domingo, 6 de dezembro de 2015

A incoerente carreira de Mano Menezes. Depois de apenas 15 jogos, vira as costas para o Cruzeiro. E vai para a China, que havia desprezado dois meses antes. Enriquecer, esse é o seu projeto...

A incoerente carreira de Mano Menezes. Depois de apenas 15 jogos, vira as costas para o Cruzeiro. E vai para a China, que havia desprezado dois meses antes. Enriquecer, esse é o seu projeto...




"Não acho que acrescente ao técnico brasileiro ir para qualquer lugar. Se for para um nível muito baixo, receberá excelente salário, mas não terá condições de fazer um trabalho que te projete como técnico no mundo, que acho que é o mais importante." Essas foram as palavras de Mano Menezes ao jornal Estado de Minas. Há dois meses, como é do seu estilo, ele ironizava sem se comprometer abertamente. Indicava que Vanderlei Luxemburgo, Luiz Felipe Scolari e Cuca tinham ido apenas enriquecer a conta bancária. E não crescer como treinador, como profissional. Suas palavras duraram exatamente dois meses. O poder do dinheiro humilhou sua definição sobre profissionalismo, projeto, reestruturação do Cruzeiro. Ele virou as costas a tudo isso e mais R$ 500 mil mensais. Para ganhar quatro vezes mais. R$ 2 milhões, sem impostos. E ainda bônus que podem chegar a R$ 5 milhões caso conquiste o Campeonato Chinês ou a Copa da China, dificílimos e de altíssimo nível. A premiação pode até subir se conquistar a Champions Asiática. Mesmo se não ganhar um título e ficar os três anos, embolsará nada menos do que R$ 72 milhões. Mano assumirá o lugar do demitido Cuca. Terá contrato de dois anos, com a possibilidade de mais um, com aumento de 10%, caso os chineses aprovem seu trabalho. A sensação na diretoria do Cruzeiro é de profunda decepção. Gilvan Tavares resolveu apostar no treinador que já havia desprezado o clube em 2008. No final daquele ano, ele tinha jantado com o então presidente Zezé Perrella. E tudo estava encaminhado para assumir o clube. Só que, na manhã seguinte, disse que preferia trabalhar no Corinthians. O agora senador Perrella jurou que nunca mais o técnico pisaria na Toca enquanto fosse presidente. Assim foi. Depois de se convencer que Vanderlei Luxemburgo era uma triste caricatura como técnico do que foi em 2003, Gilvan Tavares optou por Mano Menezes. O treinador estava abandonado há nove meses. O Corinthians preferiu não renovar seu contrato depois da temporada passada. E ao chegar, Mano Menezes prometeu um projeto de reestruturação do Cruzeiro. Ficaria até dezembro de 2017. Vale a pena lembrar palavra por palavra.

"Técnico de um modo geral não foge de desafios desse tamanho e num clube da grandeza do Cruzeiro e num clube que te propõe fazer um trabalho um pouco mais longo. É um tempo suficiente para construir algo mais permanente. Temos que passar pelos clubes e deixar algo. Em duas temporadas e quatro meses (contrato até dezembro de 2017), é possível construir algo para deixar ou juntar tudo isso que o Cruzeiro tem como estrutura, que é diferenciada em termos de Brasil." Mano Menezes realmente deixou algo profundo na Toca da Raposa. Exatamente o mesmo sentimento que deixou na Gávea entre os dirigente. Ressentimento. E a decepção de que suas promessas não deveriam ter sido levadas a sério. Gilvan já havia aceitado a lista de reforços e dispensas elaboradas pelo treinador. O presidente cruzeirense se iludiu quando surgiu a proposta chinesa. Não acreditou que Mano fosse embora. Afinal estava na coletiva. E conversou com o técnico várias vezes. Sabia que ele havia dito que não iria para centros menores apenas por dinheiro. Não poderia ir embora apenas depois de 15 partidas. Seu erro foi acreditar em Mano sem proposta. Com proposta seu comportamento foi bem diferente. A carreira de Luiz Antônio Venker Menezes é marcada pela incoerência. Depois de uma carreira em times pequenos gaúchos, foi contratado pelo Grêmio. Em 2005 estava para ser demitido, seu trabalho na Segunda Divisão não era nada consistente. Até que surgiu o acaso. A batalha dos Aflitos, em Recife. Quando o Grêmio perdeu quatro jogadores. O Náutico desperdiçou dois pênaltis. E o time gaúcho ainda conseguiu vencer e voltar para a Série A. Mano passou a vestir a capa de herói, quando a imprensa gaúcha sabe que ele estava para ser demitido. Ficou no Grêmio até surgir o Corinthians na Segunda Divisão. Ganhou o título que só Mano tem: bicampeão da Série B. Com Ronaldo ganhou a Copa do Brasil, o Paulista. E graças à sua amizade com Andrés Sanchez, ganhou a Seleção. Fez um trabalho confuso, sem consistência alguma. Mostrou sua insegurança. Sua falta de decisão em relação a esquema. Não tinha estrutura para tanta ambição. Sucumbiu não só na principal como na Olímpica. E foi demitido. Para ficar clara a falta de rumo de Mano, não custa relembrar os 102 jogadores que convocou entre agosto de 2010 e dezembro de 2012. Impossível formar um time com tantos e tantos testes. Goleiros: Jefferson (Botafogo); Renan (Valência-ESP); Victor (Atlétigo-MG); Diego Alves (Valência-ESP); Gomes (PSV Eindhoven-HOL/Watford-ING); Gabriel (Milan-ITA); Neto (Fiorentina-ITA); Júlio César (Toronto-CAN); Fábio (Cruzeiro); Rafael (Napoli-ITA); Cássio (Corinthians); Renan Ribeiro (São Paulo) e Diego Cavalieri (Fluminense) Laterais: Daniel Alves (Barcelona-ESP); Rafael (Manchester United-ING); Mariano (Fluminense); Maicon (Roma-ITA); Danilo (Porto-POR); Mário Fernandes (CSKA-RUS); Fábio (Manchester United-ING/Cardiff City-ING); Lucas Marques (Botafogo); Marcos Rocha (Atlético-MG); André Santos (Flamengo); Marcelo (Real Madrid-ESP); Adriano (Barcelona-ESP); Kléber (Porto-POR); Cortez (Botafogo/São Paulo/Criciúma); Alex Sandro (Porto-POR); Fábio Santos (Corinthians) e Carlinhos (Santos/Fluminense) Zagueiros: David Luiz (Chelsea-ING/PSG-FRA); Thiago Silva (Milan-ITA/PSG-FRA); Réver (Atlético-MG); Henrique (Pameiras/Napoli-ITA); Alex (PSG-FRA/Milan-ITA); Breno (Bayern de Munique); Luisão (Benfica-POR); Lúcio (Internazionale-ITA/Palmeiras); Dedé (Vasco/Cruzeiro); Rhodolfo (Grêmio); Emerson (Coritiba); Juan (Internazionale-ITA); Bruno Uvini (Santos); Leandro Castán (Roma-ITA); Leonardo Silva (Atlético-MG) e Durval (Santos)

Volantes: Jucilei (Corinthians/Al Jazira-EAU); Lucas (Liverpool-ING); Hernanes (Lazio-ITA/Internazionale-ITA); Ramires (Chelsea-ING); Sandro (Tottenham-ING); Wesley (Palmeiras); Anderson (Fiorentina-ITA); Henrique (Napoli-ITA); Ralf (Corinthians); Luís Gustavo (Wolfsburg-ALE); Elias (Corinthians); Paulinho (Tottenham-ING); Rômulo (Grêmio); Casemiro (Porto-POR); Fernandinho (Manchester City-ING); Arouca (Santos); Fernando (Grêmio) e Jean (Fluminense)

Meias: Carlos Eduardo (Rubin Kazan-RUS); Douglas Costa (Shakhtar Donetsk-UCR); PH Ganso (São Paulo); Éderson (Lyon-FRA); Giuliano (Grêmio); Ronaldinho Gaúcho (Atlético-MG); Douglas (Grêmio); Jadson (Corinthians); Renato Augusto (Corinthians); Elano (Flamengo); Lucas (PSG-FRA); Thiago Neves (Fluminense); Oscar (Chelsea-ING); Renato Abreu (Flamengo); Cícero (Fluminenses); Elkeson (Botafogo/Guangzhou Evergrande-CHN); Diego Souza (Palmeiras/Al-Ittihad-ARA); Willian (Chelsea-ING); Bruno César (Palmeiras); Dudu Cearense (Goiás); Kaká (Real Madrid-ESP/São Paulo); Bernard (Shakhtar Donetsk-UCR) e Fellype Gabriel (Al-Sharjah-EAU) Atacantes: Neymar (Barcelona-ESP); Diego Tardelli (Atlético-MG); Robinho (Manchester City-ING/Milan-ITA); André (Santos/Atlético-MG); Pato (Milan-ITA/São Paulo); Phillipe Coutinho (Internazionale-ITA/Liverpool-ING); Hulk (Porto-POR/Zenit-RUS); Nilmar (Villarreal-ESP/Jaish-QAT); Leandro Damião (Internacional/Santos); Jonas (Grêmio/Valência-ESP); Fred (Fluminense); Borges (São Paulo/Cruzeiro), Kléber (Porto-POR); Wellington Nem (Fluminense/Shakhtar Donetsk-UCR) e Luís Fabiano (Sevilla-ESP/São Paulo). Muitas convocações foram benéficas aos jogadores. Transações de atletas chamados pelo treinador movimentaram mais de R$ 1 bilhão.

Caiu Ricardo Teixeira, caiu Andrés Sanchez, caiu Mano Menezes. Ele foi trabalhar no Flamengo e fez mil promessas. O time não rendia. E caminhava perigosamente em direção ao rebaixamento. O treinador abandonou o barco. Pagou multa do próprio bolso e se demitiu. O time fez festa e ganhou meses depois a Copa do Brasil. Os atletas dedicaram ironicamente o título a Mano. Dirigentes flamenguistas juraram que ele não trabalhará mais na Gávea. Foi para o Corinthians, presidido pelo amigo Mario Gobbi. Um ano de fracassos. Sem ofertas, fez curso rápido de treinadores na Uefa. Quem sabe o Milan, Real Madrid, Barcelona se interessariam. Já estava sem impedimento para trabalhar na Europa. Acabou no Cruzeiro e agora China. Seu empresário Carlos Leite, representante do maior agente de futebol no mundo, o português Jorge Mendes, encarna a decepção. Ele havia feito um plano de carreira com Mano. Sonhavam juntos ainda na primeira passagem pelo Corinthians. Depois da Seleção Brasileira, o plano era o futebol europeu. Mano tinha de dirigir a Seleção na Copa de 2014. Não passou nem perto. Só que Leite não conseguiu encaixá-lo nem em times médios portugueses. Mano estudou muito inglês. Era uma possibilidade trabalhar na Liga Norte-Americana. Mas ela não se confirmou. Foi quando Mano recebeu a proposta dos empresários chineses. Leite não participou da negociação. Só soube depois. Não ganhou um centavo. A parceria foi rompida de maneira deprimente. Com muita mágoa.
Gilvan avisou que não abriria mão da multa que Mano teria de pagar se fosse embora antes de dezembro de 2017, R$ 7 milhões. Os chineses pagaram. E o técnico vai embora hoje do Cruzeiro, depois do jogo contra o Internacional. Os dirigentes vão tentar manter as aparências após a partida. Mas ele sai queimado, deixando as portas fechadas para um retorno. Mano Menezes surgiu como uma grande promessa no futebol brasileiro. Em seis anos se transformou em enorme decepção. Não fez um trabalho marcante. Chegou à Seleção graças à amizade com Andrés. Sua passagem foi pífia, frustrante. Ninguém parece perceber. Mas o último título que ganhou foi a Copa do Brasil de 2009.


Tem o bicampeonato da Segunda Divisão Brasileira.

Ganhou dois Gaúchos e um Paulista.

E só.

Mano tem muito mais aparência do que consistência.

Grande parte do faz é artificial.

Aprendeu a dar entrevistas com fonoaudióloga.

Em questões delicadas apenas insinua, não se posiciona.


Quando Andrés perdeu seu cargo na Seleção, viu quem era Mano. O treinador tentou se entender com Marin. Sem saber que ele deseja Luiz Felipe Scolari. Por isso, quando Gobbi deixou o cargo de presidente, Andrés avisou que Mano não ficaria. O que abriu espaço para a volta de Tite.

Mano vai ficar milionário na China.

O comportamento na elite do futebol brasileiro é fácil de resumir.

Por onde passou, deixou uma profunda decepção.

Corinthians, Flamengo e agora Cruzeiro.

Qualquer dúvida em relação ao técnico, há uma pessoa que pode falar.

Afinal, conviveram por anos e anos.

Traçaram mil planos.

Sonharam juntos.

Seu nome é Carlos Leite...



Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 06 Dec 2015 12:35:19

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