
Quem formou o elenco do São Paulo nos últimos anos foi Juvenal Juvêncio, Carlos Miguel Aidar e Ataíde Gil Guerreiro. Muitas e muitas vezes, os treinadores não tiveram direito a voto. Eles que montasse o time com as peças que os dirigentes oferecessem. O trio sempre agiu como torcedores. Gastando muito mais com meias e atacantes. Nunca dando muita atenção aos zagueiros. E campeonatos e mais campeonatos acabaram sendo desperdiçados justamente por falhas de zagueiros limitados. E hoje novamente, o time pagou por isso. Em uma jogada infantil, tentativa digna de um juvenil, Tolói errou o tempo de bola. E tomou um chapéu desmoralizador de Cauteruccio. O uruguaio desceu livre e estufou as redes de Rogério Ceni. Eram 26 minutos do segundo tempo. Todo surpreendente bom trabalho que o São Paulo fazia foi para o lixo. E veio a derrota que deixa o time muito ameaçado de desclassificação da Libertadores, logo na primeira fase, a de grupos. Até o lance absurdo de Tolói, o São Paulo estava cumprindo o plano traçado por Muricy. O treinador sabia que o
empate seria ótimo resultado. E tratou de montar sua equipe de uma maneira mais compacta, marcadora. Para tirar o espaço do competitivo, mas sem brilho técnico, do atual campeão da Libertadores. Ele trocou os dois laterais, Bruno e Carlinhos. Improvisou o volante Hudson e Reinaldo ganhou uma chance. Os dois entraram para marcar, como se atuassem na década de 70. No meio de campo, Denílson e Souza fechando a intermediária. Ganso e Michel Bastos tinham de ajudar, como se fossem outros volantes. Na frente, aberto pela direita, Pato. Enfiado entre os zagueiros esperando uma jogada para atuar como pivô, Alan Kardec. O San Lorenzo é uma equipe muito diferente daquela campeã de 2014. Vendeu jogadores, não se reciclou à altura. Ainda depende da formação tática compacta, firme de Edgardo Bauza. Sua estratégia contra os brasileiros era sufocar desde o início da partida. Acreditava que o São Paulo atuaria acovardado, todo atrás. Só que não foi o que aconteceu. Muricy colocou seu time fechando as intermediárias, mas pronto para dominar a bola, ditar o ritmo de jogo. Não cair na correria dos argentinos. E conseguiu cozinhar o primeiro tempo. O São Paulo impressionava pela frieza, pela personalidade jogando no Nuevo Gasometro. A torcida argentina cantava, xingava, fazia o que podia, mas o San Lorenzo quase não criou. Só teve uma chance, e ela foi aguda. Mostrava o que viria pela frente. Em um cruzamento despretensioso, Tolói apenas observou Blanco cabecear livre e perder o gol. Ainda na primeira etapa, Muricy perdeu Alan Kardec, contundido. Entrou Centurion. O que até melhorou o time. O argentino atuando no seu país teve iniciativa, correu, tentou os dribles, enfrentou os zagueiros. O 0 a 0 estava excelente para o São Paulo. Pelos planos de Muricy e da diretoria, bastaria vencer o lanterna do grupo Danubio no Uruguai. E entrar no Morumbi só por um empate contra o Corinthians. No segundo tempo, o San Lorenzo se agoniava, adiantava seu time, buscando a vitória obrigatória. O São Paulo continuava bem postado, fechando os espaços. Os laterais defensivos funcionavam. Sem opção, os argentinos apostavam em levantamentos para a área, em prova de descontrole. O que deveria ser uma boa notícia, se mostrou trágica. O veterano e cerebral Romagnoli não suportou mais o ritmo da partida. E foi substituído. Entrou o uruguaio Cauteruccio. Sua maior virtude é a correria, a explosão, não o talento. O atacante entrou aos 18 minutos e oito minutos depois, estava envolvido no principal lance do jogo. Uma bola boba que sobrou na intermediária. Dividida entre Cauteruccio e Tolói. O zagueiro cometeu um erro inaceitável. Não percebeu que o uruguaio estava mais próximo da bola do que ele. Mesmo assim tentou a antecipação. O que conseguiu foi levar um chapéu vergonhoso. Como ele era o homem da sobra, o atacante só tinha pela frente Rogério Ceni. O chute sai no alto, violentíssimo. 1 a 0, San Lorenzo. O lance acabou com todo o planejamento são paulino. Perdendo, a insegurança, velha conhecida, voltou ao time brasileiro. Muricy ainda tentou adiantar o time, mas a marcação argentina estava firme, confiante. O San Lorenzo agora tinha espaço para armar contragolpes. Mas faltava talento. O São Paulo perdeu o jogo que não poderia perder. Agora terá pela frente o Danubio no Uruguai e depois o Corinthians no Morumbi. O San Lorenzo terá o Corinthians no Itaquerão. E depois o Danubio já eliminado, em Buenos Aires. Os dois times têm seis pontos. O time de Muricy é obrigado a vencer os uruguaios e o Corinthians para assegurar a classificação. Os argentinos deverão passar fácil pelo Danubio. A esperança do São Paulo é o rival corintiano se impor no Itaquerão. Se tivesse acontecido o empate, tudo estaria tranquilo. Mas Tolói colocou tudo a perder. Quem sabe um dia a direção do São Paulo entenda que um time de grandes conquistas tem excelentes meias e atacantes. Mas sem bons zagueiros, não vai a lugar algum...

Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 01 Apr 2015 22:20:13
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