segunda-feira, 11 de maio de 2015

Depois de décadas, o Palmeiras está forte nos bastidores. Com o apoio de Marco Polo, seu conselheiro vitalício e presidente da CBF, peitou censura da Globo ao Allianz Parque. E ainda conseguiu adiar o julgamento de Dudu...

Depois de décadas, o Palmeiras está forte nos bastidores. Com o apoio de Marco Polo, seu conselheiro vitalício e presidente da CBF, peitou censura da Globo ao Allianz Parque. E ainda conseguiu adiar o julgamento de Dudu...




Durante os anos absolutistas de Ricardo Teixeira no comando da CBF, os dirigentes de Flamengo e Corinthians não tiveram motivos para reclamações. Quando José Maria Marin, o "Breve", esteve à frente da entidade, os dirigentes do São Paulo voltaram a sorrir. Agora, com Marco Polo del Nero, os problemas do Palmeiras são resolvidos em um instante. É sempre assim, os presidentes da CBF costumam ter ligações com clubes específicos. Desta vez, o privilegiado é o Palmeiras. Marco Polo del Nero é conselheiro vitalício do clube. E tem excelente relacionamento com o presidente Paulo Nobre. A ligação não significa manipulação de resultados, proteção na escolha dos árbitros. Mas qualquer reivindicação fica muito mais rápida. Desde que o pedido se justifique, não há demora. É uma vantagem significativa em relação aos demais clubes. Depois de décadas, o Palmeiras volta a ser forte nos bastidores. Essa ligação entre Marco Polo e o clube no qual é torcedor apaixonado, e conselheiro vitalício, teve de ser colocada à prova no sábado. Foi cometida uma violenta censura em relação ao novo estádio. A partida estava sendo transmitida pelo Sportv, canal a cabo da TV Globo. A seguradora Allianz e a empresa de shows AEG fecharam contrato de R$ 300 milhões por vinte anos com a WTorre. E o estádio foi batizado de Allianz Parque. Em plena recessão que o país está mergulhado, a CBF tem 13 patrocinadores: Nike, Itaú, Vivo, Guaraná Antárctica, Sadia, Chevrolet, Samsung, Gillette, Gol, English Town, Seguros Unimed, Michelin. Ainda três parceiros: Parmigiani, Tenys-Pé Baruel e Technogym. A Globo tem seis patrocinadores no futebol em 2015 : Itaú, Johnson & Johnson, Magazine Luiza, Vivo, Volkswagen e Ambev. As ligações do estádio palmeirense vão além da Allianz. Há o "premium partner", o Banco do Brasil. E os parceiros da arena: Siemens, UBL, Cisco, Deca, Diletto, Ourocard e ENM. Tudo gera dinheiro. Para a CBF, Globo e WTorre. Não há sequer um patrocinador em comum.

A CBF e a Globo nunca criaram normas para acompanhar as novas arenas que foram batizadas por empresas. A cúpula da emissora carioca chegou a conversar com o parceiro Andrés Sanches, ex-presidente do Corinthians, em 2011. Ele estava certo que conseguiria a Emirate Airlines para bancar por R$ 400 milhões em 20 anos, o nome do Itaquerão. Para o acordo ser firmado, ele queria a garantia da Globo que a emissora divulgaria o nome Emirates ao citar a arena em Itaquera. Houve o pedido comercial de 10% do acordo. O dirigente havia aceito. Só que o acordo com a Emirates fracassou. Nestes quatro anos, Andrés tentou diversas novas parcerias. Não conseguiu. O que o dirigente não queria aconteceu. Itaquerão se transformou no apelido popular do estádio. São quatro anos de repetição na mídia do aumentativo que Andrés tanto odeia. Publicitários garantem que não há mais volta. E dão como exemplo a Fonte Nova. A Itaipava comprou os naming righs. Mas todos os veículos de comunicação e os torcedores citam a arena como Fonte Nova. Há sério questionamento se valeu a pena a cervejaria gastar R$ 100 milhões por dez anos para batizar o tradicional estadio. O acordo entre a Allianz e a WTorre foi fechado antes do estádio palmeirense estar concluído. Mesmo assim ainda há muita gente que se refere ao estádio como Parque Antárctica ou Palestra Itália. Houve uma campanha massificante em relação ao batismo da nova arena.

O acordo não envolveu financeiramente a Globo, dona do monopólio do futebol no Brasil, ou a interesseira CBF. A emissora carioca usa o mesmo critério em relação ao vôlei. Embora os nomes dos clubes sejam de empresas, ela se recusa a pronunciá-los. Evita o que chama de propaganda gratuita. E eles viram nomes de cidades. O que espanta patrocinadores. E impede o crescimento do esporte no país. Em relação à escuderia e ao time de futebol Red Bull, a emissora não teve constrangimento. Escolheu se referir a eles pelas iniciais: RBS. E chegou ao cúmulo de mudar o distintivo, onde o nome Red Bull estava estampado. Mas havia uma grande reclamação em relação aos estádios que conseguiram o naming rights. Os letreiros estampando os nomes das arenas. E que foram colocados de maneira estratégica para aparecerem nas câmeras de transmissão. Seria propaganda estática. E quem tem direito a ela são os patrocinadores da emissora. Os diretores de imagem garantiram aos executivos que não havia maneira de não mostrar esses letreiros durante os jogos. Principalmente no estádio do Palmeiras. A reclamação da Globo chegou a Marco Polo. Ele marcou uma reunião na próxima semana para resolver a situação. A emissora carioca quer dinheiro. Ou que os letreiros sejam tapados. Simples assim. Tudo ainda estava sendo conversado, quando houve a estréia do Brasileiro de 2015. Palmeiras e Atlético Mineiro jogaram no sábado. Os funcionários da Globo envolvidos na transmissão avisaram dos letreiros. A emissora entrou em contato com empregados palmeirenses. Disseram que o nome Allianz deveria ser tapado. Havia até a possibilidade de o jogo não ser mostrado pelo Sportv.

Representantes da CBF ficaram sabendo. E decidiram pressionar o Palmeiras. Avisaram que se o logotipo não fosse tapado, o Palmeiras perderia mandos de futuros jogos. O que desesperou os desorientados empregados da WTorre. Apavorados, colocaram esdrúxulos panos brancos sobre o logotipo da seguradora. A revolta da torcida palmeirense nas redes sociais chegou até o presidente Paulo Nobre. Ele entrou em contato com Marco Polo del Nero. Não aceitaria tamanha violência. Conselheiros do clube garantem que o próprio presidente da CBF entrou em ação. E mandou que os panos fossem retirados. Marco Polo deve antecipar a reunião para decidir como ficará a situação. Foi uma vitória do Palmeiras diante de um ato violento e desnecessário. A diretoria palmeirense já é revoltada com a emissora. Sabe que a prioridade da Globo é mostrar os jogos do Corinthians e São Paulo. O clube, ao lado do Santos, são considerados "derrubadores de Ibope". A fama se fez durante as duas últimas décadas. Não nos últimos anos, quando a audiência foi achatada e a diferença é mínima. Mas na divisão das cotas de transmissão está clara a preferência por corintianos e são paulinos. Se prevalecer o veto das câmeras da Globo mostrar os logotipos das novas arenas, será a pá de cal nos naming rights no país. A mostra dos logotipos é comuns nos estádios do mundo todo. Até a Globo se submete aos estádios europeus. Só que aqui ela não aceita. A postura: ou recebe dinheiro ou exigirá que sejam tapados. A CBF tentará conciliar, normatizar, decidir o que fazer, como ajudar os clubes.

O Palmeiras também ganhou outra importante batalha nos bastidores. Adiou o julgamento de Dudu. Ele agrediu e xingou Guilherme Ceretta de Lima na partida final do Paulista, contra o Santos. O julgamento deveria acontecer hoje no Tribunal de Justiça Desportiva da FPF. O atacante corre o risco de ficar seis meses sem poder atuar. Com o adiamento aceito, o novo julgamento não foi nem marcado. A estratégia do departamento jurídico palmeirense é ganhar tempo e amenizar a pressão popular por uma punição pesada. Quer repetir o que o Corinthians fez com Petros. No primeiro julgamento, com a pressão da mídia por justiça, o corintiano pegou seis meses de suspensão por agressão ao árbitro Raphael Klaus. Até o ex-técnico Mano Menezes considerou justa a punição. Só que o clube recorreu e, quando o caso não estava mais nas manchetes, Petros teve diminuída sua suspensão para três partidas. O Palmeiras tem tudo para ir além. Poderá ir utilizando o jogador no Brasileiro até que ocorra o novo julgamento. Quando, finalmente, acontecer, a pressão da mídia será mínima. E talvez ele pegue os três jogos logo de uma vez. O adiamento que o clube conseguiu foi uma vitória expressiva, que não conseguiam há anos. Não há a menor dúvida. O Palmeiras passou a ter muito mais força nos bastidores do futebol com a ascensão de Marco Polo del Nero à presidência da CBF. Até a poderosa Globo sentiu isso na pele, com os patéticos panos brancos tapando o logotipo da Allianz...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 11 May 2015 11:54:27

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