segunda-feira, 18 de maio de 2015

Guerrero no Palmeiras. A esperta estratégia de Andrés Sanchez, o dono do Corinthians. Desviar o foco de um ano do Itaquerão, estádio que está falindo o Parque São Jorge...

Guerrero no Palmeiras. A esperta estratégia de Andrés Sanchez, o dono do Corinthians. Desviar o foco de um ano do Itaquerão, estádio que está falindo o Parque São Jorge...




O deputado federal Andrés Sanchez Navarro é muito esperto. Seus inimigos mortais, como Carlos Miguel Aidar e Marco Polo del Nero, admitem. É preciso cuidado com ele. É vingativo. Aprendeu com seu amigo Lula a usar os veículos de comunicação para o que quer. Destruir adversários. Ou fazer aliados poderosos. Se a ISL e a Polícia Federal não tivessem derrubado Ricardo Teixeira, ele estaria dando as cartas no futebol brasileiro. Teria a presidência da CBF como presente do amigo íntimo. Mas houve tempo suficiente para posar de coordenador de seleções. Não ter função prática alguma. A não ser fazer churrasco para José Maria Marin e Marco Polo del Nero. Mas pôde ver de perto o vexame nas Olimpíadas de Londres, com Mano Menezes, o "seu" técnico. E ainda ganhar um estádio como prêmio. Recompensa por ter implodido o Clube dos 13. E garantido a manutenção do monopólio da Globo nas transmissões do futebol. Privilégico que vem desde a Ditadura Militar. "O Andrés Sanchez tinha um estádio prometido para detonar a mesa (o Clube dos 13). Ele ia ganhar um estádio. Estou falando aqui porque ele falou comigo e não pediu segredo. Falei com ele e perguntei: ‘Que sacanagem é essa?’. Porque ele é tudo, menos bobo. "Kalil, estou ganhando um estádio". Virei as costas e saí andando. Porque eu também se me dessem um estádio detonava a mesa." O ex-presidente do Atlético Mineiro, Alexandre Kalil, falou de forma aberta para a ESPN-Brasil. Andrés não o desmentiu. "Ele sabe que é verdade o que eu disse", completa o ex-dirigente atleticano, assumindo a inveja pela negociação que feito ex-presidente corintiano. Só que o destino não costuma ser muito carinhoso com os espertos demais. Andrés ganhou e comemorou com Lula, Ricardo Teixeira e a cúpula da Globo a conquista do Itaquerão. Mas não conseguiu enxergar a crise mundial. Acreditou que as primeiras conversas com a cúpula da Emirates Airlines seriam definitivas. A empresa havia chegado no Brasil em 2009. E queria crescer, se popularizar por aqui.

As negociações com os naming rights do Corinthians estavam encaminhadas. Andrés saboreava os R$ 400 milhões por 20 anos. Seria a maior transação já feita na história do futebol da América Latina. Mas o acaso outra vez sabotou o planos. A recessão mundial fez a empresa diminuir suas pretensões no Brasil. Em seguida, morreram três operários trabalhando na obra. E finalmente, a péssima campanha do Brasil na Copa. O lastimável cenário do futebol no país, com queda de audiência e crescente desinteresse de público. A Emirates virou as costas de vez para o insistente brasileiro. Andrés Sanchez perdeu quatro anos fantasiando, se iludindo com o naming rights enquanto o apelido Itaquerão se consolidava. Virou um obstáculo grande demais, apesar dos seus palavrões. Donos de agências importantíssimas no Brasil sabem que agora é tarde. Virou sinônimo do estádio corintiano. A Fifa o conhece oficialmente por Itaquera Stadium, o que só piora ainda mais a triste situação. A empresa que tentar batizar a arena jogará dinheiro fora. Andrés segue perseguido pela maré de falta de sorte. E falta de visão. O ex-prefeito Kassab não tinha autonomia para dar R$ 420 milhões em CDIs para a construção da arena. O Ministério Público considerou ilegal a doação. Empresa alguma aceita comprar esses papéis. Ele tentou vendê-los de volta para a Prefeitura de São Paulo. O prefeito das ciclovias, Fernando Haddad, gargalhou. Disse que não aceita de jeito algum.

Haddad é inimigo de Andrés. Sabe que Lula gostaria que o ex-presidente corintiano o sucedesse. Mas o imponderável outra vez pulou nas costas do dirigente. O ex-presidente da República tinha certeza que a popularidade do Corinthians daria ao amigo íntimo mais de um milhão de votos como deputado federal. O filiou com orgulho no PT. Mas veio a eleição e a decepção. Teve "apenas" 169.834. Mostrou que é inviável sonhar como prefeito de São Paulo. Tudo ainda iria piorar. O Supremo Tribunal Federal desconfiou de suas declarações de bens. O ministro Luiz Fux autorizou que a Procuradoria-Geral da República investigue todas as propriedades de Andrés. Assumiu para ser candidato ter um patrimônio de apenas R$ 1.725.209,67. Se for comprovado ter mais, seu mandato pode ser cassado. Todos no Corinthians sabem que Andrés manda mais do que Roberto de Andrade. Na verdade, completa dez anos de poder absoluto no clube, desde a sua primeira eleição, em 2005. Ele substituiu Alberto Dualib, de quem foi vice de futebol, mas renega qualquer ligação. Sabe muito bem que o Corinthians está mergulhado em uma absurda crise financeira por causa do Itaquerão. O acordo que fez com a Odebrecht foi péssimo. Nenhum centavo da arrecadação dos jogos fica no clube. Vai direto para o pagamento do estádio. O que é uma loucura. Andrés sonha com uma renegociação, mas a cúpula da construtora não quer nem saber. Não há de onde tirar dinheiro mais dinheiro. Por contrato, o clube é proibido de jogar como mandante em outro lugar que não seja no estádio que, segundo Kalil, ganhou para implodir o Clube dos 13.

Andrés está com os nervos à flor da pele. A eliminação precoce do Corinthians da Libertadores de 2015 foi o golpe final. Agora que não há mesmo boa possibilidade para o restante do ano. E o clube tem o seu maior ídolo com o contrato encerrando em agosto. Paolo Guerrero. O peruano tem personalidade forte e nunca foi de longos abraços, sorrisos, afagos com o dirigente. Andrés sabe muito bem que o Corinthians não possui dinheiro para comprometer R$ 40 milhões com o atacante: R$ 21 milhões de luvas e R$ 19 milhões em salários por três anos. A saída do atacante é uma questão de tempo. Mas para não assumir a falta de dinheiro, o que resolveu fazer o "esperto" dirigente? Jogar a culpa na ganância de Guerrero. "Se for com o que está pedindo, se não abaixar, a minha opinião é de que não renovem. Ele que vá para o Palmeiras, Flamengo, São Paulo, para onde quiser ir. É direito dele. Ninguém tem que ficar bravo. Se ele estivesse mal, estaria tomando pontapé. Ele está no papel dele. Não tem mercenário." Andrés fez questão de resumir a situação ontem, nas câmeras da TV Gazeta. Sabia o que estava falando. Esperto, pareceu um frade falando do atacante. Mas misturou as palavras Palmeiras, São Paulo, Flamengo e mercenário. O que fica para o corintiano que aprendeu a cultuar o tatuado artilheiro do Mundial é que ele deseja trocar de clube. E virou o assunto deste 18 de maio de 2015. Ele sabe que Guerrero morre de medo das organizadas corintianas. Foi esganado na invasão feita pelos torcedores ao Centro de Treinamento no ano passado. O ex-presidente Mario Gobbi revelou publicamente o ato absurdo. Temendo represálias, o atacante não formalizou a denúncia na polícia. Trocar o Parque São Jorge por um grande rival como o Palmeiras e continuar em São Paulo seria provocar as organizadas corintianas. O deputado sabe que o peruano tem tudo para preferir voltar à Europa ou ir para a China. Por isso o desabafo tem o poder de blefe.

Sensacional artimanha de Andrés Sanchez. Fazer a imprensa e os torcedores passarem o dia discutindo, imaginando Guerrero com a camisa do Palmeiras, do São Paulo, do Flamengo. A sua ingratidão com o Corinthians. Buscar outros artilheiros na história que saíram de um rival para autuar no outro. Assim, pouquíssimas pessoas se lembrarima que hoje é dia de aniversário. Há um ano era inaugurado o Itaquerão. Os corintianos assistiam o time perder para o Figueirense. Mas não importava. O que valia era a felicidade de ter seu estádio. Um arena "ganha" por Andrés, de acordo com Alexandre Kalil. O ex-presidente ficou um tempo administrando o estádio. Estava brigado com Mario Gobbi. Mas desistiu diante da pressão das organizadas. Elas reclamavam dos preços caríssimos dos ingressos. Suas chefias sabiam da dívida do Itaquerão. E queriam que Andrés as explicasse. Diante do desgaste, ele desistiu de ser o "administrador".
Os 34 jogos do Corinthians na arena renderam mais de R$ 69 milhões nas bilheterias. Só que os R$ 40,6 milhões líquidos deste primeiro ano ficaram com o fundo criado para pagamento do estádio. As dívidas do Corinthians com o estádio passam de R$ 1,3 bilhão. Ela sufoca, tira o oxigênio corintiano. Faz o clube atrasar salários, direitos de imagem dos jogadores, da Comissão Técnica. Implode o ambiente no time. Colaborou demais na eliminação da Libertadores. Por isso, o esperto Andrés Sanchez quis desviar o foco. Não quis bolo, nem festa hoje. O estádio é uma conquista sonhada há mais de 100 anos pelos corintianos. Mas o preço está sendo alto demais. Estupidez que a cúpula corintiana não quer ver tornada pública nesse dia que deveria ser tão especial. Muito melhor falar em Guerrero no Palmeiras... Triste o clube que é atrelado a decisão de um só homem. Este é o retrato do Sport Club Corinthians Paulista. Que se submete às vontades e desejos do deputado federal do PT, Andrés Navarro Sanchez. Infeliz aniversário, Itaquerão...



Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 18 May 2015 12:59:32

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