Foi a pior partida do Corinthians em 2015. O adversário era fraco tecnicamente. Sem torcedores nem para preencher a metade do Defensores del Chaco. Não havia nem pressão das arquibancadas de Assunção. Mas o time de Tite mostrou apatia e insegurança irritantes. Felipe e Cássio tiveram falhas infantis e o Guaraní marcou 2 a 0, que foi até pouco. Os paraguaios podem até perder por um gol de diferença na revanche, quarta-feira que vem no Itaquerão, na decisão da vaga para as quartas de final da Libertadores. "Excesso de confiança. Quis agarrar a bola e sair rápido. Acabei falhando feio", admitia Cássio. "O Guaraní marcou muito bem a nossa saída de bola. Precisamos do torcedor para nos ajudar na semana que vem para reverter esse resultado", admitia Fábio Santos. Nem parecia que o Corinthians teve 12 dias para se preparar. Desde a derrota diante do São Paulo na última partida na fase de grupo, Tite trabalhava com seus jogadores. Teve tempo suficiente não só para estudar detalhadamente o adversário. Mas também para ver Guerrero recuperado da vergonhosa epidemia de dengue neste país. Ou seja, teria tudo o que qualquer treinador desejaria.
Se esperava que o time voltaria a mostrar o futebol competitivo, de alta intensidade que impressionou tanto no início do ano. Mas o que se viu no Paraguai foi assustador. A equipe entrou lenta, previsível. Sem garra, vibração. Parecia que estava fazendo um mero coletivo e não começando sua caminhada no mata-mata da Libertadores. Tite optou pelo seu tradicional 4-5-1. Se esperava que o time tivesse a ambição de marcar a saída de bola do Guaraní. Afinal, o time rival não tem grandes valores individuais. É uma equipe que luta muita muito, corre. Mas tem mostra falhas principalmente no seu setor defensivo. Foi o time que se classificou para as oitavas que mais gol sofreu. Fernando Jubero não fez nada de extraordinário. Apenas tentou se valer do fato de seu time atuar em casa. E colocou o Guaraní postado ofensivamente. Marcando a saída de bola corintiana. Como sempre acontece na Libertadores. Mas a disposição, a vontade prevaleceu diante do maior talento do time brasileiro. Foi uma pane generalizada. Elias não conseguia fazer o jogo fluir, errava passes fáceis e marcava mal. Fagner perdia todas as divididas, deixava muito espaço nas costas. Fábio Santos também oferecia espaços pela esquerda. As coisa se complicavam do meio para a frente. Jadson vivia mais uma noite de omissão. Luciano estava completamente perdido jogando pela esquerda. Benítez se aproveitava da má vontade do corintiano em marcar. Guerrero estava sem ritmo e irritado, já que a bola não chegava. Renato Augusto era o único a ter um pouco de consciência, mas era muito pouco.
Mas quem sabotou de verdade o Corinthians foi Felipe e Cássio. O zagueiro estava nas suas piores jornadas. Inseguro, sem tempo de bola. Permitiu que o pouco técnico Santander fizesse inúmeras jogadas como pivô e ainda se antecipasse em vários lances. Tivesse um mínimo de qualidade, o paraguaio teria feito pelo menos três gols. Tite era o retrato da apatia. Seu time era dominado pelos paraguaios e ele não reagia. Era obrigação sua tirar ao menos Luciano. Ele estava atrapalhando os ataques e ainda não ajudava na marcação. Seu lance mais bizarro foi no final do primeiro tempo, quando Benítez recebeu nas suas costas e, sozinho diante do gol corintiano, tirou a bola de Cássio. Mas Gil salvou em cima da risca. A esperança que o Corinthians voltasse melhor do intervalo logo morreu. A equipe conseguiu uma façanha. Retornou pior. Dando ainda mais espaço aos paraguaios. E continua valendo o ditado. O que está ruim pode ficar pior. E ficou. Em uma falta na intermediária, Santander foi para a bola. Bateu ao lado da barreira, no meio do gol. Cássio, como explicou, não quis espalmar. Tentou encaixar. Só que falhou como um goleiro juvenil. A bola era forte demais para ser segura. Tudo o que conseguiu foi só amortecê-la. E acabou a deixando escapar. Ela bateu na trave e passou a linha de gol. Nem tocou nas redes. Guaraní 1 a 0. O gol deixou o Corinthians nervoso, tenso. E deu mais confiança aos paraguaios. Tite mandou sua equipe adiantar a marcação. E em um lance de sorte, a bola sobrou para Fábio Santos. O lateral acertou a trave em chute cruzado. Animado com o empate que quase veiro, o Corinthians quis marcar a saída de bola sob pressão. O que só deu mais espaço aos paraguaios. Expôs Felipe. Ele já estava muito mal. Ficou mais inseguro com o cartão amarelo que recebeu. E era o homem da sobra. Bastou Santander ganhar uma bola no meio de campo e lançar Contreras na frente. Ele e Felipe na disputa da bola. Com medo de tomar outro cartão amarelo, o corintiano titubeou. Não fez falta. Só faltou o paraguaio agradecer. Ele desceu com a bola como quis e tocou com muito estilo de pé esquerdo, na saída de Cássio. Guaraní 2 a 0, aos 36 minutos. Nos final da partida, o Corinthians partiu desesperado, tentando ao menos descontar a diferença. Mas sem tática, só na vontade. Nem parecia o time que encantava no início da temporada. Era um arremedo, um punhado de jogadores dentro da área adversária. Algo de muito errado está acontecendo. Foi a quarta partida seguida que o Corinthians não consegue vencer. A terceira sem marcar gols. Tite terá muito o que trabalhar até o jogo de volta, na quarta-feira. O medo maior de uma eliminação não está no Guaraní paraguaio. Mas no próprio time corintiano. Está irreconhecível. "O Corinthians tem de retomar padrão de confiança, no passe, na triangulação... Não imaginei o resultado de hoje. A equipe não retomou o padrão normal dela, isso é inconteste. O tamanho do prejuízo só saberemos após os 90 minutos em casa", disse Tite, após o jogo. Tão perdido quanto o Corinthians que colocou em campo..
Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 06 May 2015 21:38:56
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