sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Bandidos desmoralizam o troféu do Campeonato Catarinense de 2015. Mais uma situação bizarra no país da impunidade. Alguém se lembra da roubada e derretida Jules Rimet?

Bandidos desmoralizam o troféu do Campeonato Catarinense de 2015. Mais uma situação bizarra no país da impunidade. Alguém se lembra da roubada e derretida Jules Rimet?




Os bandidos celebram mais uma vez a impunidade neste país. A incompetência da autoridades. E usam o futebol para a desmoralização. Desta vez em Santa Catarina. Vale a pena lembrar. No ano passado, o campeão estadual de 2015 só foi declarado depois de dois meses e meio da competição definida. No gramado, o Joinville foi campeão. Com direito a levantar o troféu, fazer a festa tradicional. Volta olímpica. Aliás, o troféu, era especial. Confeccionado em metal fundido, com tons de dourado e prateado, pela empresa Griims Gravação em Metal, de Joinville, o Troféu Hemmer 100 Anos mostrava com destaque o número 100. Poderia confundir torcedores mais inocentes. Pensariam que se tratava de cem anos do futebol catarinense. Mas na verdade era uma homenagem aos centenário da empresa Hemmer, que pagou pelo naming rights da fase decisiva do estadual. E o troféu teria repetia o estilo usado no Campeonato Alemão. A indústria de alimentos foi fundada pelo alemão Heinrich Hemmer. Daí a homenagem à Bundesliga. O troféu foi apresentado com orgulho. O presidente da Federação Catarinense, Delfim Pádua Peixoto Filho, e o diretor presidente da Hemmer e vice presidente da própria Federação Catarinense, Ericsson Luef, posaram para as fotos. "É uma obra de arte", comemorava Delfim, vice presidente da CBF. E o troféu fez mesmo sucesso. Os jogadores do Joinville o veneraram quando foram declarados campeões. Acontece que os advogados do Figueirense, até então vice, recorreram. Descobriram que o lateral direito André Krobel, que ficou no banco de reservas e não entrou na partida final, não tinha sua situação regularizada com o Figueirense. Com apenas 20 anos, não era ainda profissionalizado. Houve uma imensa e barulhenta disputa jurídica. Mesmo sem André ter jogado um minuto sequer, o pleno do STJD confirmou a irregularidade. E o título passou para o Figueirense. E também o troféu deveria sair da sede do Joinville onde estava exposto. Ir ao clube rival. Houve um clima de revolta não só no clube, mas na cidade de Joinville. O presidente Delfim anunciou em tom solene. "Vou entregar a taça ao Figueirense". Só que não haveria troféu para entregar.

A decisão aconteceu no final da tarde dia 15 de julho. Na madrugada do dia 16 de julho, a "obra de arte" sumiu da sede do Joinville. Apesar das 64 câmeras que vigiam o clube, nenhuma delas registrou um roubo até tosco. Alguém com um pé de cabra arrombou a sede do clube. Quebrou vidraças. Teve à disposição inúmeros bens para roubar. Mas escolheu justo o troféu. A Kronos, empresa de segurança paga pela prefeitura de Joinville para cuidar da arena, não conseguiu registrar sequer um vulto. Nem a Vejoaovivo, responsável pelas câmeras do estacionamento, nada registrou. Fantasmas, Homem Invisível, Mister M, Madrake. Eles eram os principais suspeitos. Depois que ficou constatado que havia dinheiro e computadores à disposição, e não foram tocados, Robin Hood se tornou o criminoso mais provável. O sumiço do troféu foi uma desmoralização. Não só para o futebol de Santa Catarina. Mas para o poder público. Porque policiais investigaram a sério a Toca do Coelho e não acharam nada. Nem um indício sequer de quem praticou o roubo. O caso foi arquivado. A Federação ficou de fazer outro troféu e entregar ao Figueirense. Só que pela Internet o troféu reapareceu.

E, de forma desmoralizante. Tudo indica que o ladrão não é tão romântico quanto Mister M ou o saudoso Mandrake. Em uma singela foto, a "obra de arte" reapareceu. Mas sobre o troféu, um revólver. Ou seja, bandidos fazendo propaganda de sua façanha. O disco está riscado, desgastado. Tudo indica que seja o verdadeiro. Não era essa imagem que a Hemmer gostaria de ver divulgada pelo país. Nem a Federação Catarinense. Nem a polícia de Joinville. Mas a realidade é essa. Joinville e Figueirense duelaram nos tribunais pelo troféu. Quem ganhou foram os bandidos. Qualquer lembrança da roubada e derretida Jules Rimet, na sede da CBF? Não é mera coincidência.

O país é o mesmo...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 19 Feb 2016 09:47:19

Nenhum comentário:

Postar um comentário