quinta-feira, 28 de maio de 2015

Romário conseguiu. O Senado fará uma CPI e tornará públicos os suspeitos contratos da milionária CBF. Mas ele quer mais: Marco Polo del Nero preso. "É ladrão como o Marin e o Ricardo Teixeira"...

Romário conseguiu. O Senado fará uma CPI e tornará públicos os suspeitos contratos da milionária CBF. Mas ele quer mais: Marco Polo del Nero preso. "É ladrão como o Marin e o Ricardo Teixeira"...




O maior inimigo assumido de Marco Polo del Nero se chama Romário. Mais do que Andrés Sanchez, o senador considera o dirigente "um ladrão que deveria pegar mais de cem anos de cadeia". E ele está mais sedento que o FBI e a Interpol por não só destituir Marco Polo da presidência da CBF. Mas levá-lo atrás das grades. Com o maior escândalo da história do futebol mundial, com a prisão na Suíça de altos dirigentes da Fifa, inclusive, José Maria Marin, Romário quer fazer uma devassa no futebol brasileiro. Na CBF. Já protocolou ontem o pedido de uma Comissão Parlamentar de Inquérito da CBF. "A CPI será de verdade. Vamos fazer uma devassa em todas as contas. Mostrar como Marin, Marco Polo e CBF enriqueceram às custas dos clubes falidos. Um dia essa gente iria pagar. Esse dia chegou", comemorava Romário enquanto protocolava o pedido da CPI. Ele precisava de 27 assinaturas. Teve 52. Se aprovada, o que deverá acontecer, a CPI já provocou um efeito devastador nos patrocinadores. Nike, Vivo, Guaraná Antárctica, Sadia, Chevrolet, Mastercard, Samsung, Gillette, Gol, Englishtown, Seguros Unimed, Michelin. Mais os parceiros Parmigiani, Tênis Pé Baruel, Technogim. Os contratos com essas empresas serão detalhadamente examinados. Sigilos fiscais quebrados. Tudo exposto. Mais o contrato de transmissão do Brasileiro com a TV Globo. O monopólio da emissora carioca poderá ser finalmente explicado, como nunca foi, desde que começou, na Ditadura Militar. O Jornal Nacional fez ontem um editorial tentando preservar a imagem do canal diante de tantas denúncias. Mas os executivos sabem que o efeito colateral das propinas que levaram Marin à cadeia poderá respingar no controle do futebol no país. Além disso, Romário sempre foi contra uma empresa controlar os amistosos da Seleção Brasileira. Impondo por contrato que os melhores jogadores estivessem nesses jogos. Independente da vontade do treinador em testar novas peças. Quer saber os motivos, a que preço Ricardo Teixeira vendeu esse direito até 2021 com a ISE, empresa com sede nas Ilhas Cayman, um dos maiores paraísos fiscais do mundo. Principalmente porque a CBF fica apenas com um milhão de dólares, cerca de R$ 3,1 milhões, por partida enquanto a empresa pode lucrar duas, três, cinco vezes mais? Essa relação começou em 2006.

Tudo sempre foi muito nebuloso. Entre 2006 e 2012, a ISE repassou os jogos para outra empresa, suíça Kentaro. A partir de 2012, a inglesa Pitch Internacional assumiu os jogos. Nada foi às claras. A CBF sempre se defendeu alegando ser uma empresa privada. E que não admitia interferência de ninguém, principalmente do governo. A desculpa era que a Fifa desfiliaria a entidade que aceitasse intervenção. Assim, a CBF sempre se portou como intocável. Ricardo Teixeira chegou a ironizar as denúncias. "Se não sai na Globo, não me preocupo", dizia, sorridente. Ele sabia que a emissora era parceira íntima da CBF. Marin também não se importava com os vários ataques à sua administração. "Eu gosto de críticas, detesto bajuladores", provocou Marco Polo, ao assumir a presidência da CBF em abril. Sendo assim, chegou a hora do presidente se refastelar. Na CPI da CBF, críticas não deverão faltar. A começar pela sede milionária da entidade. O prédio de alegados R$ 70 milhões construído na Barra da Tijuca, no Rio. A avaliação imobiliária era muito abaixo do que foi divulgado pela entidade. Cerca de R$ 39 milhões. A discrepância nunca foi explicada. Assim como os estranhos balanços da CBF. Como o de 2014. O faturamento da entidade com a Copa subiu de R$ 436,4 milhões em 2013 para R$ 519,1 milhões. Crescimento de 19%, ou praticamente três vezes o índice de inflação do Brasil no ano passado. Mas muito pouco para um país que promoveu o Mundial mais caro de todos os tempos. Incômodo pensar que a Fifa faturou R$ 4 bilhões sem impostos. Só que as despesas aumentaram incríveis 40%. Justo no ano que a CBF deveria ter o maior faturamento de sua história, os lucros caíram 10% em relação a 2013. "Apenas" R$ 51 milhões. Os pagamento de salários subiram de R$ 50,2 milhões para R$ 65,3 milhões. Os gastos administrativos foram de R$ 96,7 milhões para R$ 134,6 milhões. Um item é por demais interessante: "serviços de terceiros", que foram de R$ 42 milhões para R$ 80,6 milhões. Há outro, as "despesas operacionais" da CBF aumentaram quase 40%, chegando a R$ 367 milhões.

"A CBF faz uma festa com o dinheiro do futebol. Marin e Marco Polo são ladrões. Uma pena que foi a polícia americana e não a nossa que prendeu o Marin. Mas o Marco Polo esta aí", diz, raivoso, Romário. Desde que estourou o escândalo na Fifa, Marco Polo tenta desvincular sua imagem de Marin. Ele mandou tirar o nome do presidiário da sede da CBF. Mandou que fosse divulgada uma nota oficial avisando a imprensa que sua administração começou em abril. E de lá para cá não há denúncia alguma. A princípio, Marco Polo faria a CBF contratar advogados internacionais para ajudar o ex-governador biônico de São Paulo a sair da cadeia na Suíça. E lutar contra a extradição para os Estados Unidos. Mas os planos parecem ter mudados. Não há qualquer movimentação neste sentido. Marin terá de se virar sozinho. Marco Polo sofreu um grande golpe nas últimas horas. Tão potente quanto a CPI que Romário promete levar adiante em relação à CBF. Investigações do governo dos Estados Unidos indicam que ele teria dividido, junto com Ricardo Teixeira, as propinas que Marin recebeu. O esquema analisado pela justiça norte-americana se refere a uma reunião de abril de 2014, em Miami, quando ficou definido que cada dirigente receberia R$ 2 milhões por ano pelos contratos. O acordo para tirar dinheiro extra dos contratos existia desde 1990, segundo as investigações.

Marco Polo se cala sobre as acusações. E tratou de destituir José Maria Marin do cargo de vice presidente da CBF. Tenta agir como se nunca tivesse qualquer vínculo com o presidiário. O presidente teve a péssima notícia que a Bancada da Bola, políticos que trabalham a favor da entidade em Brasília, não tem forças para evitar a devassa na CBF. Um dos seus maiores representantes, o ex-presidente do Cruzeiro, Zezé Perrella, foi um dos primeiros a assinar o pedido de CPI feito por Romário. No ano passado, Zezé tratou de ajudar a bloquear uma CPI exatamente igual. "As circunstâncias são outras", se defendeu o político. Ou seja, até os aliados mais íntimos do presidente da CBF sabem. Tudo ruiu. As prisões e investigações do FBI e da Interpol são desmoralizantes demais. Como mostrar que a empresa uruguaia Datisa foi criada como fachada para a distribuição de propinas. Porque quatro dias depois que ela veio ao mundo já tinha o direito da Copa América. E passou a dar dinheiro, segundo a justiça norte-americana, a dirigentes brasileiros. Marin, Ricardo Teixeira e Marco Polo. "É tudo da mesma laia. Teixeira, Marin, Marco Polo. São ladrões. E lugar de ladrão é na cadeia. Vamos provar isso na CPI", prometia ontem, o senador Romário...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 28 May 2015 12:28:37

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