segunda-feira, 11 de maio de 2015

"Esse ano não vou aceitar ficar no banco", a revolta de Alexandre Pato. O atacante de R$ 43 milhões finalmente decidiu salvar a decepcionante carreira. 'Culpa' do empresário e da namorada...

"Esse ano não vou aceitar ficar no banco", a revolta de Alexandre Pato. O atacante de R$ 43 milhões finalmente decidiu salvar a decepcionante carreira. 'Culpa' do empresário e da namorada...




"Quero jogar, esse ano não vou aceitar ficar no banco. Estou numa fase muito boa, fazendo gols e ajudando o São Paulo." Até que enfim, Alexandre Pato se rebelou. Após a vitória contra o Flamengo, há pouco no Morumbi, ele falou o que Mano Menezes tanto queria que ele dissesse no início de 2014. Ao reassumir o Corinthians, no passado, o treinador ouviu do então presidente Mario Gobbi, que o atacante era um "caso perdido". Ou seja, um jogador que o Corinthians estava amarrado até o final de 2016. Pagando R$ 800 mil mensais mais R$ 40 mil como auxílio-moradia. Foi um "projeto" que nasceu do departamento de marketing da Nike. Seria a estrela que faltava no time campeão da Libertadores, do Mundial. Alguém para vender camisas. Um jogador conhecido no mundo todo. Mas sua temporada de 2013 foi um fracasso. Rejeitado por Tite, pelo grupo, pelas organizadas. A reação do jogador foi se fechar. E não mostrar o menor envolvimento no clube. Para ele tanto fazia estar na reserva ou titular. A esperança de Gobbi era que Mano o recuperasse. Em uma conversa particular com Alexandre, o ex-treinador foi claro. Disse que via potencial no jogador até para disputar a Copa de 2014. Mas faltava vontade, garra, raça. E avisou que ele começaria o ano na reserva. E só dependeria de sua atitude ganhar a posição definitivamente, ser titular de forma incontestável. Só que Pato se irritou. Sabia que precisava de forma desesperada de seus gols no fraco Campeonato Paulista, contra adversários péssimos. Só assim despertaria a atenção de Felipão de novo. Com a reserva, reagiu da pior maneira. Outra vez se isolou. Falava com Mano apenas o necessário. Assim também com os companheiros. O técnico queria Jadson e procurou Gobbi. Foi bem claro. Disse que o melhor a fazer seria trocá-lo por Pato. O treinador também havia chegado à conclusão que ele não tinha solução. Era um misto de acomodação com alienação. Agia como se a posição devesse ser dele por ter custado R$ 43 milhões. Foi a contratação mais cara jamais feita por um clube brasileiro. Mas nunca confrontou o Mano ou Gobbi. O ex-presidente corintiano considerou um presente dos céus, o São Paulo aceitar pagar R$ 400 mil, metade dos salários. E ainda ceder Jadson. Mano estava muito satisfeito com a troca. "Foi inocência contrata Pato (por um valor tão alto). O Corinthians imaginava que trazendo o Pato ele poderia ser um goleador, o cara do marketing do Corinthians, poderia vender camisa... Nós tínhamos acabado de ser campeão mundial, aquela febre toda e resolvemos trazer. Acho que foi um erro. Gastou errado", confessa agora o ex-diretor Ronaldo Ximenez. Ele havia sido secretário e braço direito de Gobbi. Sabe muito bem o que fala. Assumiu pela primeira vez o arrependimento dos corintianos nos bastidores.

Com Muricy, Pato teve muito mais apoio do que com Tite e Mano. Começou a jogar mais, se enturmou com os companheiros de time. Como os torcedores. "Aqui eu me sinto em casa, não quero voltar ao Corinthians." Os dirigentes dos dois clubes sabem de sua vontade. O agora presidente Roberto de Andrade e Andrés Sanchez consideram Pato um "problemão". Já acionaram seus empresários de confiança. Mas não há clubes dispostos a pagar os 13 milhões de euros sonhados, cerca de R$ 43 milhões. Nem mesmo dez milhões de euros, R$ 33,3 milhões. Não mesmo os entusiasmados emergentes chineses ou os bilionários árabes. "Alexandre Pato é um dos nomes decadentes do futebol brasileiro. E ele nem é tão jovem assim. Fará 26 anos em setembro. Ele teria de melhorar muito. Conquistar um título importante como a Libertadores, sendo o artilheiro. Precisa fazer algo marcante", me diz um empresário veterano, consagrado em levar atletas para a Europa. Para que isso aconteça, o atacante deveria dar o primeiro passo. Foi aconselhado por duas pessoas muito próximas que era chegada a hora. Tinha de "dar um basta", "socar a mesa". O que aconteceu hoje no Morumbi, não foi por acaso. Gilmar Veloz e Fiorella Mattheis insistiram. O empresário e a namorada do jogador o pressionaram. Ele deveria parar de ser "bonzinho". Chega de reserva.

O primeiro passo foi dado hoje diante dos microfones, deixando o gramado. E por cima. Autor do segundo gol do São Paulo contra o Flamengo. Mesmo com o retorno de Luís Fabiano, ele revolver comprar a briga. E avisar. Chega de acomodação, milionário ele está há muito tempo. Desde que foi para o Milan, em 2007, ele não recebe menos do que R$ 500 mil mensais. Mais prêmios, bônus. Pato está com sua vida financeira resolvida nestes últimos oito anos. Gilmar e Fiorella insistem que ele precisa ter ambição, querer mais. E por isso, o banco de reservas não pode ser uma possibilidade. Quando Muricy era treinador, não fugia à regra. Também reclamava da falta de gana de Pato. E era Milton Cruz quem, com todo cuidado, animar o jogador. Insistir no seu ouvido do talento e de quanto não só o São Paulo, mas também a Seleção, estão carentes de um artilheiro. Milton foi atacante e gostava de incentivar o Alexandre no seu ponto fraco, as conclusões.

A saída de Muricy foi benéfica para Pato. Milton Cruz tem mesmo muita confiança no jogador. Na sua velocidade, poder de conclusão. Acredita que o ataque ideal do São Paulo tem três jogadores. Michel Bastos pela direita, Centurión pela esquerda. E Pato como referência se movimentando, trocando posição com os dois. O campineiro Luís Fabiano completará 35 anos em novembro. Não tem o mesmo arranque, a mesma mobilidade que o consagrou. Não é porque marcou hoje contra o Flamengo que mudará a decisão de Cruz, de deixá-lo no banco contra o Cruzeiro. Alexandre Pato chegou hoje a 12 gols. O que é uma marca que não passou desapercebida por ele. Foi a mesma quantidade de gols que fez em todo 2014. Ou seja, a probabilidade é que melhore esta marca. E para isso precisa jogar, ser titular absoluto. O que não teve com Tite, Mano e Muricy. "Tem comandante que sabe ler futebol muito bem. Eu quero jogar sempre, este ano não vou aceitar ficar no banco. Estou em uma fase muito boa, fazendo gols e ajudando o São Paulo", disse de forma surpreendente Pato. Além da óbvia cobrança, havia o elogio ao "comandante que sabe ler futebol". Ele se chama Milton Cruz. O jogador tem a confiança, a certeza do técnico que a posição no ataque do São Paulo será dele. Enquanto for o técnico interino no Morumbi.

Enquanto isso, Carlos Miguel Aidar não tem pressa. Para comprá-lo do Corinthians em 2014, deveria pagar 15 milhões de euros, cerca de R$ 49 milhões. Em 2015, o valor caiu para 10 milhões de euro, cerca de R$ 33 milhões. O valor não ficará mais baixo até o final do empréstimo, dia 31 de dezembro. Mas também não aumentará. Aidar quer se livrar de Luís Fabiano. Não acredita mais no potencial do veterano jogador. E se Pato se firmar, faz parte dos planos contratá-lo em definitivo. Só irá depender dele, dos seus gols. Nesta janela do meio do ano, não há chance de ir para a Europa. Não há interessados. Caso volte mesmo a se destacar, voltar a ser artilheiro, convencer Dunga a convocá-lo tudo pode mudar na janela do final do ano. Mas o primeiro passo é se tornar dono da posição. Virar titular absoluto do São Paulo. E é o que teve a coragem de proclamar hoje. Midiático, sabe como usar o microfone. E fez seu anúncio. E que poderia ser recebido como um desrespeito por Milton Cruz. Mas não foi. Assim como Mano, o interino comandante do São Paulo esperava pela postura, o fim da acomodação do homem de R$ 800 mil mensais. Foi o que aconteceu. Alexandre Pato já decepcionou muitos treinadores, dirigentes, torcedores, empresários, jornalistas nestes últimos anos. Mas é quase unanimidade entre todos. Um dia ele iria "acordar para a vida". Empurrado por Gilmar Veloz e Fiorella, ele deu grito de libertação. Milton Cruz e a diretoria do São Paulo ficaram muito satisfeitas com a "rebeldia". Se é para valer, só o tempo dirá. Alexandre Pato já decepcionou muita gente. O primeiro teste será quarta-feira, no duelo de vida ou morte pela Libertadores. Contra o Cruzeiro em Belo Horizonte...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 10 May 2015 20:23:36

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