quinta-feira, 28 de maio de 2015

Se Everton Ribeiro, Ricardo Goulart e Lucas Silva estivessem no Mineirão lotado? O Cruzeiro perderia por 3 a 0 do River e seria eliminado da Libertadores? Valeram a pena os R$ 60 milhões, Gilvan?

Se Everton Ribeiro, Ricardo Goulart e Lucas Silva estivessem no Mineirão lotado? O Cruzeiro perderia por 3 a 0 do River e seria eliminado da Libertadores? Valeram a pena os R$ 60 milhões, Gilvan?




Gilvan Tavares não resistiu e despachou o melhor jogador do futebol brasileiro para os Emirados Árabes. Everton Ribeiro teve efetivada a sua venda para o Al Ahli. Em troca de nove milhões de euros, R$ 26 milhões, deu os 60% dos direitos do meia de 25 anos. Para tentar se defender das críticas, a diretoria cruzeirense deixa vazar o salário que Everton Ribeiro receberá dos árabes: R$ 1,1 milhão a cada 30 dias. Com isso, Gilvan acredita pode colocar sua cabeça no travesseiro. Dormirá sossegado. Tem o argumento que o jogador pediu para sair. Seria a chance da vida. Ter a independência financeira de sua família aos 25 anos. Foi o mesmo que fez Ricardo Goulart, companheiro e excelente meia atacante. Aos 23 anos foi para o Guangzhou Evergrande. Atuar na China. A transação saiu por R$ 48 milhões. O Cruzeiro era dono de 50% do jogador. Havia pago R$ 5,7 milhões em janeiro de 2013. Dois anos depois, lucrou R$ 18,3 milhões. Não bastassem sair as duas maiores peças do time, jogadores da Seleção Brasileira, o bicampeão seguido deste país não teve dó. Vendeu Lucas Silva por 14 milhões de euros, cerca de R$ 40 milhões. Seguindo a filosofia de pizzaria, o clube tinha direito a 30% dos direitos do atleta. Mas exigiu 50% na transação com o Real Madrid. Luiz Rocha, empresário, e o volante, abriram mão cada um de 10% que tinham direito. E Gilvan acumulou mais R$ 20 milhões. Fosse um banco, a diretoria mineira teria todo o motivo para comemorar. Mas o Cruzeiro é um clube que vive do seu time de futebol. Sua conquista não é acumular patrimônio, mas títulos para a sétima torcida do Brasil. A última pesquisa do Ibope apontou 6,2 milhões de apaixonados cruzeirenses. A obrigação de Gilvan é manter a entidade equilibrada e o time fortíssimo. Pelo vil metal, saíram três jogadores que podem ser considerados excepcionais diante da pobreza técnica brasileira. E jovens, muito jovens. Vinte e cinco anos, vinte e três e 21 anos! Exatamente daqui um mês, no dia 25, o clube estreia na competição mais importante de 2015. Entraria na Libertadores muito mais forte, pronta, muito mais forte do que em 2014. Com jogadores bicampeões brasileiros, entrosados.

(Uma conta interessante. As principais vendas do Cruzeiro mobilizaram cerca de R$ 130 milhões. R$ 60 milhões foram na realidade para os seus cofres. Com esse dinheiro, nunca conseguirá contratar jogadores com o potencial dos que foram embora...)
Escrevi esse texto no dia 25 de janeiro. Tinha a convicção do suicídio esportivo do Cruzeiro. Um time sensacional havia aberto mão de um trio empolgante, entrosado, vibrante. O clube disputaria a Libertadores, campeonato mais desejado. Bastaria segurá-los por seis meses. Até que o torneio continental terminasse. Gilvan Tavares e seus defensores trataram de se apressar. E mandar em comentários, mensagens no meu celular e até ligações de pessoas influentes em Belo Horizontes. O escudo do mandatário foi pífio. Os jogadores queriam ir embora. Não havia como segurar. Se for assim, não há mais a necessidade de ter dirigentes nos clubes brasileiros. Bastaria ter uma caixa registradora. Quando uma equipe resolvesse levar qualquer um de seus atletas bastaria pagar ótimo salário e fazer uma proposta razoável ao Cruzeiro. Quando o presidente e sua entorauge nem tentam buscar soluções criativas ou mostram vigor para segurar suas peças mais importantes, não merecem ser chamados de dirigentes. Dirigem o quê? O Cruzeiro deu adeus ontem à Libertadores. Nas quartas de final. Foi humilhado no Mineirão. Perdeu por 3 a 0 para o River Plate. O time de Marcelo Oliveira foi inseguro, tenso, patético. Nem parecia que tinha a vantagem de ter vencido por 1 a 0 em Buenos Aires. Os argentinos de Gallardo fizeram o que quiseram. De nada adiantou o apoio e depois o choro de 54.898 pagantes. A renda de R$ 3.646.216,00 foi a última que a diretoria cruzeirense, ávida por dinheiro, terá na competição. Porque Libertadores agora só no próximo ano, caso consiga se classificar no Brasileiro ou na Copa do Brasil. Fábio; Mayke, Manoel, Bruno Rodrigo e Mena; Willians (Joel, aos 26 minutos do 2ºtempo) e Henrique; Marquinhos, De Arrascaeta (Gabriel Xavier, no intervalo) e Willian (Alisson, aos 10 minutos do 2º tempo); Leandro Damião. Este foi o Cruzeiro eliminado ontem. E se fosse acrescentada onipresença de Lucas Silva, o time vibraria mais? Teria confiança? Dominaria as intermediárias? Caso Everton Ribeiro fosse o meia, o Cruzeiro pararia de dar estúpidos chutões? Tentaria articular seus ataques? Haveria um meia cerebral, com capacidade de impor o ritmo do time. Haveria alguém com capacidade para chutar com precisão de fora da área?

Ricardo Goulart no time e o meia de chegada rápida, insinuosa, surpreendente faro de gols se imporia na área argentina. Haveria alguém com velocidade e intensidade para se impor diante da lenta zaga do River Plate? Ninguém saberá. Porque os três viraram R$ 60 milhões. Zezé Perrella que tanto foi criticado por transformar o Cruzeiro em um balcão de negócios, ficaria espantado com a disposição de Gilvan para desmanchar a equipe que havia conquistado os dois últimos Brasileiros de forma impressionante. Marcelo de Oliveira foi completamente contra as vendas. Como são todos os treinadores, vendo sair suas principais peças. Mas teve de se calar. Ele não poderia ficar contra seu presidente publicamente. Teve de analisar as falhas do time que precisou remontar durante a competição. Algo amador, inaceitável para um clube poderoso como o Cruzeiro. E que depõe contra a modernidade que seus dirigentes garantiam impor na Toca da Raposa. "Nos três gols observamos que tiveram erros individuais, apesar de que no jogo eles foram melhores. Temos um time que precisa competir. Esse time só foi bem contra o São Paulo e na Argentina, quando competiu muito e brigou pela segunda bola. Cobrei no intervalo, toda rebatida no pé deles e fomos sendo envolvidos. "Perder a classificação ou ter ganhado aqui seria normal, mas me deixou indignado e a todos a forma como perdemos, erramos muito, não competimos e demos liberdade para o rival jogar, além dos problemas individuais que tivemos." Essa foi a declaração do treinador após a derrota, no Mineirão. Marcelo Oliveira estava com os olhos marejados. Ele mais do que ninguém sabia que se a diretoria mantivesse o trio que partiu, tudo poderia ter sido muito diferente. Havia entrosamento, confiança, intensidade na equipe que havia montado. Foram dois anos polindo, deixando encaixada cada peça.


Reduzir a erros individuais. Ao gol perdido por Willian aos três minutos. Ou às falhas de Manoel nos três gols é muito pouco. A eliminação do Cruzeiro precisa ser entendida como realmente ela aconteceu. Foi sacramentada antes do início da Libertadores. Quando os dirigentes trocaram R$ 60 milhões pela chance de ser campeão da Libertadores, valorizar muito mais o trio e conseguir lucrar muito mais dinheiro. O escudo hipócrita voltará a ser usado nesta quinta-feira pelos dirigentes. Everton Ribeiro, Ricardo Goulart e Lucas Silva quiseram ir embora. Mas e daí? O clube não poderia ter dado um aumento e segurado o trio até o final da Libertadores? Eles são jovens. O Al Ahli, o Guangzhou Evergrande e o Real Madrid não iriam perder a vontade de contratá-los por seis meses de espera. Mas agora não adianta imaginar. O Cruzeiro foi eliminado da competição que mais desejava. Marcelo Oliveira está desgastado. Talvez não siga na Toca. O Palmeiras sonha em contratá-lo. Os jogadores estão arrasados. E juntos só conseguiram mostrar bom futebol contra o São Paulo e diante do River Plate na Argentina. A incógnita domina o atual bicampeão brasileiro. Desta vez a omissão, a falta de empenho dos dirigentes do Cruzeiro têm enorme participação no fim precoce e frustrante da Libertadores de 2015. Uma pergunta fica no ar nesta triste madrugada. "Valeu a pena, Gilvan?"





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 28 May 2015 02:53:38

Nenhum comentário:

Postar um comentário