quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Os bastidores da vergonhosa 'anistia' da Conmebol. Novo presidente presenteia o Boca Juniors. Esquece a selvageria do gás de pimenta na Bombonera. Estimula os vândalos. A postura da CBF? Se cala, omissa...

Os bastidores da vergonhosa 'anistia' da Conmebol. Novo presidente presenteia o Boca Juniors. Esquece a selvageria do gás de pimenta na Bombonera. Estimula os vândalos. A postura da CBF? Se cala, omissa...




"Este tipo de medidas é ilegal. Estes tipos de decisões não estão no estatuto da Conmebol. Isso não é bom para o futebol por tudo o que vivemos nesses últimos meses. Esta resolução provoca o aumento da falta de credibilidade . Isso não é um veredicto, é uma resolução política. "Não tenho mais nada para fazer nesse lugar. "É pouco sério, é ilegítimo, não está nos estatutos e é um tema político." Estas frases do uruguaio Adrian Leiza resumem a indignação que deveria tomar conta dos dirigentes de toda América do Sul. Mas não tomam. Porque a esmagadora maioria dos que comandam o futebol é conivente, covarde, incompetente. Mancomunada com a corrupção, com o desrespeito às leis. A corrupção corre por suas veias. A renúncia do vice-presidente do Comitê Disciplinar da Conmebol foi histórica. Desmoralizou a absurda farsa comandada pelo novo presidente da Conmebol, o paraguaio Alejandro Dominguéz. Para reaproximar os clubes da entidade, corroída por denúncias comprovadas de corrupção, ele decidiu mostrar ao mundo como esse pedaço do planeta é atrasado. Oficializou a América do Sul como a terra da impunidade. Vale a pena ler com muita calma o absurdo comunicado que a Conmebol divulgou. "A Confederação Sul-Americana de Futebol decidiu pela redução das sanções impostas aos jogadores e das medidas aos clubes, referentes ao uso de seus estádios e a proibição de compras de entradas de torcedores. As medidas extraordinárias foram tomadas pela única e exclusivamente vez com o parecer positivo da Comissão de Assuntos Legais e com o respaldo majoritário dos membros do Comitê Executivo da Conmebol, em ocasião do centenário da Confederação Sul-Americana de Futebol, e serão aplicadas de maneira automática e sem mais trâmites.

As suspensões de jogadores e treinadores serão reduzidas à metade da sanção imposta. As sanções aos clubes por fechamento de seus estádios e impedimento de acessos dos seus torcedores foram diminuídas em dois terços da sanção imposta. A resolução não beneficia aqueles que foram suspensos por casos de doping, agressões físicas a árbitros, racismo e discriminação ou os jogadores sancionados com suas seleções nacionais. Assim como tampouco a multas econômicas, que terão de ser cumpridas em sua totalidade. A decisão é válida a partida desta data, beneficiando os participantes da Copa Libertadores, que se inicia nesta noite." Qualquer promotor, juiz de direito ou um cidadão tem de ficar revoltado. A Conmebol completa 100 anos e resolve comemorar anistiando, acabando com punições justas, legítimas, comprovadas. Que serviram como exemplo do que não pode acontecer. O grande beneficiado pelas medidas foi o clube mais popular da América e mais forte politicamente do continente. O Boca Juniors. Ninguém tem o direito de se esquecer do que aconteceu nas oitavas de final da Libertadores de 2015. Quando vândalos infiltrados na suas organizadas tiveram livre acesso ao túnel que levava o River Plate ao gramado. E dispararam gás de pimenta nos adversários. Entoxicados, não tiveram condições de jogar.

O desleixo com a segurança foi tão grande, que, se os vândalos tivessem revólveres, ninguém repararia. A selvageria na Bombonera correu o mundo. A Conmebol já tomou uma medida amena em 2015. O então presidente da entidade, o também paraguaio Juan Ángel Napout, ficou enfrentou a pressão por uma pena exemplar. A eliminação do Boca da Libertadores não só do ano passado, como deste. Pressionou e conseguiu a punição light de quatro partidas sem público na Bombonera e mais quatro fora. Só fez questão da multa de 200 mil dólares, cerca de R$ 793 mil. Afinal, como está provado, os presidentes da Conmebol adoram dinheiro. Lícito e ilícito. Napout seguiu o caminho de Eugenio Figueredo e Nicolás Leoz. E está trancafiado, preso. Investigações do FBI e do Departamento Norte Americano de Justiça apontam os três últimos presidentes da Conmebol como corruptos da pior espécie. Recebendo dinheiro de empresas especializadas em negociar as transmissões esportivas no continente. Recebiam mesas, propina para que a concorrência fosse viciada. E quem ganhasse o direito de mostrar os jogos seriam sempre quem os corrompiam. E quem sempre foi o braço direito de Napout? Sim, ele mesmo. Alejandro Dominguéz, eleito por unanimidade como novo presidente da Conmebol. "A Conmebol é vítima, não é uma entidade corrupta, é uma entidade que esteve sob controle de pessoas que priorizaram o particular sobre o institucional e agora temos que dar a volta por cima", teve a coragem de declarar.

Dominguéz é populista. Seu primeiro ato foi chamar os fotógrafos para registrar a retirada de uma placa absurda que enfeitava o prédio milionário em Assunção. Ela era a Placa da Inviolabilidade. Os corruptos que dominavam o futebol sul-americano deram mais uma prova de desfaçatez. Exigiram ao congresso paraguaio que transformasse desse o status à sede da Conmebol de embaixada e consulado. Ou seja estaria protegido de invasão de qualquer pessoa. Até de policiais federais, caso um dia, quisessem investigar a entidade. A Conmebol ganhou a placa. Que foi completamente desprezada quando estouraram as denúncias de corrupção. O presidente paraguaio Horacio Cartez já havia derrubado a absurda medida em junho de 2015. O que Dominguéz fez há dois dias foi puro teatro. Quis mostrar que ele abria a entidade. Hipócrita, sabia que ela estava escancarada já há sete meses.

Por isso essa demonstração de pouca vergonha, batizada de anistia, não pode ser surpresa. A punição de quatro jogos, que o Boca faria sem torcida na Bombonera, caiu para um. Assim como também fora. Será também só um. Suspensões de atletas caíram pela metade. E os clubes foram "anistiados" em dois terços de suas penas. Medidas populistas e que só estimula a impunidade. É uma maldição. A Conmebol parece ter nascida sob o signo dos corruptos. Ela nasceu em 1916. Teve 13 presidentes até agora. Mas desde 1966, brasileiros e argentinos fizeram um pacto. Ninguém nascido nestes países comandaria a entidade. Para não favorecer seu país. Os dirigentes assumem a forte tendência à corrupção há 50 anos. A "anistia" de Dominguéz foi nojenta. Mais um golpe de morte na credibilidade da Conmebol. Assumiu em praça pública a selvageria. Estimula os vândalos. Até gás pimenta na cara dos adversários é permitido. Será que é preciso escrever que o coronel Nunes aceitou a medida? Lembrar que o "presidente" da CBF se calou diante desse absurdo? Nem precisa...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 03 Feb 2016 10:56:38

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