sábado, 9 de maio de 2015

CBF desperdiça 27 meses com Gallo. O demite e dá Seleção Olímpica para Dunga. O técnico terá de conquistar inédita medalha de ouro e ainda disputar as Eliminatórias para a Copa de 2018. Planejamento?

CBF desperdiça 27 meses com Gallo. O demite e dá Seleção Olímpica para Dunga. O técnico terá de conquistar inédita medalha de ouro e ainda disputar as Eliminatórias para a Copa de 2018. Planejamento?




O sábado está amanhecendo feliz para Luiz Felipe Scolari. Ele confirmará a notícia que Alexandre Gallo foi demitido ontem à noite. Não comandará a Seleção Olímpica. Marco Polo del Nero quer a medalha de ouro de qualquer maneira em 2016. E decidiu impor sua vontade. Se cansou da insegurança e falta de firmeza de Gallo. E escolheu Dunga. O treinador terá de conciliar as Eliminatórias para a Copa de 2018 com os Jogos do Rio. O Brasil jogou fora 27 meses de preparação... O ex-presidente José Maria Marin adorava Gallo. Principalmente por sua mentalidade. A postura com os garotos, que ia além de um mero coordenador, um treinador. Parecia a de um sargento na época da Ditadura Militar. Ele era muito mais rígido do que Ney Franco. "Eu vou implantar uma nova mentalidade na base. Não tem mais brinco, não tem fone de ouvido, não tem cabelo, marra, nada. Os que têm, estão fora. Só jogadores comprometidos serão convocados. O grande lance é o que aconteceu na Copa das Confederações. Por que todo mundo gostou do Brasil? Porque houve comprometimento e cumplicidade no trabalho. Os jogadores eram quase os mesmos de antes, mas o comprometimento mudou. "Tem um menino sub-15 do Grêmio que é um craque, mas num torneio que vi ele se recusou a dar a mão para o técnico e usava um cabelo cortado com a inicial do seu nome e o número 10. E está fora da Seleção." Mas de nada adiantou ser radical. Exigir cabelo cortado e nada de tatuagens. O que interessava, principalmente para Marco Polo, eram os resultados. O pior deles aconteceu justo em fevereiro, no Sul-Americano, valendo vaga para o Mundial sub-20 no Uruguai. A Seleção fez uma péssima campanha. E só chegou ao quarto lugar. Só em 1979, o país teve um resultado tão ruim. Mas nos 27 meses de trabalho, não foram só derrotas. O treinador demitido conquistou duas vezes o Torneio de Toulon e um Torneio Internacional da China. A decepção foi fatal para Gallo. Marco Polo foi cruel. Foi tirando a sua importância na CBF. Primeiro o tirou da coordenação da base do técnico. Erasmo Damiani saiu do Palmeiras para assumir o cargo. E já foi logo demitindo o treinador da Seleção Brasileira sub-15, Cláudio Caçapa e seu auxiliar, Axel. Eles foram indicados e eram muito amigos do então técnico da Seleção Olímpica.

Para deixar claro a reviravolta, a falta de prestígio, Gallo teve de engolir a demissão do seu auxiliar técnico Maurício Copertino e o preparador físico Elliot Paes. Eles formavam a Comissão Técnica de Gallo. A manobra de Marco Polo buscava o pedido de demissão espontâneo do treinador. Mas ele não veio. Marco Polo falava claramente ao coordenador-geral das Seleções, Gilmar Rinaldi, que não desejava mais Gallo comandando a Seleção Olímpica. Na visão do presidente da CBF, o Brasil precisa do ouro para resgatar a imagem abalada com a Copa do Mundo. E não tinha mais confiança no atual técnico. Queria alguém mais vivido. Só que de plena confiança. E só havia um nome: Dunga. O treinador já trabalhou na Olimpíada. Foi na de Pequim em 2008. Com Ronaldinho Gaúcho, Robinho e Thiago Silva, a Seleção conseguiu apenas a terceira colocação, a medalha de bronze. O desempenho incomodou Dunga, que sonhava com a medalha inédita. Ele seguiu normalmente seu trabalho até a Copa de 2010 na África. Mano Menezes tentou fazer a mesma coisa em Londres. Mas o então também técnico da Seleção principal viu Ricardo Teixeira abandonando a presidência da CBF. E seu protetor, Andrés Sanchez, perder todo o poder. Mano sabia: ou conquistava o ouro em 2012 ou seria demitido. Ganhou a prata e foi mandado embora, sem dó, por Marin. Dunga sabia que o ambiente para Gallo estava péssimo. Na convocação para a Copa América, nesta semana, ele já evitou o assunto. Só que sabia que Marco Polo estava decidido. Havia se cansado da insegurança e incoerências de Alexandre Gallo. Sua convocação para o Mundial Sub-20, na Nova Zelândia, foi a gota d"água. Ele deixou de fora jogadores importantes como Nathan, ex-Atlético Paranaense; Gerson, do Fluminense; Malcon, do Corinthians; Thalles, do Vasco; e Gabigol, do Santos.

Houve muitas reclamações dos clubes que não tiveram seus garotos chamados. E Marco Polo decidiu ontem à noite demitir o treinador. Mario Rogério Reis Micalle, treinador dos juniores do Atlético Mineiro, irá comandar a equipe no Mundial que começará no final do mês e terminará em junho. Os jogadores chamados por Gallo se apresentarão segunda-feira, na Granja Comary. Mario Micalle os receberá e começar a montar o seu time ao Mundial. Dunga estará cuidando do Brasil principal na Copa América. Depois cuidará das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018. Para a América do Sul, ela deverá começar em outubro. Terá de conciliar alguns amistosos da Olímpica. Só se concentrará para valer perto dos Jogos do Rio. O futebol acontecerá em agosto. Foram 27 meses de trabalho de Gallo. 810 dias que Marco Polo desperdiçou. As escolhas do ex-treinador não serão mais levadas em consideração. De agora em diante, Micalle cuidará do Mundial. E os outros técnicos da base enviarão relatórios a Dunga. Ele terá a missão de montar a seleção com obrigação de conquistar a medalha de ouro. Encavalado com a disputa das Eliminatórias. No Brasil é assim. Improviso em cima de improviso. Principalmente com a Seleção Olímpica. Não é mesmo de estranhar porque o ouro continua inédito por aqui. Sempre faltaram planejamento, convicção, seriedade, comprometimento. Os 27 meses desperdiçados com Gallo são imperdoáveis. Foi Marco Polo que o escolheu dando a coordenação de toda base e ainda a Seleção Olímpica. E agora o despacha. A certeza da felicidade de Felipão com a demissão de Gallo se explica. O ex-comandante da Seleção disse a amigos que foi traído pelo técnico que trabalhou como observador dos adversários durante a Copa. Na Granja Comary após a derrota para a Alemanha por 7 a 1, vazou a notícia que Scolari havia desprezado a recomendação do seu olheiro. Gallo recomendou que o Brasil, sem Neymar contundido, fechasse o meio de campo. E tirasse Fred da equipe. Do meio para a frente, a Seleção teria Luiz Gustavo, Fernandinho, Paulinho, Oscar e Willian no meio-campo e somente Hulk na frente. Ou seja, Paulinho entraria na vaga de Neymar e Willian na de Fred. Só que Felipão não se animou com a sugestão e veio o 7 a 1.

Marco Polo e José Maria Marin tiveram acesso à recomendação de Gallo. Consideraram como grave o desprezo de Felipão. Implodiram a Comissão Técnica do Brasil que fracassou na Copa. Só mantiveram o observador. Ele seguiria coordenando toda as seleções de base. Felipão considerou traições o vazamento da escolha dos jogadores que colocaria diante da Alemanha e ainda aceitar continuar na CBF sem ele. Hoje os dois não têm qualquer relacionamento. Só uma pessoa estará eufórica com toda essa confusão. Seu nome, Luiz Felipe Scolari. Está vingado. O homem que o "traiu" na Seleção não realizará seu sonho. Foi iludido com 27 meses de poder. Perdeu o comando do time que disputará a medalha de ouro na Olimpíada. Acabou demitido. A obrigação no Rio de Janeiro estará nas mãos de Dunga. Assim como a Seleção Principal nas complicadas Eliminatórias Sul-Americanas. Que planejamento é esse?





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 09 May 2015 02:54:00

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