática. Não nos estádios onde acontecessem jogos da principal competição sul-americana. A Conmebol aceitou. E é o que exige desde então. Visa, Santander e Toyota também são patrocinadores da Libertadores. Mas com menos força que a fabricante de pneus, que batiza o torneio. A direção palmeirense não levou em consideração a seriedade da determinação. Até porque a Libertadores de 2016 será a primeira que o clube disputará com seu novo estádio construído, valendo a parceria com a Allianz. Em 2013, o clube fechou o contrato de naming rights com a seguradora. São R$ 300 milhões divididos em vinte anos. Além do nome, toda a publicidade estática é da empresa alemã. Quando a negociação foi fechada, havia a certeza dos envolvidos que a marca seria exibida em todas as competições. Principalmente na mais importante delas, a Libertadores. A construtora WTorre foi quem costurou esse acordo. As placas da Allianz foram espalhadas no estádio de maneira maquiavélica. Para explorar os ângulos da televisão e das câmeras de fotógrafos de portais e jornais. Corinthians, Grêmio, Atlético Paranaense, Internacional, São Paulo, Santos e demais clubes donos de estádios acompanharam a maneira de agir da Allianz. Para adaptá-las quando, e se, conseguirem vender seus naming rights. O que a recessão tem tornado quase impossível. A TV Globo também sofre com a crise financeira. E sabia que quando a arena palmeirense ficasse pronta, a marca Allianz seria exposta. De maneira gratuita. Pressionou a CBF e provocou uma grande confusão na primeira partida do Palmeiras, em seu estádio, em 2015. Contra o Atlético Mineiro, panos brancos cobriam a palavra Allianz em todas as placas.

O Palmeiras recorreu, implorou ao presidente da CBF, Marco Polo del Nero. Conselheiro vitalício palmeirense, Del Nero convenceu a Globo a ceder. Houve um acordo. A emissora permite que a marca continue na arena, desde que fique fora do alcance das imagens televisivas. A regra vale para todos os estádios e suas placas de publicidade estática. O regulamento do Brasileiro dá esse direito à CBF para intervir quando a emissora carioca exigir. Mas na Libertadores o regulamento é mais rígido. A Bridgstone não permite que marca de qualquer outra empresa seja exibida. Foi essa determinação que a Conmebol passou a todos os clubes. Houve um cuidado todo especial com o Palmeiras. Os dirigentes sabem que o clube brasileiro vendeu seu naming rights para a seguradora alemã. Assim que recebeu essa determinação, a diretoria palmeirense acionou a WTorre. Por contrato é a construtora que tem a administração do estádio. E que tem poder para tirar ou cobrir as placas. O que se tornou um grande problema. Porque pelo acordo firmado com a Allianz, toda partida do Palmeiras na arena, sua publicidade deve ser exibida. A única saída seria levar os jogos para o Pacaembu. "Ao recomendar que a Sociedade Esportiva Palmeiras retire de seu estádio, o Allianz Parque, toda e qualquer forma de exposição de marcas que firam os direitos de seus patrocinadores, a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) coloca seus próprios interesses acima dos interesses do protagonista do espetáculo. Os interesses comerciais e financeiros da Sociedade Esportiva Palmeiras e de todos os outros clubes têm de estar acima de quaisquer outros", se pronunciou a WTorre. Só que desta vez a Conmebol tem o respaldo da Fifa e da UEFA para seguir firme na sua determinação. A Champions League proíbe qualquer os clubes de exibirem suas publicidades. O caso do Bayer é idêntico ao do Palmeiras. No Campeonato Alemão, exibe a marca Allianz, dona dos naming rights de seu estádio. Na Champions, nem pensar. Só marcas que patrocinam a competição: Heineken, Nissan, Sony, UniCredit e Pepsi.

A direção do Palmeiras alega que o Boca Juniors exibiu a marca Gatorade na Bombonera, em 2015. A Conmebol admitiu o erro. E o clube argentino recebeu um comunicado proibido que isso se repita este ano. A situação é muito complicada. Legalmente a guerra palmeirense está perdida. O clube tentará resolver a questão politicamente. Pressionar a CBF para que ela interfira junto à Conmebol. O Palmeiras espera o apoio do Corinthians, do São Paulo, do Grêmio e do Atlético Mineiro nesta briga. Formar um bloco dos clubes brasileiros na Libertadores. E tentar mudar o regulamento. Há duas posturas dos dirigentes palmeirenses. A primeira é a pública. Bradam que irão conseguir exibir o nome da seguradora que batiza sua arena. E que conseguirá a conciliação. Pelo menos em ângulos que a tevê não mostre seja possível deixar placas com o logotipo da seguradora. Mas internamente o pessimismo impera. "Não houve determinação exclusiva, algo específico para o Palmeiras. Só recebemos o manual, antes mesmo da vistoria à arena. Não houve ofício. Mas está no regulamento", admite o gestor do departamento da arena, Guilherme Lipi.

O cenário é ruim no Rio de Janeiro. Com Marco Polo del Nero enfraquecido, licenciado, a CBF não terá o mesmo empenho que negociou com a Globo no Brasileiro do ano passado. O presidente Paulo Nobre sabe que levar os jogos do Palmeiras para o Pacaembu seria ruim. Nem tanto pela capacidade. O estádio municipal lotado suportaria 40 mil torcedores. O estádio palmeirense, 43 mil. Só que a pressão da arena, com sua acústica, a proximidade do gramado a transforma em grande aliado nos jogos da competição, prioritária em 2016. Fora não pagar aluguel do estádio. E ainda há o lucro com comidas, bebidas e dos ingressos. A situação pode ser resumida. O Palmeiras vai tentar formar esse bloco brasileiro. Pedir apoio à CBF. Mas sabe que a chance de sucesso é remota. O regulamento é totalmente favorável à Conmebol, à Bridgestone. Levar seus jogos no Pacaembu seria perder competitividade. E perder dinheiro. Marcelo Oliveira e os atletas preferem arena pela pressão da torcida. O que ocorre na Conmebol é uma grande derrota para a Allianz. A seguradora que paga tão alto será desprezada na Libertadores.

A empresa alemã não contava com essa firmeza na América do Sul. Estará fora da principal competição do continente. O que é um grande desestímulo a outras empresas. Outros clubes podem ser afetados na busca do naming rights. Como o Corinthians, que tenta desde 2010. Os clubes sul-americanos não esperavam modernidade. E muito menos respeito ao regulamento por parte da Conmebol. Mas o maior conglomerado de pneus do mundo decidiu. Os japoneses da Bridgestone estão cobrando pelo que pagaram.

Golpe fatal para quem sonha em vender naming rights no Brasil...



Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 13 Feb 2016 07:09:29

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