quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Sem dinheiro para festa pelo hexa brasileiro, o Corinthians agora adia pelo quinto ano seguido a venda do naming rights do Itaquerão. O assunto voltou à tona por causa do encalhe dos CDIs?

Sem dinheiro para festa pelo hexa brasileiro, o Corinthians agora adia pelo quinto ano seguido a venda do naming rights do Itaquerão. O assunto voltou à tona por causa do encalhe dos CDIs?




A recessão que o país mergulhou por incapacidade e corrupção dos nossos dirigentes atingiu em cheio o Corinthians. Depois de cinco anos passando vergonha, anunciando que os naming rights do estádio estava "praticamente vendido" e voltando atrás, Andrés Sanchez garantiu que tudo seria fechado antes do Brasileiro fechar. Tinha certeza absoluta. Tanto que não estava usando seus assessores para passar informações "privilegiadas" a veículos de comunicação. As maiores "vítimas" dos naming rights do Itaquerão foram os principais jornais paulistas. Ao longo de cinco anos foram muitas as vezes que o Estado de São Paulo e a Folha de São Paulo se revezaram no "agora vai". O Lance! também entrou nessa conversa algumas vezes. Não há como culpar o jornalista. Como em setembro de 2013. Soube quando o Estadão se expôs e garantiu que o Corinthians havia feito um acordo com a Emirates. Seriam R$ 450 milhões por vinte anos. Nada menos do que R$ 22,5 milhões por ano. A Emirates havia vencido uma brutal concorrência com a Ambev e com a Zurich Seguros. Só faltava uma assinatura. Ela nunca veio. Em agosto deste ano, o Lance! garantiu que o clube negociava com a empresa sul-coreana Hyudai. Desta vez, R$ 400 milhões por 20 anos. Mesmo modus operandi. Informações privilegiadas que chegaram até os jornal esportivo. Manchete. Repercussão no Brasil todo. E nada. Apenas propaganda gratuita para a Hyndai. Pior que ninguém pode ser cobrado publicamente. Porque a "fonte" sempre pede sigilo aos jornalistas. Quem acaba exposto é o veículo de comunicação, já que a notícia não se concretiza. O instituto de pesquisa Datafolha fez pesquisa séria em 2014 e mostrou que os paulistanos conhecem o estádio como Itaquerão. São 55%. Apenas 17% se referem a ele como Arena Corinthians. Para depressão dos dirigentes. O apelido do estádio pegou. Como Maracanã, Morumbi, Fonte Nova, Beira-Rio, Pacaembu e tantos outros. Qualquer dono de empresa no país ou na China tem essa informação nas mãos. Se a venda do naming rights tivesse acontecido, por exemplo, em 2010 ou 2011, seria o ideal. Agora publicitários importantes já disseram a Andrés que é "tarde" e ficará difícil rebatizar a arena. A direção do Palmeiras foi mais competente. E vendeu por R$ 300 milhões por 20 anos, renováveis por mais dez. O comprador foi a seguradora Allianz. Ela já batizara arenas na Alemanha, Inglaterra, Austrália e França. A negociação caminhou em sigilo e de forma eficiente. Foi fechada quando o estádio ainda estava sendo "reformado", em 2013. O mundo não vivia em crise e o país não estava mergulhado no pessimismo e recessão atuais. Andrés outra vez veio a público para dizer que estava fechado. Estava tão animado, que desta vez, não usou intermediários. Ele mesmo falou no Sportv, canal a cabo da Globo. "Está quase, quase fechado. Mas o torcedor pode ficar tranquilo. É uma coisa muito grande, nova no Brasil. Pode ter certeza que nos próximos dias vai fechar, já está bem adiantado." E como o dirigente sabe que o dia que essa negociação acontecer, será uma grande notícia, brincou de mistério com os jornalistas. "Uma empresa de um a 100%, falta 20, e a segunda empresa de um a 100%, falta 40% (...) Tem uma empresa que é um projeto de trabalho, uma empresa de varejo, e uma de petróleo. A de petróleo quer algumas ações específicas, a de varejo quer outras ações muito maiores, onde se pode envolver o sócio e uvir o torcedor como um todo. Em um projeto de uma empresa de petróleo, por exemplo, é outro coisa, ela quer quantas vezes pode fazer evento, que tipo de evento, esse tipo de coisa. O que muda bastante é isso."

Em seguida, o UOL divulgou que a Globo teria aceitado ajudar. Para renovar seu contrato de transmissão do Brasileiro com o Corinthians, falaria o nome do patrocinador. O que não faz com o Allianz, por exemplo. E seria sem ganhar um centavo. Novidade. Porque Marcelo Campos Pinto havia avisado Andrés há dois anos que a emissora exigiria 10% do acordo que o Corinthians conseguisse. Depois, surgiram os boatos que o dono do nome do estádio corintiano seria divulgado logo após a partida de domingo, contra o Avaí, no Itaquerão. Seria uma festa para 40 mil pessoas, organizada e paga pela Ambev. A promessa dos dirigentes é que seria uma comemoração nunca vista no país. Seria. Quando a Ambev soube do custo de R$ 500 mil desistiu. E, como por encanto, surge o presidente Roberto de Andrade repetindo o que tanto fez seu antecessor Mario Gobbi. Avisava que o naming rights não deve ser fechado em 2015. Ficará para 2016.

Por quê os dirigentes corintianos se expõem dessa maneira? Falam sobre uma negociação tão importante sem estar fechada? Ansiedade, amadorismo, precipitação, sede por holofotes? Pode ser tudo isso. Mas há algo que sempre acontece. Empresas se animam em relação aos encalhados R$ 420 milhões em CDIs. O Ministério Público considerou ilegal a doação dos Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento. Foi uma longa batalha jurídica. E que ameaçava levar para a cadeia o ex-prefeito Gilberto Kassab por improbidade administrativa. Por dar dinheiro público a um clube particular. Depois de dois anos, Kassab, Odebrecht e o próprio Corinthians, além da gestora BRL Trust e Arena Fundo de Investimento Imobiliário, venceram essa disputa legal. Mas os certificados, que podem ser trocados por dívidas de empresas com a prefeitura, ficaram sob suspeita no mercado. O Corinthians precisa mais do que títulos brasileiros para atrair compradores. Os juros das dívidas do estádio de R$ 1,2 milhões não param de crescer. A venda dos CDIs seria um alívio enorme. A venda do naming rights seria algo estimulante. Com reflexos no CDIs. Só que apenas ameaça não está animando ninguém. São cinco anos de decepções. Mesmo quando não havia crise, não houve interessado em bancar os R$ 400 milhões que Sanchez colocou na cabeça. E não aceita baixar, depois que o rival Palmeiras fechou por R$ 300 milhões. Talvez não por coincidência, este é um tema que, coincidentemente, vem à tona mês sim e outro também. Na verdade, Andrés sabe o quanto a situação financeira do país está complicada. Ele é deputado federal do Partido dos Trabalhadores, que administra o Brasil.

Emirates, Nike, Ambev, Caixa, Hyundai, Itaipava, Kalunga, Zurich Seguros. Estas foram algumas das empresas que ganharam publicidade gratuita. Seriam as interessadas no Itaquerão. Por mais incompetente que sejam os dirigentes, um dia o Corinthians ainda vai fechar a venda dos naming rights do estádio. É um clube muito poderoso. Tem a maior torcida no estado mais rico da união. Não será surpresa se fechar amanhã, daqui uma semana, um mês. O que chega a ser irritante é ver alimentados os boatos de que "está tudo certo". Desde 2010 é assim. Os corintianos não precisam passar por esse constrangimento. Ou será que precisam, por causa dos CDIs que todos temem. E seguem encalhados, Andrés?





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 02 Dec 2015 14:31:30

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