terça-feira, 19 de maio de 2015

Palmeiras não se preocupa. Dudu não cumprirá os seis meses de punição por agredir árbitro. Deve até jogar no domingo contra o Goiás. A justiça esportiva no Brasil não passa de um pobre teatro mambembe...

Palmeiras não se preocupa. Dudu não cumprirá os seis meses de punição por agredir árbitro. Deve até jogar no domingo contra o Goiás. A justiça esportiva no Brasil não passa de um pobre teatro mambembe...




Ao contrário do que poderia parecer, ninguém está desesperado no Palmeiras. Dudu não vai cumprir seis meses de suspensão. Paulo Nobre já foi tranquilizado pelo departamento jurídico. Assim como Oswaldo de Oliveira sabe que talvez já possa até escalar o atacante no domingo, contra o Goiás. O único a levar a sério o teatral julgamento no Tribunal de Justiça Desportiva de São Paulo foi o desavisado atleta. Poderia ter economizado suas lágrimas. Mas seu rosto logo secou. O advogado palmeirense, André Sica, o tranquilizou na saída do tribunal. Ele seguirá o mesmo caminho por seu ídolo e colega corintiano João Zanforlin. Adotará os mesmos passos que livraram Petros da também assustadora suspensão de 180 dias por agressão a um árbitro. E transformaram em três jogos de suspensão. A legislação esportiva brasileira é vergonhosa. Permite recursos e mais recursos. O primeiro deles é o efeito suspensivo. Um recurso que impede que a punição seja cumprida enquanto não aconteça o outro julgamento exigido pelo clube. É exatamente isso que o Palmeiras deverá fazer ainda hoje. E liberar Dudu para jogar domingo e até que outro julgamento, no Pleno do Tribunal de Justiça Desportiva da Federação Paulista. Se a condenação for mantida, não há razão para medo. A justiça permite ainda outro julgamento. No benevolente Pleno do STJD da CBF. O Palmeiras segue a mesma linha de raciocínio que transformou severos seis meses de afastamento de Petro em ridículos três jogos de suspensão. A chave é transforma a agressão ao ato hostil, com pena muito mais branda no Código Brasileiro de Justiça Desportiva. E desmoralizar a principal prova, além das imagens. A súmula do árbitro Guilherme Ceretta de Lima, que apitou a final do Campeonato Paulista, entre Santos e Palmeiras. Aqui a reprodução, como o juiz escreveu. Em letras maiúsculas. APÓS TER SOFRIDO UM TRANCO DO SEU ADVERSÁRIO, SR. GEUVANIO SANTOS SILVA, N. 11, ATINGIU COM O ANTE BRAÇO AS COSTAS DO MESMO, QUANDO A PARTIDA SE ENCONTRAVA PARALISADA, SENDO EXPULSO DE IMEDIATO. ATO CONTÍNUO PARTIU EM MINHA DIREÇÃO, E DESFERIU UM GOLPE DE FORMA INTENCIONAL COM SEU ANTE BRAÇO ATINGINDO AS MINHAS COSTAS, PROFERINDO AS SEGUINTES PALAVRAS: – "" VOCÊ É UM SAFADO, SEM VERGONHA, VEIO AQUI ROUBAR A GENTE, SEU FILHO DA PUTA, MAU CARÁTER, LADRÃO"", TENDO QUE SER CONTIDO PELOS SEUS COMPANHEIROS.(VERMELHO DIRETO)."

O "golpe intencional" citado na súmula não deveria deixar dúvida alguma. Mas na juridição brasileira deixa. Ainda mais quando o jogador é de time grande, importante. Custou R$ 19 milhões. Se chama Dudu. As desculpas dada ontem pelo atleta foram patéticas. Primeiro ele disse que não se lembrava de ter xingado o árbitro. E depois, a agressão pelas costas, foi apenas uma maneira de protestar diante da injustiça do cartão vermelho que sofreu por trocar empurrões e tapas com Geuvânio do Santos. O Palmeiras havia adiado o julgamento de Dudu para "serenar os ânimos" do TJD. Deixar a "poeira baixar", como repetem os veteranos advogados que frequentam a Federação Paulista de Futebol. Mas mesmo assim, a pressão foi grande, de acordo com a importância do acusado e do clube. Na visão crua de quem trabalha no direito esportivo do Brasil, a situação é simples de resumir. Quando o TJD costuma ser rígido e sacia a opinião pública sedenta de justiça. Costuma ter auditores mais jovens. O Pleno da FPF, com auditores mais experientes, vividos, costuma ser mais compreensivo. E o Pleno do STJD da CBF, mais carinhoso ainda com atletas e equipes representativos. Está claro que a justiça esportiva brasileira infelizmente é política. Impossível negar que repete o mesmo caminho fora dos campos esportivos neste país. Quem pode pagar advogados caros, dificilmente é preso, tantos são os recursos e mais recursos. Dudu não pode ser crucificado. Assim como Petros, Guerrero, Fred, Jobson, jogadores de clubes grandes que foram favorecidos. O problema crônico é do país.

O reflexo na sociedade é evidente. O da impunidade. Quando um jogador xinga e agride um árbitro e não sofre uma suspensão firme, o exemplo que passa é o da permissividade. Tudo é permitido. O juiz em campo representa a legislação. Quando é xingado, humilhado e recebe um empurrão pelas costas por ter dado um cartão vermelho e nada acontece ao atleta, a sociedade é contaminada. Como aconteceu no Planalto Central. Bruno Henrique, atacante do Goiás, jogava contra o Serrinha. Foi lançado na área. A bola foi longa. Ele a ajeitou com o braço e fez o gol. O árbitro André Luiz Castro não percebeu. O jogador comemorou, vibrou, mesmo sabendo o quanto o lance foi desonesto. Depois ainda teve a coragem de dar a seguinte declaração. "A bola pegou na minha coxa." O Goiás ganhou três pontos. O atleta foi indiciado pelo TJD goiano. No artigo 234-A do CBJD, por "atuar de forma contrária à ética desportiva, com o fim de influenciar o resultado de partida, prova ou equivalente". Os julgadores foram firmes. O condenaram a 12 partidas. Seria um marco da justiça desportiva no Brasil. Mas o departamento jurídico do Goiás não se preocupou. Sabia muito bem como funcionam os tribunais.

"Estamos com o recurso pronto e vamos protocolar na Federação. Nossa primeira alegação é que não há a prova no processo. Não basta ter apenas o vídeo no lance, é necessário ter a prova no processo e isso não há. Nosso segundo ponto de defesa é para desqualificar o atleta no Artigo 243-A para o Artigo 250 (praticar ato desleal ou inconveniente durante a partida, prova ou equivalente). Nesse caso a pena seria de uma a três partidas", declarou ou advogado do Goiás, João Vicente. Ou seja, mesmo com o vídeo deixando clara a irregularidade, o "doutor" sabia que o esperto jogador estaria livre para jogar as finais do Campeonato Goiano. E as 12 partidas não passavam de mera bravata. Dito e feito. As 12 partidas se transformaram em duas. E Bruno Henrique estava lépido e solto na decisão. Titular nos dois jogos finais que deram o título goiano ao seu time contra o Aparecidense. Impossível maior desmoralização maior para a justiça esportiva. Por esse caso e muitos outros, Oswaldo de Oliveira, Paulo Nobre e o próprio Dudu estão tranquilos. O Palmeiras terá seu reforço de R$ 19 milhões contra o Goiás. Novos julgamentos amenizarão esses seis meses de suspensão. Deverão se transformar em poucas partidas de punição. Como aconteceu com Petros. E outros árbitros agredidos, a legislação ferida? Desmoralizados, como sempre. A Justiça Desportiva neste país não passa de um pobre teatro mambembe. Aqui a lei de Gerson prevalece. Economize suas lágrimas, Dudu...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 19 May 2015 10:17:19

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