quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

A injusta selvageria contra Cléber Machado. As ameaças e palavrões contra Galvão Bueno. Os narradores e comentaristas não têm culpa dos privilégios que a Globo reserva ao Corinthians e ao Flamengo...

A injusta selvageria contra Cléber Machado. As ameaças e palavrões contra Galvão Bueno. Os narradores e comentaristas não têm culpa dos privilégios que a Globo reserva ao Corinthians e ao Flamengo...




A TV Globo paga mais para mostrar os jogos do Corinthians e Flamengo. Sempre foi assim desde que o ex-presidente corintiano, Andrés Sanchez, implodiu o Clube dos 13, em 2011. Foi a pedido do ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e do homem que comanda o futebol na emissora, Marcelo Campos Pinto. O motivo: havia a possibilidade real de a emissora perder o Campeonato Brasileiro. A concorrência prometia cobrir a proposta da dona do monopólio do futebol desde a Ditadura Militar. Quando os clubes mais populares do país romperam e não negociaram mais conjuntamente com os demais times, não houve mais razão de existir o Clube dos 13. Com a transação direta, a Globo decidiu fazer o que lhe interessava. Na busca por audiência, optou por mostrar mais jogos do Corinthians e Flamengo. Tudo combinado com a CBF. Os dois devem atuar o mínimo possível aos sábados, domingos às 18h30 e quintas-feiras. O horário nobre do futebol ficou reservado para a dupla: quarta-feira às 22 horas e domingo às 16 horas. Lógico que há overdose de partidas corintianas e flamenguistas ao vivo. Os clubes são excelentes. Eles cobram mais dos patrocinadores, que são mais vistos do que os rivais. E também a popularidade garante a formação de novos torcedores. É uma belíssima e lucrativa bola de neve. Só que tudo na vida tem dois lados. Os rivais ficam revoltados. Desde 2011, São Paulo, Palmeiras e Santos tentam diminuir a diferença do que o Corinthians recebe e também querem mais jogos seus na tevê. O mesmo acontece no Rio, com o Fluminense, Vasco e Botafogo. Vale lembrar como é e como ficará a diferença no próximo Brasileiro. O privilégio para o Corinthians e Flamengo é assustador. 1. Flamengo e Corinthians - De R$ 110 milhões/ano para R$ 170 milhões/ano, a partir de 2016. 2. São Paulo - De R$ 80 milhões/ano para R$ 110 milhões/ano. 3. Vasco e Palmeiras - De R$ 70 milhões/ano para R$ 100 milhões/ano. 4. Santos - De R$ 60 milhões/ano para R$ 80 milhões/ano. 5. Atlético-MG, Cruzeiro, Grêmio, Internacional, Fluminense e Botafogo - De R$ 45 milhões/ano para R$ 60 milhões/ano. 6. Outros integrantes da Série A - De R$ 27 milhões para R$ 35 milhões/ano. Os torcedores que não são corintianos ou flamenguistas se articulam nas redes sociais. Reclamam, xingam, articulam boicotes. Mas a situação está saindo de controle. A revolta virou violência. Tão simbólica quanto descabida. Há uma caça a narradores e comentaristas da TV Globo.

Galvão Bueno nos dias de jogos só anda cercado de seguranças há anos. Tudo ficou pior quando portais identificaram o "time do coração" dos narradores e comentaristas da emissora. Ele assume ser flamenguista. Foi o que bastou para que qualquer torcedor de outro time o xingue, ameace em toda transmissão. Em jogos no Brasil há duas opções. Ou ele chega muito, mas muito mais cedo do que o horário da partida e vai embora muito mais tarde, ou narra do estúdio. Quando se atreve a ir para o estádio, o carro da Globo tem vidros escuros e não tem qualquer logotipo que o identifique como da emissora. O que aconteceu ontem com Cléber Machado foi uma covardia absurda. Ele estava indo narrar a final da Copa do Brasil entre Palmeiras e Santos. Ele estava ao lado de Caio e Casagrande. Chegava cedo à nova arena palmeirense. O problema é que, desde o início da tarde, havia torcedores nas ruas próximas ao estádio. E o carro teve de passar entre eles. Foi quando reconheceram Cléber. Embora ele negue, portais já o identificaram como santista. Foi o que bastou. Aos gritos de "santista safado" e "fora Globo" e "Globo gambá (alusão ao Corinthians)", os torcedores começaram a chutar e dar socos no carro. E tratavam de balançá-lo. Testemunhas disseram que eles queriam tombar o veículo. Por sorte, o motorista conseguiu fugir da multidão. E levou os três para trabalhar nos estúdios da emissora, na zona Sul de São Paulo. Coube ao repórter Mauro Naves entrar no Jornal Nacional e falar sobre o jogo. Esta função deveria ser de Cléber Machado.

E se os palmeirenses conseguissem virar o carro? E passassem a agredir Cléber, Caio e Casagrande? A situação está ficando insustentável. Não só para a Globo. As represálias atingem até a Bandeirantes. As duas emissoras costumam ter seus carros danificados em jogos de futebol. Depois que a tentativa de agressão a Cléber Machado se tornou pública, a Globo decidiu publicar uma nota oficial, hoje à tarde. "Cléber, Casagrande e Caio tiveram dificuldade para chegar ao estádio por conta da multidão de torcedores nas ruas e na porta da arena do Palmeiras. Não houve agressão à equipe, mas para não haver atraso e preservar a transmissão, a decisão foi voltar à emissora e narrar do estúdio. Os repórteres Mauro Naves e Bruno Laurence estavam em campo e traziam as informações de lá. A transmissão da partida final foi o recorde da Copa do Brasil de 2015 (32 pontos e 49% de participação). Desde 2009, um jogo da Copa do Brasil não tinha audiência tão alta em São Paulo." O clima de tensão está instaurado na emissora. A decisão já estava para acontecer. Em jogos importantes, narradores e comentaristas irão para os estúdios. Nada mais de se arriscar como ontem. Há lugares que os globais, sempre que possível, fogem. A Vila Belmiro, arena do Palmeiras e Morumbi. Não por acaso, estádios dos rivais do privilegiado Corinthians.

Os torcedores estão sendo injustos.

Galvão Bueno, Cléber, Casagrande e Caio não decidem que jogo mostrar.

Muito menos a quem pagar mais pela transmissão dos jogos.

Quem decidiu foram os executivos de maior poder no esporte.

E eles não vão aos jogos.

Essa estupidez precisa acabar.

Não será aterrorizando, batendo em jornalistas que a relação mudará.

Os torcedores precisam cobrar uma atitude de seus dirigentes.

Não tentar fazer justiça pelas próprias mãos.

O que aconteceu ontem perto do estádio palmeirense foi vergonhoso.

E poderia ter consequências graves.

A Globo que siga fazendo os acordos que julgar lucrativos.

Mas pare de fantasiar.

O mundo mudou.

A violência está generalizada.

Seus profissionais precisam ser preservados.

São vítimas dos privilégios dados ao Corinthians e Flamengo.

Precisam ser preservados.

E devem transmitir as partidas importantes nos estúdios.

Chega de irresponsabilidade...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 03 Dec 2015 17:11:06

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