quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

São Paulo merece vexame histórico diante do boliviano Strongest. Complica sua vida na Libertadores. E torcedores trocam apoio no Pacaembu por palavrões e ameaças a Centurion e ao capitão Michel Bastos...

São Paulo merece vexame histórico diante do boliviano Strongest. Complica sua vida na Libertadores. E torcedores trocam apoio no Pacaembu por palavrões e ameaças a Centurion e ao capitão Michel Bastos...




Foi um desastre. O fraquíssimo futebol do São Paulo conseguiu transformar o apoio integral da torcida em raiva, vaias, palavrões. A inesperada derrota para o Strongest da Bolívia, em pleno Pacaembu, revoltou os são paulinos. A ponto de um grupo de torcedores, ligados à Independente, cercar o ônibus dos jogadores. Xingaram, lembraram da apatia na goleada por 6 a 1 para o Corinthians. E ameaçaram o novo capitão do time, Michel Bastos. Mais xingado do que ele, só Centurion. O ídolo Lugano, que ainda se prepara fisicamente para reestrear, resumiu o que a diretoria, jogadores e o próprio técnico Bauza pensavam antes do confronto. "Era obrigatório vencer o Strongest. Se você começa uma fase de grupo perdendo em casa contra um rival direto, obviamente que fica complicado. Temos cinco jogos e temos de ganhar quase todos. Essa é a realidade, mas também não é impossível. "É o momento de todo mundo aparecer, se unir. São dois resultados ruins, dois jogos decisivos, todo mundo tem de manter tranquilidade. E reagir." Lugano deixava claro que a derrota para o Corinthians no domingo ainda incomodava o grupo. E que seus companheiros queria vencer o The Strongest também tentando apagar o que aconteceu em Itaquera. Como não conseguiram e, perderam novamente, só mostraram entrosamento após a derrota sacramentada. Os jogadores não derem entrevistas. Quem tentava explicar aos repórteres os motivos do fracasso, era puxado aos vestiários por um companheiro. Mas eles não puderam fazer o mesmo com Bauza. Talvez se pudessem, seria melhor. Não saberiam que o treinador resumiu sem piedade o que aconteceu. No seu ponto de vista, o time não teve qualidade. "O time hoje não fez uma boa partida. Não teve qualidade para, nos últimos 20 metros do campo, tomar boas decisões. Teve a bola 75 minutos, mas criou poucas chances de gol. Aí esteve o nosso maior erro: a falta de qualidade para finalizar a jogada que começamos."

Bauza estava desconfortável. Ele mesmo havia declarado que exigia os nove pontos que o São Paulo disputaria dentro de casa. Seriam obrigatórios nesta fase de grupos da Libertadores. Com a derrota de ontem, o time só poderá chegar a seis. Precisa se recuperar ganhando nos 3.600 metros de La Paz, ou em Buenos Aires, diante do River Plate. Ou ainda contra o Trujillanos, na Venezuela. O medo do treinador argentino é o The Strongest fazer valer sua altitude e o River Plate, campeão da Libertadores de 2015, seu melhor time. "Esse resultado complica muito para a classificação. Estamos muito tristes, mas vamos seguir acreditando na classificação. O primeiro objetivo é se classificar. Perdemos três pontos importantes, mas seguiremos a lutar." Bauza não está isento de culpa neste incrível vexame do São Paulo. O Strongest não vencia uma partida da Libertadores fora de casa há 32 anos. E fizeram uma festa emocionante no Pacaembu, com o time ajoelhado, agradecendo aos céus o resultado. Estava claro que os próprios bolivianos acreditavam que perderiam o jogo. Mas o São Paulo fez por onde passar vergonha. Apesar de atuar em casa e diante de um adversário retrancado, Bauza manteve seu esquema 4-5-1. Os bolivianos de Mauricio Soria atuavam no 3-5-2. Tornavam inútil o lento Alan Kardec. E, com um preparo físico invejável, se compactavam. Impediam que Ganso respirasse. E também travaram a saída de bola de Thiago Mendes e Hudson. Cortada a artéria principal, a bola não chegava com qualidade à frente. Michel Bastos era bem marcado e omisso. Centurion, não. O argentino tinha liberdade pelo lado direito. Mas seu principal marcador era sua afobação. Falta de talento mínimo para definir as jogadas mais simples. A insistência de Bauza com o atacante foi um erro gravíssimo. Assim como deixar Calleri no banco. A desculpa que estava desgastado se mostraria frágil. Já que ele entraria no desespero, no segundo tempo. Lucão foi a boa surpresa. Mesmo pressionado pelos erros gravíssimos contra o Corinthians, o jovem zagueiro teve personalidade. E foi firme. Sem mostrar a indecisão de Itaquera. Não foi motivo de preocupação. O São Paulo foi engolido pela marcação boliviana. Que não ficou restringida à sua intermediária. A ordem era travar os brasileiros ainda na sua intermediária. O esforço físico foi admirável. Ao contrário do que falou Bauza, faltou ao seu time talento, iniciativa na armação das jogadas. Triangulações pelas laterais não existiram. Bruno e Mena não deram o desafogo que o time tanto precisava. Logo no primeiro tempo, Ramallo acertou a trave de Denis. O que trouxe enorme susto à torcida. A única grande chance do São Paulo foi uma cabeçada de Lucão, que Vaca defendeu. Muito pouco para quem se colocou a obrigação da vitória.

No intervalo, Bauza trocou Hudson por Calleri. E fez o São Paulo adiantar suas peças, para o 4-1-3-2. O time esboçava uma melhora. Só que foi quando o The Strongest marcou seu gol. Após raro escanteio, a bola sobrou para Chumacero, às costas de Mena. Ele cruzou para Afonso, livre, cabecear para o fundo do gol são paulino. O gol aos 17 minutos acabou com os nervos dos jogadores brasileiros e com a paciência da torcida. O ambiente ficou caótico. O São Paulo nervoso, raivoso, afobado. Só aos 22 minutos, Bauza tirou Centurion, o pior disparado em campo. Ele está prova a cada jogo que não adianta o apoio do seu treinador compatriota. Não merece ser titular do time. Logo Kardec foi trocado por Kieza. Os bolivianos faziam de tudo para tentar segurar a inesperada vitória. Passaram a atuar no 4-6-0. Ninguém fixo no ataque. O importante era travar o São Paulo. Estava dando certo. Diante da equipe presa na teia tática do The Strongest, a torcida passou a cantar contra seus atletas. "Estou cansado de time amarelão." "Quanta saudade, quando o time jogava com vontade." E pedia. "Mais respeito com a camisa tricolor." Kieza teve uma chance de alterar o clima, acabar com a pressão. Recebeu ótimo passe, na melhor jogada de Bruno no jogo. E, sozinho, diante de Vaca, o atacante teve a coragem de chutar para fora.

O lance ficou na memória de quem viu o jogo. E Bauza o usa, sem citar, como desculpa. A tal "falta de qualidade na hora de definir". Mas esse foi apenas só um ingrediente. O time todo foi muito mal. Suas substituições não surtiram efeito. O São Paulo lutou mas não produziu. Mereceu perder. Passar pelo vexame histórico. E complicar sua vida na Libertadores. Logo no jogo que seria mais fácil. Aquele que a equipe não poderia nem empatar. Mas perdeu, com toda a justiça. E agora terá de juntar os cacos para tentar sobreviver. Sem união, será impossível...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 18 Feb 2016 03:58:52

Nenhum comentário:

Postar um comentário