quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Ricardo Oliveira aprendeu a lição. Acabarão as caretas e provocações contra Fernando Prass, Dudu e Palmeiras. Para quem teve uma vida tão difícil, esta polêmica é tola. Insignificante...

Ricardo Oliveira aprendeu a lição. Acabarão as caretas e provocações contra Fernando Prass, Dudu e Palmeiras. Para quem teve uma vida tão difícil, esta polêmica é tola. Insignificante...




O jogadores do Palmeiras conseguiram. O atleta que deu a maior volta por cima no futebol brasileiro sentiu o golpe. Nunca no Brasil a comemoração de um título foi tão raivosa quanto a Copa do Brasil de 2015. E toda voltada não para a alegria. Mas para a vingança. Ricardo Oliveira foi ridicularizado não pelo time, mas pelo próprio presidente Paulo Nobre. O atacante de 35 anos teria todos os motivos para estar exultante neste final de 2015. No final de 2014, ele se viu completamente desacreditado. Sete meses sem jogar por problemas contratuais nos Emirados Árabes. Treinando sozinho, correndo pelo condomínio onde mora. Usando a academia que montou em casa. Pessoas ligadas a ele fizeram questão de avisar São Paulo e, quem diria, o próprio Palmeiras: estava pronto para jogar. Queria R$ 150 mil mensais. Carlos Miguel Aidar e o vice Ataíde Gil Guerreiro mandaram agradecer. Tinham Luís Fabiano, Alexandre Pato, Alan Kardec. Paulo Nobre se arrependia até o último fio de cabelo por ter contratado Brunoro e investia em Alexandre Mattos. O executivo soube da possibilidade, até levantou detalhes. Mas desistiu ao saber dos sete meses de inatividade. Até pensou em um contrato de produtividade, de risco, só que preferiu apostar em Leandro Banana, que teve de mudar para Leandro Pereira. Sem dinheiro, o Santos oferece o tal contrato de risco. R$ 50 mil para disputar o Campeonato Paulista. Se fosse bem, poderia receber seus R$ 150 mil mensais. Se atuasse na maioria dos jogos, esse dinheiro poderia chegar a R$ 200 mil.

Pouca gente sabe como foi difícil a vida de Ricardo Oliveira. Passou fome na infância, foi catador de papel na rua, pediu dinheiro nos faróis. Cresceu em um barraco na favela Zaki Narchi, no bairro do Carandiru. A comunidade tinha esgoto a céu aberto, nasceu sobre um "lixão". O jogador perdeu o pai aos oito anos. E viu, ao lado da mãe e dos irmãos, os incêndios criminosos que assolaram a favela, que nasceu pela invasão de terras da prefeitura. "Quando tinha fogo, eu, minha mãe e meus irmãos recolhíamos tudo que dava para levar do nosso barraco. E ficávamos assistindo aquele terror", relembra. Depois viveu um drama incrível. Quando jogava no Milan, teve a irmã sequestrada, capturada por bandidos. Eles pediam dois milhões de dólares pela vida dela. A Polícia proibia o jogador de pagar. Foi um dos sequestros mais longos da história brasileira. Durou 159 dias, até que Maria de Lourdes foi localizada no terceiro cativeiro em que esteve. Foi localizada graças a uma denúncia anônima.

Nenhum sequestrador foi preso. Essa impunidade faz com que o jogador deseje, ao final da carreira, viver longe do Brasil. Ou em Sevilla, onde tem casa. Ou nos Emirados Árabes. Lá tem a proposta de ser dirigente do Al Jazira. Exatamente por seu comportamento como atleta e cidadão. O sequestro sabotou a maior chance na carreira de Ricardo Oliveira. Acabou com sua tranquilidade no Milan. O treinador Carlo Ancelotti o tirou de jogos fundamentais, porque não tinha condições psicológicas. Ele passou apenas a treinar.


Já em 2014, Ricardo Oliveira tinha duas opções: ou aceitava a proposta santista ou teria de buscar centros menores. Fez o contrato de risco. E acabou sendo referência para vários garotos na Vila Belmiro. Chegou a passar dias na concentração para manter no auge seu estado físico. Acabou como campeão, artilheiro e melhor jogador do Campeonato Paulista. Assinou novo contrato até dezembro de 2017. Carlos Miguel e Ataíde se arrependeram amargamente de terem virado as costas ao jogador. Tentaram reparar o erro. Mas ele foi fiel ao Santos. Havia a desconfiança que teria se destacado porque estaduais perderam sua importância, não são mais referência, deixaram de ser parâmetros. Só que seu futebol até melhorou no Brasileiro, na Copa do Brasil. Sua convocação para a Seleção Brasileira foi uma imposição da imprensa. Vivia algo que não esperava. Tudo estava indo bem demais. A não ser a rivalidade com o Palmeiras. Na primeira partida da final do Paulista, Dudu desperdiçou um pênalti. Os companheiros do atacante só perceberam pela televisão o quanto Ricardo Oliveira o perturbou. Sabia o quanto Dudu é genioso. E o provocou. Assim que desperdiçou a penalidade, o veterano atacante chegou bem perto dele e deu um grito. Atingiu seu objetivo. O desestruturou psicologicamente de vez.

Oswaldo de Oliveira nada fez. E na finalíssima, Dudu foi expulso aos 44 minutos do primeiro tempo. E ainda agrediu o árbitro Guilherme Ceretta pelas costas. O xingou. Pegou, no primeiro julgamento, pena de seis meses. Depois, foi reduzida para apenas cinco partidas. Os palmeirenses, principalmente Fernando Prass, perceberam o quanto Ricardo Oliveira poderia ter prejudicado a carreira do companheiro. O goleiro tomou as dores do atacante. E passou a provocar, desafiar, enfrentar o atacante santista. Ricardo Oliveira aceitou o desafio e passaram a se ofender nos clássicos entre Santos e Palmeiras. Até que veio a partida pelo Brasileiro, na Vila Belmiro, o Santos venceu por 2 a 1. Quando marcou o seu gol, o atacante virou em direção a Fernando Prass e fez uma careta de desdém. Os palmeirenses juraram vingança. E na final da Copa do Brasil combinaram que devolveriam o desdém. Máscaras da careta de Ricardo Oliveira chegaram ao vestiário. E com a confirmação do título, o time todo e até o presidente Paulo Nobre ironizaram o atacante. O jogador de 35 anos foi massacrado nas redes sociais. Xingado, humilhado. Até Valdivia resolveu ironizar. A festa se transformou em ódio para muitos.
"Ele é um mau caráter. Tentou humilhar meus companheiros, o Dudu e o Fernando Prass. E não assume. É um mentiroso", acusou Rafael Marques. "O cara fala que é pastor e tenta humilhar as pessoas. Não precisava disso", desabafou Dudu. Ricardo é mesmo religioso fervoroso. Pela primeira vez, Ricardo Oliveira foi tão odiado por um clube. Por uma torcida. Virou manchete no país todo. Ele tem um filho de 11 anos que teria ficado assustado com toda a situação.
Pessoas ligadas a Ricardo Oliveira garantem. Ele vai colocar ponto final na questão com o Palmeiras. Não quer esperava a repercussão da decisão da Copa do Brasil. Não trocará mais ofensas e provocações com Fernando Prass. Pretende não levar adiante a rivalidade. Não se sente confortável em ser perseguido por palmeirenses. É uma situação inédita na carreira. Os ataques nas redes sociais não cessam até hoje. Mesmo aos 35 anos, Ricardo Oliveira percebeu. Aprendeu.

Os gritos com Dudu e a careta a Fernando Prass foram combustíveis ao Palmeiras.

Extrapolou sua postura como capitão santista.

E em 2016 a primeira missão será consertar esse erro.

Não quer perder o foco do Santos e da Seleção.

A promessa é acabar as caretas.

E tudo o que elas significam.

Ricardo Oliveira aprendeu.

Da pior maneira.

Exposto, xingado, ridicularizado.

Mas aprendeu na derrota.

Para quem teve uma vida tão difícil.

E deu maravilhosa reviravolta na carreira.

Aos 35 anos!

Essa rixa com o Palmeiras é algo pequeno demais.

Insignificante...



Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 30 Dec 2015 12:30:48

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