quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Marco Polo del Nero vê seu mundo ruir. EUA prendeu mais dirigentes por corrupção na Suíça. O presidente da Conmebol e da Concacaf. Fifa pode tirar o presidente da CBF. E provocar até a queda de Dunga...

Marco Polo del Nero vê seu mundo ruir. EUA prendeu mais dirigentes por corrupção na Suíça. O presidente da Conmebol e da Concacaf. Fifa pode tirar o presidente da CBF. E provocar até a queda de Dunga...




Todo o plano para as Eliminatórias, Copa do Mundo e Olimpíadas está em jogo. O cargo de Dunga também. O Comitê de Ética da Fifa tem grande chance de tirar Marco Polo del Nero da CBF. O dirigente está sendo investigado há tempos por sua relação com o ex-presidente José Maria Marin, que está está extraditado nos Estados Unidos, será julgado por corrupção, lavagem de dinheiro e recebimento de propina. O ex-dirigente pode pegar até 20 anos de cadeia. O Comitê de Ética da Fifa tem poder para tirar Marco Polo do cargo. Quando o porta-voz da Fifa, Andreas Batel, confirmou hoje na Suíça a existência do processo, já é um indício enorme que o dirigente brasileiro deverá ser afastado do cargo. Batel não iria expor o brasileiro à toa. Del Nero já se viu obrigado a renunciar do Comitê Executivo da entidade. Abriu mão de um salário de R$ 760 mil mensais. Indicou para o seu lugar, o vice da CBF, Fernando Sarney. Filho do ex-presidente do Brasil, José Sarney. Marco Polo del Nero sabe que seu mundo está caindo. Como seus advogados previam, acertou ao não sair do Brasil. O FBI e o departamento de Justiça dos Estados Unidos prenderam hoje no luxuoso hotel Baur au Lac, os presidentes da Conmebol, Juan Ángel Napout, e o da Concacaf, Alfredo Hawit. São suspeitos de estarem envolvidos no esquema de corrupção que levou à prisão oito membros poderosos da Fifa. Entre eles, José Maria Marin. Os Estados Unidos querem a extradição dos dois. Já pediu à Suíça. Por enquanto, os dirigentes se negam a aceitar ser julgados no país norte-americano. Mas tudo indica que não terão saída. Se, por acaso, Napout e Hawit estivessem no Brasil, não seriam presos. Ou correriam o risco de extradição. A Fifa está fazendo uma profunda reformulação na entidade. Alguns membros chamam de "limpeza". A ordem é afastar os corruptos. E também a fortíssima pressão financeira dos bilionários patrocinadores da entidade. Assim como ter mais transparência na relação dos contratos de transmissão de seus torneios. Com a bênção do FBF e do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, todos os contratos mais importantes nas últimas décadas estão sendo investigados. As autoridades norte-americanas avisaram que iriam efetuar mais prisões, depois que Marin e sete companheiros foram capturados. Napout e Hawit estavam tranquilos, na Suíça, acreditavam que tudo já havia terminado. E estão presos.

A Fifa sancionou a limitação dos mandatos de seus presidentes. No máximo 12 anos. Pode parecer que não, mas é um grandre progresso. João Havelange, por exemplo, ficou 24 anos. Jules Rimet, 33 anos. Blatter estava há 17. A partir da Copa do Mundo de 2026, o número de participantes deverá chegar a 40. A entidade também exigirá que cada federação tenha uma mulher em alto posto. Para ter pelo menos 30% de mulheres no comando do futebol mundial. Mas o que interessa agora ao Brasil é Marco Polo del Nero. Ele já sabia que sua situação era complicadíssima desde a prisão de Marin. A pressão para a renúncia está muito acima do que poderia imaginar. A pressão da opinião pública e o momento político que o país vive, com abertura de processo de impeachment contra Dilma, o enfraqueceu em Brasília. Deputados federais, senadores e até ministros que o defendiam, foram se afastando. Tanto que na semana passada foi aprovada a quebra do seu sigilo bancário e telefônico na CPI do futebol. Dele, de José Maria Marin e também do singelo Ricardo Teixeira. Marco Polo tem contra si também a Globo. A velha parceira se sentiu traída quando ele deixou de ir para reuniões fundamentais à emissora. Executivos se sentiram traídos quando ele não foi à Suíça e nem deixou nada articulado para a tabela das Eliminatórias. A emissora só queria jogos às 22 horas para não atrapalhar sua programação. Era uma tradição os presidentes da CBF brigarem pela Globo na Fifa. Sem representação, a tabela marca várias partidas às 20 horas, quebrando a grade do canal. Além disso, a volta de Dunga foi defenestrada. A emissora segue não tolerando o técnico. Sua truculência e os treinamentos fechados se juntaram ao fracasso na Copa América. A emissora que tem os direitos da Copa das Confederações de 2017, não vai fazer a transmissão. Por um motivo simples. O Brasil não teve competência para se classificar.

Marco Polo del Nero acreditou que poderia apenas pedir licença do cargo. No máximo até 180 dias. Neste prazo, ele teria condições de escolher seu substituto. O vice que não ousasse mudar sua filosofia e nem mexesse na estrutura que montou na CBF. Há dois nomes que adora. Fernando Sarney, vice presidente da CBF pela região Norte, embora seja no Maranhão, região Sudeste. Ele já o havia substituindo desde maio, quando parou de viajar para fora do Brasil. Marcus Vicente, vice da região Centro-Oeste, perdeu força. O deputado federal pelo PP do Espírito Santo fez uma consulta popular ao Congresso, perguntando se poderia pedir licença para assumir a CBF. Marco Polo percebeu que Marcus estava ganhando popularidade às suas custas. E se puder decidir, optará pelo filho de Sarney. Mas acontece que os indícios são que não possam. Ele pode não ser preso ou extraditado para os Estados Unidos, já que o Brasil não tem esse tipo de acordo. Mas o Comitê de Ética da Fifa tem poder para tirá-lo definitivamente do cargo de presidente da CBF. Basta que fique provado sua participação nos contratos envolvendo Marin.

Se isso acontecer, quem assume é o vice mais velho. O estatuto da CBF é muito claro. Ele é Delfim de Pádua Peixoto, presidente da Federação Catarinense e vice da região Sul. Rebelde, diz exigir independência. Apoiou a liga Sul-Minas-Rio e pede mais transparência a Marco Polo. Se ficar com o cargo, promete fazer "o que achar melhor". E promover as reformas que desejar. Delfim não tem a mesma afinidade que Marco Polo com Dunga e Gilmar Rinaldi. Tudo que está planejado até a Copa de 2018 pode ser mudado. E outro treinador chamado. Como Tite, por exemplo. A situação saiu do controle de Del Nero. Agora o dirigente espera duas coisas. A decisão do Comitê de Ética da Fifa. E o que a CPI do Futebol apurará. Seu sigilo bancário, fiscal e telefônico não existe mais. A situação está complicadíssima. Como ele jamais sonhou. Não será surpresa se perder o cargo ainda hoje...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 03 Dec 2015 11:32:24

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