quarta-feira, 27 de maio de 2015

O terremoto e as prisões na Fifa terão reflexos no Brasil. Muito além de Marin atrás das grades na Suíça. A relação entre CBF e Nike será apenas o primeiro passo. Acabou a farra...

O terremoto e as prisões na Fifa terão reflexos no Brasil. Muito além de Marin atrás das grades na Suíça. A relação entre CBF e Nike será apenas o primeiro passo. Acabou a farra...




Os Estados Unidos eram candidatos à Copa do Mundo de 2022. Uma das maiores potências econômicas do mundo foi rejeitado pela Fifa. Mesmo com toda infraestrutura à disposição do futebol. Algumas arenas poderiam ser construídas. Mas não todas. Além disso, haveria rígida fiscalização de cada dólar investido na competição. O país escolhido foi o Catar. Mesmo com a temperatura ficando entre 40 e 50 graus no meio do ano. A estranha escolha causou suspeitas de corrupção na Fifa. O Departamento de Justiça dos Estados Unidos não fez como outros países. Não se omitiu. Resolveu investigar de verdade o que houve na eleição. E foi além. A operação chegou ao seu ápice hoje, a dois dias da eleição da Fifa. Em uma operação conjunta, envolvendo os governos dos Estados Unidos e Suíça, 14 membros da alta cúpula da Fifa, foram detidos. Eles estavam no hotel de altíssimo luxo Baur au Lac Hotel para o congresso de dois dias que deveria reeleger Joseph Blatter como presidente da Fifa Essas pessoas eram consideradas "intocáveis" no meio do futebol. Cerca de 15 soldados suíços foram de quarto em quarto detendo membros da cúpula do futebol mundial. O ex-presidente da CBF, José Maria Marin, 83 anos, foi uma das primeiras pessoas acusadas. As demais foram: Alejandro Burzaco, 50, argentino; Aaron Davidson, 44, norte-americano; Rafael Esquivel, 68, venezuelano; Eugenio Figueredo, 83, uruguaio e ex-presidente da Conmebol; Hugo Jinkis, 70, argentino; Mariano Jinkis, 40, argentino; Nicolás Leoz, 86, paraguaio; Eduardo Li, 56, costarriquenho; José Margulies, mais conhecido como José Lázaro, 75 anos, brasileiro; Júlio Rocha, 64 anos, nicaraguense; Costas Takkas, 58, britânico; Jack Warner, trinitino e Jeffrey Webb, 50, caimanês. Sete dos acusados já foram presos. E devem ser extraditados para os Estados Unidos. Jeffrey Webb, Eduardo Li, Julio Rocha, Costas Takkas, Eugenio Figueredo, Rafael Esquivel e José Maria Marin. Lá será acusado oficialmente de extorsão, fraude e conspiração para lavagem de dinheiro. Podendo pegar até 20 anos de cadeia.

Um dos principais personagens que levou a este terremoto na Fifa se chama José Hawilla. Dono da Traffic e braço direito de Ricardo Teixeira, enquanto ele comandou a CBF. Hawilla confessou extorsão, conspiração por fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e obstrução da justiça. Além de fraude bancária. Devolveu US$ 151 milhões (cerca de R$ 473 milhões), se declarou culpado e fez acordo. Daryan Warner, filho de Jack Warner, ex-secretário de desenvolvimento da Fifa e também réu, seguiu o mesmo caminho. Devolveu mais de US$ 1,1 milhão (R$ 3,4 milhões). Foi acusado de conspiração para fraude, lavagem de dinheiro e estruturação de transações financeiras. Terá de devolver mais dinheiro. Charles Blazer, ex-secretário-geral e ex-membro do comitê executivo da Fifa, assumiu a culpa nas acusações por conspiração para extorsão, fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e evasão de imposto de renda. Ele devolveu US$ 1,9 milhão (R$ 6 milhões) ao longo do processo. Há a chance dos envolvidos no maior escândalo da história da Fifa não ficarem presos. Devolver o dinheiro que foi desviado e assumir a culpa seria o primeiro e desmoralizante passo. As denúncias são de mais de 24 anos de corrupção. Os norte-americanos investigam desde 2011, quando perderam a Copa de 2022 para o Catar.

Qual as consequências desse terremoto no futebol mundial? No Brasil? Na Copa de 2022? A partir de hoje, tudo mudará na Fifa. A entidade que controla o futebol mundial perderá de vez a imunidade. Não existe mais a casca que é uma privada e está livre de ser investigada a fundo. Com a prisão de membros de altíssima cúpula tudo desmorona. As suas decisões envolvendo bilhões de dólares terão de ser transparentes. A corrupção muitas vezes denunciada, e até comprovada, será punida de verdade. A reeleição mais do que garantida de Blatter está sob risco. Se houver o mínimo de bom senso, o pleito não deve acontecer. Ser adiado. Por enquanto o presidente da Fifa não está sendo acusado formalmente de nada. Mas está sendo investigado. Para o Brasil, a situação pode afetar diretamente a CBF. Os Estados Unidos investigam a relação entre a entidade e uma marca de material esportivo. A denúncia é de corrupção. A entidade esportiva que a cúpula do futebol brasileiro tem íntima relação é a Nike, desde os anos 90. Marco Polo del Nero era vice de Marin. Todas as decisões os dois tomavam juntos. Mas era Marin quem assinava todos os documentos. Mas há a certeza na CBF que a dupla foi e está sendo investigada pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos. Por enquanto, não há acusação alguma a Marco Polo.

O efeito cascata é óbvio. Os membros da Fifa e da CBF podem e serão investigados mais de perto. Seus estranhos contratos de publicidade, vendas de direito de transmissão. Abriu-se o lacre. O Departamento de Justiça dos Estados Unidos mostrou como se faz. "O que aconteceu hoje é bom para a Fifa. Não em termos de imagem, é claro, mas para fazer uma limpeza. É um processo que já começamos, de investigar. Nós ajudamos a Justiça, é de nosso interesse que essa história seja apurada", disse o porta voz da entidade, Walter de Gregório. E ele foi além. Disse que a "Fifa é vítima". O presidente da UEFA, Michel Platini, convocou reunião extraordinária. Ele é inimigo declarado de Blatter. O príncipe da Jordânia, Ali bin al Hussein, disputa a eleição com Blatter. Ganha força com o escândalo, mas não tem o apoio suficiente para derrubar o mandatário da entidade. Platini busca pressionar a Fifa para o adiamento do pleito e fazer com que Hussein tenha o apoio suficiente para derrubar Blatter. De acordo com Blatter, tudo seguirá seu rumo normal. As eleições acontecerão e as sedes das próximas Copas, Rússia e, principalmente, o Catar, estão mantidas. Não passa de bravata desesperada. O suíço não tem a menor ideia de como as coisas ficarão depois de hoje. As denúncias de corrupção ligadas à Fifa têm mais de 24 anos. Mas nunca foram investigadas a fundo. O Departamento de Justiça dos Estados Unidos fez algo inédito e inesperado para a Fifa. Foi atrás dos indícios e poderá levar para as grades homens que se consideravam intocáveis. Como José Maria Marin. Ex-governador biônico de São Paulo. E ex-presidente da CBF. E na sede da entidade, no Rio de Janeiro, muita apreensão. Há a certeza que as denúncias atingirão a Copa do Mundo do Brasil. Aquela que rendeu R$ 4 bilhões livres para a Fifa. A dos elefantes brancos, a do monopólio da Globo. Abaixo, parte do relatório norte-americano que cita a CBF. "Duas gerações de dirigentes de futebol abusaram de suas posições de confiança para ganho pessoal, frequentemente através de aliança com executivos de marketing inescrupulosos que barraram competidores e mantiveram contratos lucrativos para si mesmos através do pagamento sistemático de propinas. Os dirigentes são acusados de conspiração para solicitar e receber mais de US$ 150 milhões (cerca de R$ 400 milhões) em subornos em troca do apoio oficial dos executivos de marketing que concordaram com pagamentos ilegais "A maior parte dos esquemas alegados no indiciamento se relacionam a solicitação e recebimento de subornos por dirigentes de futebol pagos por executivos de marketing esportivo em conexão com a comercialização de direitos de mídia e marketing de diversas partidas e torneios - incluídas aí eliminatórias da Copa do Mundo na região da CONCACAF, a Copa de Ouro da CONCACAF, a Liga dos Campões da CONCACAF, a Copa América Centenário, a Copa América, a Copa Libertadores e a Copa do Brasil - que é organizada pela CBF. Outros esquemas alegados se relacionam com o pagamento de suborno em relação ao patrocínio da CBF por uma grande marca esportiva americana, a escolha da sede da Copa de 2010 e a eleição presidencial da FIFA em 2011," Ou seja, acabou para os intocáveis. Pessoas que se consideravam donas do futebol no mundo, no Brasil. Demorou, mas a justiça chegou...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 27 May 2015 10:36:06

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