quinta-feira, 28 de maio de 2015

A mágoa de Guerrero com o Corinthians. Andrés proibiu que ele se despedisse contra o Palmeiras. Medo de contusão. Pior, se tornasse o herói do clássico, constrangendo ainda mais a diretoria...

A mágoa de Guerrero com o Corinthians. Andrés proibiu que ele se despedisse contra o Palmeiras. Medo de contusão. Pior, se tornasse o herói do clássico, constrangendo ainda mais a diretoria...




"Estou muito agradecido a todos os torcedores por todo o apoio e carinho que me deram. Agradeço muito também aos meus companheiros, funcionários do clube, direção, técnico. Infelizmente, não conseguimos chegar a um acordo. Sigo a minha carreira." As palavras são de Paolo Guerrero, hoje, em Lima, no Peru. Só lá, onde é tratado com todo o respeito por ser o melhor do país, ele pôde se despedir do Corinthians. Não havia o clima entre ele e os dirigentes para uma despedida no Parque São Jorge. Os dois lados não se suportavam mais. O peruano tinha a heroica ideia de enfrentar pela última vez o Palmeiras com a camisa corintiana. O clube que estava disposto a pagar muito mais que o Flamengo, para onde deixou acertada a transferência, depois da Copa América. Mostraria aos torcedores o quanto estava ligado ao Corinthians. Daria a vida, a alma para marcar gols contra o maior rival. E sair ainda mais cultuado, deixando mais saudades nos torcedores. Tite sabia desse desejo. Até o considerava justo. Afinal, Guerrero foi o grande responsável pela conquista do Mundial de 2012, marcando os gols, nas vitórias apertadas, por 1 a 0, contra o Al-Ahly e Chelsea. Mas veio a ordem de quem realmente manda no Parque São Jorge. "Não tem que jogar. De jeito nenhum. O melhor é ir embora para a Copa América. E pronto. Imagine se o Guerrero entra em campo e se machuca? O que o Corinthians seria obrigado a fazer? Prorrogar seu contrato até se recuperar. De jeito nenhum. O melhor que ele tem a fazer é seguir o seu caminho. Não vai ficar, não temos dinheiro para pagar o que ele pede. Vida que segue", resumiu de maneira fria, Andrés Sanchez. O ex-presidente corintiano ficou frustrado por ter de abrir mão de Guerrero. Ele tinha a certeza que o responsável pela dificuldade de renovação era o ex-presidente Mario Gobbi. Houve uma violenta discussão entre ele e agentes do jogador. O clima ficou insuportável. A ponto de os empresários divulgarem uma nota avisando que esperariam Roberto de Andrade e Andrés Sanchez assumirem o clube para voltarem a conversar sobre renovação. Nos últimos meses de mandato, Gobbi havia rompido com Andrés. E fazia tudo o que queria sem consultá-lo. Como contratar Vagner Love, o atacante que, na sua opinião, livraria o Corinthians do peruano. Amarrou um contrato de um ano e meio pagando R$ 500 mil ao jogador que voltava da China. O mais surreal é que Guerrero fixou sua pedida de luvas em US$ 7 milhões, cerca de R$ 22 milhões. Mais R$ 520 mil mensais. Por um contrato de três anos. Gobbi aceitou os salários e aceitou pagar luvas de US$ 5 milhões, cerca de R$ 15,8 milhões, parceladas no contrato que seria até 2018. Este foi o valor mais alto oferecido pelo Corinthians.

Andrés e Roberto de Andrade ficaram nos US$ 3 milhões, cerca de R$ 9,5 milhões, diluídos nos 36 meses de salários. E os salários desejados pelo atacante. O peruano ficou revoltado, disse que não baixaria a sua pedida. Ele se lembrava muito bem dos R$ 43 milhões pagos por Pato. E sabia que Love e Cristian, dois reservas, ganhavam R$ 500 mil mensais. Na sua lógica, havia dinheiro. Mas o Corinthians não queria dar ao seu artilheiro. Do outro lado, Andrés foi se irritando. Não acreditava que o jogador não aceitava negociar. Baixar sua pedida. Virou uma guerra de egos. O dirigente se viu diante de enorme impasse. O Itaquerão está drenando todo o dinheiro do futebol graças ao péssimo acordo feito com a Odebrecht, Caixa e BNDES. Como pagar a Guerrero as maiores luvas do futebol brasileiro, dar um contrato de três anos a um jogador de 31 anos, sem mercado internacional? Mesmo sendo ídolo no Parque São Jorge. Como ficariam os outros atletas que estavam com direito de imagem, salário e até premiação por disputar a Libertadores atrasados? Os garotos campeões da Copa São Paulo de 2015, brasileiros e paulistas sub-20, também não ganharam os prêmios pelas conquistas. Andrés decidiu pelo rompimento. O deputado federal do PT é esperto. Ele sabe que Guerrero tem um medo incrível das organizadas do Corinthians. Desde a invasão do Centro de Treinamento, quando vândalos cantaram em voz alta que iriam quebrar as pernas de Alexandre Pato e Sheik. Viu o time todo se esconder no vestiário, colocando armários nas portas temendo apanhar dos torcedores.

De acordo com o delegado e ex-presidente Gobbi, alguns desses vândalos se encontraram com Guerrero e trataram de agarrá-lo, apertando seu pescoço. Apesar de a Polícia insistir, Guerrero não quis prestar queixa ou dar qualquer depoimento sobre o que sofreu. Foi aconselhado por companheiros. Tudo poderia ficar ainda muito pior. E não seria "saudável" circular por São Paulo. O medo foi tanto que ele até apagou sua conta no Istagram, só para não ser criticado pelos irritados torcedores corintianos com a sua não renovação. Guerrero e seus empresários tentaram a renovação durante todo 2014 e cinco meses de 2015. Não há como chamá-lo de mercenário. O atacante até então negociou só com o Corinthians. Os conselhos para se proteger dos torcedores continuaram valendo agora, quando ele tinha sim a chance de jogar no Palmeiras. Alexandre Mattos estava convencendo Paulo Nobre. Guerrero era o homem-gol que o time precisava. Seus empresários estavam se animando com a possibilidade. Mas o jogador fez questão de avisar. "No Palmeiras, não." Ele acreditava que pareceria provocação aos corintianos. Sabia do interesse do Flamengo. Já tinha apartamento e adora o Rio de Janeiro, cidade praiana, mais quente que São Paulo. A proposta vinda da Gávea: US$ 4 milhões, cerca de R$ 12,6 milhões. R$ 4 milhões à vista. O restante diluído nos salários de R$ 520 milhões por três anos. Está tudo amarrado. Mas não assinado. Se houver uma proposta maior, da Europa, o Flamengo não terá o que fazer. A não ser aceitar a ida do atacante. Ou seja, o artilheiro tem a Copa América para usar de vitrine e despertar o interesse de clubes do Velho Continente.

Quando os dirigentes corintianos chegaram à conclusão que Guerrero cederia e os empresários que Andrés não blefava, chegou a hora de acabar a relação. O peruano pediu ainda uma última vez para enfrentar o Palmeiras. A negativa veio de Andrés e Roberto de Andrade. Na verdade não havia só a preocupação com a contusão por parte dos dirigentes. Caso Guerrero fizesse uma ótima partida e marcasse, dois, três gols, fosse o responsável pela vitória no clássico, a diretoria acabaria exposta. E massacrada pela imprensa, por torcedores por não terem capacidade de segurá-lo no Parque São Jorge. O mais seguro foi dizer, não. Chega de colocar a camisa corintiana. Guerrero não confirmará. Mas saiu magoado do clube onde foi campeão mundial. Queria fazer uma apoteótica despedida contra o Palmeiras. Vai seguir sua vida. Provavelmente no Rio. Badalará, namorará atrizes, celebridades. Mostrará suas tatuagens na Barra da Tijuca. E tentar ser o ídolo que tanto o Flamengo precisa. Andrés e Roberto Andrade estão aliviados. Não teriam mesmo como comprometer R$ 40 milhões com o artilheiro. Não como estão: agoniados com a dívida com o Itaquerão. O adeus foi inevitável. Mesmo Guerrero sendo o melhor atacante a atuar na América do Sul e principal responsável pela conquista do Mundial. Não há dinheiro para um jogador tão importante no Parque São Jorge...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 28 May 2015 18:59:09

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