segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Ricardo Oliveira não consegue superar os R$ 33,6 milhões que deixou de ganhar na China. Segue magoado. Santos mostrou autonomia e virou as costas para R$ 27 milhões. Tem seu capitão e artilheiro insatisfeito na Vila. Valeu a pena?

Ricardo Oliveira não consegue superar os R$ 33,6 milhões que deixou de ganhar na China. Segue magoado. Santos mostrou autonomia e virou as costas para R$ 27 milhões. Tem seu capitão e artilheiro insatisfeito na Vila. Valeu a pena?




"Durante toda a negociação, me resguardei e não me manifestei. Agora, com a situação resolvida, acho que é o momento ideal para me pronunciar. Por meio dos meus empresários, recebemos uma proposta do Beijing Guoan, da China. Analisando a oferta, entendemos que seria um negócio bom para mim e para o Santos Futebol Clube. Por este motivo, demos andamento às negociações. Não houve acordo entre as partes e continuarei no Santos, clube com o qual tenho vínculo até o fim de 2017. Não hesitei em ceder todos os meus direitos federativos ao Santos FC, possibilitando a agremiação arrecadar milhões de reais em um atleta que irá completar 36 anos, e que chegou sem custos. Como foi em toda minha carreira, vou continuar cumprindo com minhas obrigações de funcionário do clube. Honrando a camisa do Santos como sempre honrei, trabalhando no dia a dia como sempre trabalhei, e me doando em campo como sempre me doei. Não será uma negociação que mudará a minha postura. Já passei por momentos como esse, em mais de 15 anos de carreira profissional, e em nada mudou a minha conduta. Ao Beijing, o meu muito obrigado pelo interesse. Ao Santos, também o meu obrigado por ter analisado a proposta. E que tenham tomado a decisão correta. Filipenses 3:13 - Mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, eu avançando para as que estão diante de mim." Essa foi a manifestação de Ricardo Oliveira, depois do fim das negociações com o Beijing Guoan. O jogador de 35 anos não poderia ser mais claro. A síntese do que pensa sobre o fracasso da transferência. O Santos deixou de ganhar R$ 27 milhões com um atleta que chegou de graça e que completará 36 anos daqui três meses. Ricardo Oliveira pediu, insistiu, implorou ao presidente Modesto Roma. Ele ganha R$ 150 mil mensais na Vila Belmiro. Somando luvas e salários, receberia R$ 1,4 milhão a cada 30 dias. E isso por dois anos. Nada menos do que R$ 33,6 milhões.

Mas Modesto foi direto. Primeiro, lembrou que a multa de Ricardo Oliveira ao Exterior era de 50 milhões de euros, cerca de R$ 218 milhões. Mas o mínimo que poderia baixar seria para 12 milhões de euros, cerca de R$ 52 milhões. Os chineses haviam contratado Renato Augusto, Ralf e o atacante turco Burak Yilmaz. Mas, por insistência de Renato Augusto, foram alertados da possibilidade de outro grande reforço. O artilheiro dos Campeonatos Paulista e Brasileiro. E homem de confiança de Dunga na Seleção: Ricardo Oliveira. Fizeram o acordo com o jogador. E o encarregaram de convencer a direção santista da liberação. A princípio de graça. Depois envolvendo dinheiro. O máximo que chegaram foi a seis milhões de euros, R$ 27 milhões. Dois milhões de euros neste ano. E mais quatro no próximo. Esse dinheiro era do clube, não do atacante como foi divulgado. Modesto Roma disse não. Ricardo Oliveira se desesperou. Aí sim, chegou a ofertar parte do que receberia na China. Parcelaria mensalmente um valor a ser estabelecido. Mas o dirigente santista respondeu que o Comitê Gestor não aceitaria menos do que 9 milhões de euros, R$ 39 milhões. E à vista. Era a última proposta. Não houve o acordo. O jogador ficou arrasado psicologicamente. Não acreditou que o clube iria negar a liberação. Seu contrato vai até o final de 2017. E sua mágoa está no fato de estar pagando pela venda de Geuvânio. Modesto Roma jurou aos conselheiros que o clube não se submeteria mais aos métodos chineses. Que primeiro convenciam os jogadores, com altíssimos salários, e depois os convenciam a forçar a saída. "Outros sofreram desmanche, mas o Santos vai manter sua equipe. O Santos não vai vender mais nenhum atleta. Quem quer desestruturar nossa equipe não vai conseguir. Temos em nossos atletas o nosso maior patrimônio, como tivemos Coutinho, Pelé, Pepe, Clodoaldo, Mengalvio, Robinho e Neymar. Nossos ídolos não estão em leilão", jurou o presidente.

Por ironia, Ricardo Oliveira iria completar sua 100ª partida com a camisa do Santos. Iria ser o grande atrativo de Santos e Mogi Mirim, no Pacaembu. Ele alegou não ter condições psicológicas e não jogou. Veio o jogo de ontem contra o Red Bull em São José dos Campos. Antes do centésimo confronto, os jogadores sabiam o quanto Ricardo Oliveira estava abalado. Fizeram de tudo para animá-lo. Até colocaram uma máscara com o seu rosto. Posaram todos juntos para as fotos. Dorival Junior sabia que o capitão do seu time seguia inconformado. E teve duas longas conversas só com ele. O animou. Dizendo que a janela se abriria no meio do ano. E a negociação poderia ser concluída. Mas os dois são vividos. Sabem que não há a menor garantia. Durante a partida de ontem, Ricardo Oliveira jogou muito mal. Não estava focado, se mostrava fora de sincronia, desatento, irritado. Por mais que seja vivido, não conseguiu superar psicologicamente a frustração. As primeiras vaias e palavrões começaram a vir da torcida santista. Dorival Júnior percebeu o que poderia acontecer. E estancou o mal pela raiz. O tirou no intervalo. Mesmo com o Santos jogando mal e precisando do seu artilheiro. O treinador foi inteligente e buscou preservar um atleta fundamental para o Santos. "Acredito que a diretoria santista fez um grande erro. Jogou fora R$ 27 milhões por uma atleta que vai fazer 36 anos. O impediu de fazer o último contrato milionário da carreira. Vão passar dois, três jogos que o Ricardo Oliveira não faça gol e a torcida santista vai gritar "mercenário". A diretoria santista vai se arrepender." A previsão foi de Vampeta, assim que foi anunciada a permanência do jogador. Ricardo Oliveira segue abalado. Não quis dar entrevista na saída do gramado ontem. Está claramente descontente. Ele é capitão e jogador mais influente no Santos. Tem a obrigação de se recuperar, ser profissional.

Cumprir seu contrato. Só que R$ 33,6 milhões não são fáceis de esquecer. O Beijing Guoan não tem obrigação de fazer nova proposta. Vai procurá-lo se precisar. E dependendo de como estiver jogando Ricardo Oliveira. Não é certeza que esteja bem no meio do ano. Jogador descontente nunca foi bom negócio em clube algum. Ainda mais nesta situação extrema.

O Santos mostrou sua autonomia.

Mas faltou bom senso.

Tudo foi muito exposto e em tom desafiador.

Ricardo Oliveira pagou por Geuvânio.

Pelo desmanche no Corinthians.

Há uma grande diferença entre a teoria e a prática.

Modesto Roma se impôs diante dos conselheiros.

Enfrentou até mesmo o ex-presidente Marcelo Oliveira.

Segurou o atacante.

Tem no elenco um atleta que exigirá grande atenção psicológica.

Sem motivação.

E que se sente prejudicado.

Era o preço a pagar neste país mergulhado na recessão.

Modesto e Dorival precisam recuperar seu artilheiro, seu capitão.

Não será nada fácil...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 29 Feb 2016 10:01:11

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